Através de campanhas e programas dedicados, a Liga de Combate ao Câncer reforça seu compromisso em orientar e motivar indivíduos a abandonarem o vício do tabaco e adotarem um estilo de vida saudável
Na sexta-feira, 31 de maio, é comemorado o Dia Mundial Sem Tabaco, onde instituições buscam aumentar a conscientização sobre os riscos do tabagismo e incentivar os fumantes a buscar ajuda para parar. As campanhas de cessação do tabagismo são cruciais para reduzir a prevalência do vício e melhorar a saúde pública global.
Segundo dados levantados pela OMS (Organização Mundial de Saúde), no último ano apontam para um fato animador: o consumo de tabaco no Brasil diminuiu aproximadamente 35% desde 2010. Ainda de acordo com a entidade, houve um declínio nas taxas globais a partir de 2022. O fato, porém, também mascara uma triste realidade: o tabagismo ainda mata 443 pessoas por dia no Brasil, já que de acordo com o INCA (Instituto Nacional do Câncer), o uso do cigarro é responsável por 90% das mortes por câncer de pulmão.
Atualmente, o uso da substância é responsável pela morte de um em cada 10 adultos. A OMS destaca que o tabaco é “o único produto de consumo legal que mata até metade de seus usuários quando usado exatamente de acordo com as instruções do fabricante”. As empresas de tabaco gastam mais de US$ 8 bilhões por ano em marketing e publicidade, entretanto no Brasil a publicidade de tal produto é proibída.
Através de uma pesquisa, que analisou dados de 1,5 milhão de adultos em quatro países (EUA, Reino Unido, Canadá e Noruega) ao longo de 15 anos, os fumantes com idades entre 40 e 79 anos apresentam um risco quase três vezes maior de morte em comparação com aqueles que nunca fumaram, resultando em uma perda média de 12 a 13 anos de vida. No entanto, os ex-fumantes que deixaram o cigarro reduziram esse risco para 1,3 vezes o risco daqueles que nunca fumaram. Parar de fumar em qualquer idade está associado a uma maior longevidade, com ganhos de até seis anos de vida mesmo para aqueles que deixaram o cigarro há menos de três anos.
Em 2024, a OPAS (Organização Pan-Americanda de Sáude) divulgou que o tema da campanha é proteger as crianças da interferência da indústria do tabaco. Segundo a instituição O Dia Mundial sem Tabaco de 2024, oferecerá uma plataforma para que os jovens de todo o mundo exijam que a indústria do tabaco pare de atingi-los com produtos prejudiciais à sua saúde. Jovens de todo o mundo estão apelando aos governos para adotarem políticas que os protejam das práticas manipuladoras das indústrias de tabaco e afins, incluindo o marketing implacável de seus produtos perigosos por meio de mídias sociais e plataformas de streaming.
O Ministério da Saúde, a nicotina, presente em qualquer derivado do tabaco, é considerada droga por possuir propriedades psicoativas, ou seja, ao ser inalada produz alteração no sistema nervoso central, trazendo modificação no estado emocional e comportamental do usuário que pode induzir ao abuso e dependência. O quadro de dependência resulta em tolerância, abstinência e comportamento compulsivo para consumir a droga, estabelecendo-se assim um padrão de autoadministração caracterizado pela necessidade tanto física quanto psicológica da substância, apesar do conhecimento de seus efeitos prejudiciais à saúde.
Segundo dados divulgados pela OPAS, crianças e adolescentes que usam cigarros eletrônicos têm pelo menos duas vezes mais probabilidade de fumar cigarros mais tarde na vida. Devido a isso, jovens de todo o mundo reconhecem o impacto negativo do setor sobre questões importantes para eles, como saúde física e mental, sustentabilidade, poluição plástica, devastação ambiental e mudanças climáticas, trabalho infantil, pobreza e desigualdade.
Diminuição dos usuários
O relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), mostra que 150 países estão reduzindo com êxito o consumo de tabaco. O Brasil e a Holanda estão obtendo sucesso depois de implementarem as medidas de controle de tabaco MPOWER, com o Brasil obtendo uma redução relativa de 35% desde 2010 e a Holanda prestes a atingir a meta de 30%.
Embora os números tenham diminuído constantemente ao longo dos anos, o mundo chegará a uma redução relativa de 25% no consumo de tabaco até 2025, não alcançando a meta global voluntária de 30% de redução proposta em 2010. Apenas 56 países em todo o mundo atingirão essa meta, quatro países a menos em comparação ao relatório de 2021.
