O grupo, que completou 15 anos, surgiu da união de diversas aposentadas, que decidiram usar o tempo livre em prol do próximo. Do início do ano até agora, o projeto já alcançou a marca de mil ponchos, além das outras produções que também são doadas
Criado em 2009, o grupo é composto por mulheres que durante toda a sua vida trabalharam, mas ao se aposentarem, sentiram a necessidade de seguir exercendo alguma atividade. Ao conhecer um grupo em Porto Alegre queproduzia enxovais de bebês para a doação, Dolores Fornari resolveu chamar as amigas que também estavam aposentadas, e uma foi convidando a outra. Assim, surgiu o grupo Mãos às Obras, onde elas podiam não só ajudar o próximo, principalmente crianças com a produção de ponchos, blusões e casacos, mas também pessoas mais velhas com a produção de pijamas.
Além disso, também criar um elo de amizade forte com as participantes. Hoje, entre colaboradoras de Bento, cidades próximas, que frequentam pessoalmente ou só de casa, o grupo já alcançou a marca de 45 membros, sendo elas: Ivone Tomasi, Sandra Ceriotti, Clarice Sberse, Maria da Graça Lorenzini, Beatriz Tochetto, Gema Tomasi, Maura Pizzatto, Bernardete Lazzari, Laura Pizzatto, Naira Valenti, Marta Manfroi, Maria de Lourdes Dalla Laste, Mônica Frâncio, Dolores Fornari, Sandra Valenti, Cenira Fornari, Clacilde Zanesco, Helena Cainelli, Helena Slowiski, Laci Frâncio, Suzana Gasperi, Maria Lúcia Michelon, Margarete de Bacco, Luciane Carraro, Lilian Carraro, Teresinha Bersilli, Bernadete Pompermayer, Élia Varnier, Josete Pierozan, Velci Piva, Lucila Basso, Rosana Kruger Lavandoski, Claudete Guarnieri, Marilene Santi, Aline Souto, Marines da Rosa, Jana de Cesaro, Nair Volpato, Kellen Ferrari, Monica Elias de Lara, Cenira Mazzotti, Thay Zortea, Vania Salvador, Terezinha Ceccato, Silvana Braido, Magda Cobalchini e Rejane Sperotto.
O grupo está há 15 anos confeccionando roupas para crianças em vulnerabilidade social
Como iniciou
Dolores, que foi a idealizadora, relembra como iniciou o o projeto. “A caixa Federal tem um grupo de solidariedade que faz em Porto Alegre, e nós éramos a maioria aposentadas da caixa. Nós queríamos ser úteis para outras pessoas. Nós visitamos o grupo e pensamos que gostaríamos de fazer algo parecido em Bento. E aí começamos a fazer casaquinhos e blusõezinhos. Conversando um dia com uma professora, ela nos disse que seria importante se fizéssemos agasalho para as crianças chegarem nas creches”, explica.
Por não possuir um tamanho padrão nas roupas, gerando certa preocupação nas participantes, surgiu a ideia para atender a todos. “Pensamos em como fazer isso se as idades são tão variadas, e assim decidimos fazer os ponchos, em tamanho pequeno, médio e grande. As creches municipais recebem todas. Entramos em contato com as diretoras e elas nos passam a relação de crianças que precisam”, diz.
Além dos ponchos, outros itens são confeccionados por elas, sempre no intuito de doar as peças. “Fazemos os casaquinhos de crianças com meias, pijamas, e esses são doados para o albergue, casa de passagem, o abrigo, o Centro Materno Infantil (ligado a Prefeitura Municipal), o Centro Espírita Lar da Caridade e Hospital Tacchini que doa para mães que ganham bebês e não têm recursos. Os ponchos, sim, são só para as escolas. Mas, as outras peças que confeccionamos, doamos para essas entidades”, ressalta.
Além dos trabalhos feitos com as linhas e os novelos, muitas das peças são fabricadas a partir de retalhos que o grupo recebe como doação. “Este ano, costuramos bastante por causa da enchente, porém faltam costureiras para trabalharem conosco. Nós não temos a máquina, e os retalhos já temos quem corte, mas às vezes não temos quem costure. Conseguimos cinco que caíram do céu, mas precisamos de mais, porque é um serviço voluntário”, realça.
Maria da Graça Lorenzini é uma das colaboradoras do grupo e relata como funcionam as reuniões. “Algumas vêm nos encontros de quarta, outras são de cidades próximas e não conseguem, outras ficam só em casa. Mas todas trabalham com muito amor e carinho para entregar as roupas àqueles que mais precisam”, e complementa que “em casa todas trabalham, nos reunimos nas quartas-feiras só para ver o que precisa, trabalhar em conjunto e organizar. Todas nós trabalhamos a vida inteira, então é difícil ficar parado, e transformamos essa dificuldade em uma ajuda ao próximo”, constata.
A colaboradora conclui o sentimento que gera ao estar no grupo confeccionando as peças. “Fazer este trabalho é gratificante, porque além de estarmos ajudando e saber que as pessoas precisam nos faz trabalhar mais. Ainda nos encontramos, nos divertimos, conversamos, se faz um lanche, enfim, se socializa. Então também é uma turma de amizade, que se ligou através da vontade de ajudar”, finaliza.
Como ajudar
Todas que fazem parte do grupo pagam uma mensalidade de R$50 que é revertida na compra de materiais para a fabricação. Entretanto, como o número de crianças que precisam cresce, o financeiro tem sido a parte mais difícil para manter o projeto. “Um novelo de lã de adulto custa R$14 e de criança R$20. Mas um só não faz a peça. Precisamos, em média, de três a quatro para uma criança grande. Em 2024, até agora, são cerca de mil ponchos. Casaquinhos ultrapassamos os 300, então há um gasto e muita gente que precisa”, alerta Maria das Graças.
Ela explica que as pessoas que gostam do projeto podem ajudar de alguma forma, sendo todas elas bem-vindas. “Quem quiser doar pode fazer através do pix (54999010012) ou doação de lã. Mão de obra também é válida, como costureiras ou quem faz crochê. Porque é importante que tenhamos matéria-prima, mas também pessoas que possam ajudar a confeccionar as peças”, diz.
Só em 2024, já foram produzidos mais de mil ponchos