Encontro é considerado de suma importância para a criação de políticas públicas voltadas à agricultura familiar
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares de Bento Gonçalves, Monte Belo do Sul, Santa Tereza e Pinto Bandeira, Cedenir Postal, participou do 24º Grito da Terra Brasil, realizado em Brasília, nos dias 20 e 21 de maio.
O encontro, promovido pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e por outras entidades ligadas à pauta da agricultura familiar, reuniu cerca de 10 mil agricultores de todo o país para debaterem sobre o tema “Agricultura Familiar é alimento saudável e conservação ambiental”.
Conforme Postal, o Grito da Terra é de grande importância para a criação de políticas públicas voltadas ao tema. “Temos muitas conquistas, apesar de algumas vezes não conseguirmos o que buscamos, porém, são construções que fazemos ao longo da história do movimento sindical. Um exemplo concreto e que fez muita diferença no meio rural foi a criação do Pronaf. O crédito nasceu do Grito da Terra no início dos anos 90. De lá para cá, ele foi se ajustando e hoje é uma das mais importantes linhas de crédito direcionadas ao produtor rural. O Programa de Alimentação Escolar, que iniciou em 2009, também surgiu dentro das discussões do encontro. Através deste Programa, as administrações são obrigadas a adquirir 30% do que é consumido nas escolas diretamente dos agricultores. Bento é um exemplo disso desde aquela época. Hoje temos uma associação que conta com mais de 40 agricultores participantes”, exemplifica.
De acordo com o Presidente, na edição deste ano, alguns pontos principais foram levados ao Governo Federal e há grande expectativa para que as demandas sejam atendidas. “Juros mais baixos para o próximo Plano Safra, que inicia em julho, mais recursos para o Seguro Agrícola, para o Proagro, incentivo para a agricultura agroecológica, programas voltados às mulheres do campo, Programa de Regularização Fundiária e de Habitação Rural, crédito fundiário para compra de terras, além de auxílio para os agricultores atingidos pela catástrofe climática que atingiu o nosso Estado são alguns dos pedidos que fizemos. Precisamos de muita ajuda. Esperamos o entendimento do Governo para que nossos agricultores se recomporem, para reconstruirmos as estradas e os acessos às propriedades, apesar de que aqui está sendo feito um trabalho belíssimo pela Administração Municipal juntamente com o CIC e outras entidades que estão organizando a reconstrução”, destaca.
Cedenir salienta que, daqui para frente, embora existam dificuldades, é preciso recomeçar. “Temos que erguer a cabeça, reconstruir tudo o que a natureza levou. Os agricultores são fortes, são aguerridos. Desde que chegaram os imigrantes, nunca foi fácil. Não vai ser diferente desta vez. Vamos superar com muito trabalho, com força, com união. Não é hora de desanimar. Muitas vezes dá vontade de largar tudo, mas com a determinação de todos e a ajuda mútua, vamos conseguir nos reerguer. Sabemos de todas as dificuldades, mas iremos vencer. Temos ainda algumas questões que precisam ser resolvidas com urgência, como o acesso a todos os locais, nem que seja com tratores, para que ninguém esteja isolado, como também o retorno da energia elétrica, essencial para conservação de alimentos. Logo tudo vai voltar à normalidade”, pontua.
A agricultura familiar brasileira responde por 3,9 milhões de estabelecimentos rurais, ocupando 23% das áreas agricultáveis. Mesmo assim, segundo os dados do IBGE, é a 8ª maior produtora de alimentos do mundo, responsável por 23% do valor bruto da produção agropecuária e por 67% das ocupações no campo.
Foto: Fábio Pozzobon / Agência Brasil