Medidas do Município
Em Bento Gonçalves, a Liga de Combate ao Câncer aproveita a data, celebrada em 31 de maio, para reforçar seu compromisso de ser um agente conscientizador acerca da importância de manter hábitos de vida mais saudáveis, no qual se inclui, de forma determinante, o combate ao fumo. Relatórios da Organização Mundial da Saúde (OMS) atribuem à indústria tabagista a morte de mais de oito milhões de pessoas todos os anos, além de destruir o meio ambiente e a saúde humana. Para a presidente da Liga de Combate ao Câncer de Bento Gonçalves, Maria Lucia Gava Severa, acredita que a sociedade como um todo vêm conscientizando cada vez mais a população dos riscos que o tabagismo traz. “Existe já há algum tempo um movimento forte de conscientização acerca dos malefícios do tabagismo junto a sociedade, a área médica também vem tratando desse tema de forma muito persistente, a fim de levar a informação à população e orientar sobre a cessação do vídeo e adoção de estilos de vida saudável. Há, ainda, as ações práticas para inibir o consumo como são, por exemplo, as restrições para uso de tabaco em locais públicos. Isso tudo acaba funcionando como estímulo para que a pessoa não só pare de fumar como evite iniciar o contato com o tabaco”, acredita.
Frente a esse cenário, a Liga propõe uma campanha que procura orientar e incentivar para a cessação do vício, em vez de simplesmente reprimir o fumante. “Na Liga de Combate ao Câncer, em vez de criticar e condenar o tabagista, queremos orientá-lo e motivá-lo a romper com o ciclo do vício e começar, o quanto antes, a adotar práticas ligadas aos estilos de vida saudável como forma de proteger o organismo contra as doenças, especialmente resguardando-se dos fatores de risco. O ‘Dia do Basta’ tem justamente esse propósito de propor uma transformação de vida. Queremos mostrar às pessoas que é possível, sim, vencer o tabagismo, e que nunca é tarde para tomar essa iniciativa. Nossa entidade tem um trabalho forte no sentido de transmitir orientações e conscientizar as pessoas sobre a importância de adotar, no dia a dia, pequenos hábitos que ajudem a diminuir o risco de incidência de doenças e, no caso de acometimento por elas, deixar o organismo melhor preparado e com mais chances de vencê-las”, destaca a presidente.
A Liga de Combate ao Câncer de Bento Gonçalves mantém um importante programa antitabagismo, que oferece suporte clínico a quem deseja largar o vício – e também emocional, com acompanhamento psicológico e acesso a terapias. “Além da dependência gerada pelos componentes químicos, o tabagismo funciona como recurso para algumas pessoas lidem com situações difíceis, o que gera dois tipos de relação: a dependência física e a psicológica. A pessoa tem consciência dos malefícios, quer parar, mas não consegue. Por isso nossa abordagem é muito mais de acolhida do que de discriminação, consistindo em oferecer ferramentas para que a pessoa consiga lidar com esse quadro e possa tanto diminuir o consumo de tabaco quanto cessar o vício em definitivo”, complementa Maria Lúcia. O trabalho se dá no sentido de transmitir orientações e conscientizar as pessoas sobre a importância de adotar, no dia a dia, hábitos que ajudem a diminuir o risco de incidência de doenças e, no caso de acometimento por elas, deixar o organismo melhor preparado e com mais chances de vencê-las.
A comunidade de Bento Gonçalves têm respondido positivamente às iniciativas da Liga, mostrando interesse e receptividade nas campanhas de orientação sobre estilos de vida saudáveis. A conscientização sobre os malefícios do tabagismo tem aumentado, com um foco também na prevenção do início do vício, especialmente entre crianças e adolescentes. As campanhas destacam a importância de ensinar os jovens sobre os perigos dos cigarros eletrônicos e promover um estilo de vida saudável. “Percebemos que há interesse e receptividade positiva nas campanhas que buscam orientar para a adoção de estilos de hábitos mais saudáveis e, também, melhor entendimento da sociedade sobre a conscientização, sobretudo na questão do tabagismo. Tão importante quanto cessar o vício é prevenir sua iniciação, por isso reforçamos outro alerta: pais e mães para devem ensinar seus filhos, ainda crianças ou adolescentes, sobre os malefícios causados pelo tabagismo – especialmente diante do atual perigo que significam os cigarros eletrônicos. Todas as ações de conscientização da Liga trazem esse cunho de adotar um estilo de vida saudável, com alimentação equilibrada, exercícios físicos regulares, evitem o estresse e os relacionamentos tóxicos, pessoais e profissionais”, expõe.
