Foram dois anos de uma grande queda causada por uma pandemia inesperada (2020-2021), seguidos de dois anos economicamente difíceis (2022-2023). Para 2024, uma amostra de melhora no primeiro quadrimestre e a esperança de crescimento nos próximos meses trazem otimismo para os mais diversos segmentos
É muito comum ouvirmos a frase “o ano passa voando” e, realmente, estamos nos encaminhando para o final do primeiro quadrimestre de 2024, o que comprova que a máxima é um tanto verdadeira. Recentemente o mundo saiu de uma crise sanitária sem precedentes e inimaginável, que foi a pandemia da covid-19, momento em que todas as áreas sofreram grandes impactos, seja pela ausência de público, como é o caso do turismo, por exemplo, ou pela superlotação, como é o caso da saúde.
Algumas áreas logo retomaram a normalidade, ao passo em que em outras ainda existem reflexos e os empreendedores continuam buscando alternativas para suprir a baixa vivenciada por dois longos anos de “abre e fecha”, “para tudo e segue em frente”, seguidos por dois anos economicamente complicados.
Um dos segmentos que sofreu os maiores impactos atrelados à pandemia foi o do turismo, porém, para quem atua neste setor, juntamente com o ramo vitivinícola, as perdas de um lado foram compensadas com o ganho de outro.
Um destes cases é do jovem empreendedor Roberto Cainelli Júnior, enólogo e administrador de uma vinícola localizada no Distrito de Tuiuty. “Observamos que alguns países muito tradicionais para o setor vitivinícola sofreram uma leve retração de consumo, enquanto o Brasil teve uma ascendência muito grande. Estávamos estagnados há 10 anos em 1.9 litros per capita e, durante a pandemia, atingimos 2.7.
O vinho é uma bebida que traz experiência e, no momento que foi difícil para todos os setores, pensando principalmente na questão saúde, e que nos afetou no turismo, acabou deixando um legado positivo para o vinho, no sentido de que, quem conheceu a bebida, especialmente o vinho brasileiro, não parou de consumir e não vai voltar atrás”, destaca.
Cainelli acredita que a tendência é de que este consumo seja mantido, como também que os apreciadores busquem as vinícolas brasileiras, queiram conhecer mais sobre a bebida que proporcionou estas experiências positivas em um momento tão complicado no contexto global.
Nossas expectativas são de que tenhamos, no segundo semestre, mais especificamente no decorrer do inverno, uma busca crescente tanto no Enoturismo quanto no setor comercial
Roberto Cainelli Júnior – Enólogo e Administrador
Além disso, o jovem recorda que o ano de 2023 encerrou com uma leve retração, acompanhada de estagnação, mas 2024 já apresenta um novo aquecimento não somente nas vendas, mas também no enoturismo. “Nossas expectativas são de que tenhamos, no segundo semestre, mais especificamente no decorrer do inverno, uma busca crescente tanto no enoturismo quanto no setor comercial. Acreditamos que o turismo de experiência esteja muito em alta. Não só acreditamos como vemos várias pesquisas trazendo essas informações. Desta maneira, tentamos atrelar muito o turismo ao produto em si, ao vinho que, além de trazer benefícios à saúde, tem por trás uma história, um legado e a tão procurada experiência”, frisa.
O empreendedor aposta que o mercado deva continuar crescendo. “As pessoas querem cada vez mais viver, vivenciar, experimentar, porque isso ninguém tira de nós. Como empreendedores deste mercado, gostaríamos de ver melhoras no setor aéreo, pensando no enoturismo, especialmente. Precisamos disto porque o destino Serra Gaúcha, devido à carência deste sistema, acaba se tornando mais caro, se comparado a outros do turismo nacional. Este é o cenário que temos atualmente”, conclui.
Nova no ramo da prestação de serviços, com foco na alimentação, Gabriella Filippi Chiela Marini administra uma delicatesse há poucos dias. Oriunda de uma área extremamente burocrática, do serviço público, a jovem está se surpreendendo com a receptividade e com a alteração que o novo trabalho trouxe para seu cotidiano. “Sabemos que o mercado não está dos melhores, mas o lado bom de ser jovem empreendedor é que essa geração não tem tanto medo de mudanças, não fica tão estagnada em um lugar. Gostamos de estar o tempo todo em movimento, de buscar o que desejamos e isso é o bacana”, conta.