Para acessar o programa antitabagismo da Liga de Combate ao Câncer de Bento Gonçalves, basta procurar a entidade. O atendimento é personalizado, oferecendo orientações, suporte para a obtenção de medicamentos que ajudam a cessar o vício, e outras atividades. O Centro Assistencial Andressa Zietolie, com uma estrutura de 930 metros quadrados, acomoda confortavelmente até 14 pessoas em tratamento, além de oferecer áreas de lazer, refeitório, salas para consultas médicas e psicológicas, e instalações acessíveis. O local fica na Rua Ramiro Barcelos, número 580, ao lado do Hospital Tacchini, e o telefone para contato é (54) 3451-4233.
Muito além do cigarro
Muitos consumidores recorrem a alternativas como o fumo de mascar e os cigarros eletrônicos na tentativa de minimizar os danos à saúde. No entanto, os especialistas alertam que essas alternativas não se devem ser permanentes pois estes produtos possuem um efeito nocivo igual ou superior ao cigarro convencional.
São necessárias medidas urgentes para controlar os cigarros eletrônicos, proteger crianças e não fumantes e reduzir ao máximo os efeitos destes produtos na saúde da população. Os cigarros eletrônicos não se demonstram eficazes para ajudar as pessoas a parar de fumar, bem como há evidências alarmantes de seus danos à saúde.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou no dia, 24 de abril, uma resolução que proíbe a fabricação, importação, comercialização, distribuição, armazenamento, transporte e propaganda de dispositivos eletrônicos para fumar, popularmente conhecidos como cigarro eletrônico ou vape. Todas as categorias e versões do produto, sejam descartáveis ou com refil, estão incluídas na proibição. Também fica vetado o ingresso no país do produto trazido por viajantes por qualquer forma de importação, incluindo bagagem de mão.
Porém, apesar de clandestino, os números do comércio do vape são gigantes. Segundo a Receita Federal, a venda do produto movimenta cerca de R$ 7,5 bilhões por ano no Brasil.
O uso de cigarro eletrônico é maior entre crianças de 13 a 15 anos do que entre adultos em todas as regiões da OMS. Qualquer exposição a material promocional de cigarros eletrônicos nas mídias sociais, por mais breve que seja, pode levar a um desejo de experimentá-los e a atitudes positivas em relação a eles. Estudos mostram consistentemente que os jovens que usam cigarros eletrônicos têm quase três vezes mais probabilidade de fumar cigarros na vida adulta.
Em uma pesquisa realizada pelo Semanário por meio das redes socias, foi levantado que 80% dos fumantes utilizou o cigarro pela primeira vez entre os 15 a 18 anos. Esses dados são mais alarmantes tendo em vista, que 67% do público que participou da pesquisa tem idade entre 21 a 40 anos, mostrando que o hábito tabagista inicia sempre na adolescência.
A médica pneumologista Francielle Moro Fuligo explica que substituir o cigarro convencional pelo cigarro eletrônico não é a opção indicada. “Atualmente, na Medicina existem outras formas mais seguras de ajudar o paciente que deseja parar de fumar, por isso a importância de consultar um médico”, orienta.
Dados do Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia (Covitel 2023) revelam que cerca de quatro milhões de pessoas já usaram cigarros eletrônicos no Brasil, mesmo com a venda não sendo autorizada. “Sabemos que existem compostos cancerígenos no cigarro eletrônico. O uso de vape por pelo menos um ano está associado ao aumento do risco de doenças cardiovasculares, doenças respiratórias e agravamento das já existentes no paciente”, ressalta Francielle.
Resultados positivos
Os resultados positivos para quem deixa de fumar são inúmeros: em 20 minutos sua pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal; após duas horas não há mais nicotina no seu sangue; após oito horas o nível de oxigênio no sangue se normaliza; depois de dois dias seu olfato já percebe melhor os cheiros e seu paladar já degusta a comida melhor; com três semanas a respiração fica mais fácil e a circulação sanguínea melhora; após 10 anos o risco de sofrer infarto do coração será igual ao de quem nunca fumou, e o risco de desenvolver câncer de pulmão cai à metade; após 20 anos o risco de desenvolver câncer de pulmão será quase igual ao de quem nunca fumou.