É necessário ter um propósito para saber aonde se quer chegar e testar
Gabriella Fillipi Chiela Marini – Administradora
A inovação é outro ponto destacado pela empresária. “Inovar é a palavra-chave. A nossa empresa, principalmente por conta das redes sociais, exige a incessante busca por conhecimento, pela expansão de horizontes, por pensar além. É necessário ter um propósito para saber aonde se quer chegar e testar. É preciso ser bem original nas ideias, trabalhar com programação e, principalmente, planejamento. Percebemos que os clientes gostam mesmo é de coisas diferentes, coisas boas. E assim eu acredito que iremos vencer o desafio. Agregando isso tudo ao negócio, não tem como não dar 100% certo. Até porque ficar muito na mesmice não leva para lugar nenhum”, diz ela.
Tecnologia sempre em alta
“A área da tecnologia cresce a olhos vistos e a expectativa é de que prossiga nos próximos meses ou anos devido a automatização de processos”, enfatiza o jovem empresário do setor, Lucas Marconi, que prossegue: “nós, da pré-gestão, investimos na apresentação de soluções que acabam gerando economia de tempo e dinheiro para as indústrias que pagam frente. Nosso produto está focado na solução para estas indústrias, para os e-commerces e estamos tendo uma aceitação muito grande”, conta.
Marconi ressalta que muitas empresas estão buscando investir no processo da automatização, o que é um caminho sem volta. “Creio que para se manter vivo nos próximos anos é necessário automatizar os processos. Desta forma, a área em que atuo tende a crescer bastante”, encerra.
Creio que para se manter vivo nos próximos anos é necessário automatizar os processos
Lucas Marconi – Empresário
Grandes desafios rondam a indústria
Bruno Andreolla Piva trabalha em uma empresa familiar do ramo metalmecânico e recorda das dificuldades vividas em 2023. “Foi um ano ruim, tivemos uma queda principalmente por conta do agro, que deu uma retraída no mercado, no setor de máquinas e componentes agrícolas. Sentimos bastante”, conta.
Para 2024, o que Piva espera é que seja, pelo menos, semelhante a 2022 e, obviamente, melhor que 2023. “A indústria tem o desafio de criar um cenário para consumo, coisas melhores para termos em casa, que nos tragam benefícios. Vemos que o setor de serviços cresce, enquanto a indústria está estagnada ou diminui. Procuramos por itens que nos tragam bem-estar, que consigamos usufruir, o que é amplamente ofertado pelo ramo dos serviços. Uma experiência de férias, de aproveitamento. A indústria precisa se dar conta disso”, crê.
A indústria tem o desafio de criar um cenário para consumo, coisas melhores para termos em casa, que nos tragam benefícios
Bruno Andeolla Piva – Empresário
Piva destaca, também, o impasse no cenário político-econômico. “Corremos o risco do aumento do ICMS, que já causa uma “briga” de competitividade com o restante do Brasil e nos deixa cada vez mais para trás. Não tem como fugir disso, não falar disso, porque este impacto nos torna menos competitivos. Este é um desafio muito grande para a indústria, pois aumentar de 17% para 19% é muito ruim”, comenta.
De qualquer forma, o jovem segue acreditando que 2024 possa ser melhor. “Até com o cenário mundial dando uma estabilizada na questão das guerras, uma vez que este também acaba influenciando no cenário nacional. Importante lembrar que, mesmo diante das adversidades dos últimos anos, nossa empresa não reduziu investimentos, buscou automação, melhorias no parque fabril, novas tecnologias, enfim, tudo que pudesse melhorar a produtividade para tentar alavancar mais o mercado”, finaliza.
Sebrae aponta as melhores áreas para investir
Para quem ainda está pensando em empreender, o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) realiza inúmeros levantamentos, diagnósticos, pesquisas de mercado e está sempre ao lado dos empreendedores.
Conforme o Portal Sebrae, as melhores áreas para empreender, no momento, são saúde e bem-estar, tecnologias inovadoras, alimentação saudável e sustentável e negócios digitais. Consultoria online, produção de conteúdo para redes sociais, serviços de design gráfico e vídeo e revenda online também são ramos em alta e que exigem pouco investimento. Já quando o assunto são oportunidades ainda pouco exploradas no Brasil, o Sebrae aponta a tecnologia para pequenas e médias empresas, a sustentabilidade na indústria e na agricultura e saúde e bem-estar para populações carentes.
Fotos: Reprodução