Com a conquista da primeira colocação, Cesar Casarotto e Everson De Morais obtiveram classificação para a competição Mundial
Bento Gonçalves contou com dois representantes no campeonato Brasileiro de Powerlifting que foi realizado nos dias 16 e 17 de setembro, em Porto Alegre, sendo eles Cesar Casarotto e Everson De Morais onde os dois foram campeões nas suas respectivas categorias.
Para Casarotto, ser campeão vindo de uma lesão é uma sensação gratificante. “Tenho um sentimento de alívio e dever cumprido. Esse campeonato garantiu vaga para o mundial 2023 que será realizado no Brasil, e como campeão eu consegui vaga direto. Sair vitorioso com uma inflamação no nervo ciático que me persegue há meses é gratificante”, ainda diz que as dor atrapalhavam seus treinamentos. “Tinha enormes dores para treinar, então eu tinha que seguir com a rotina de treinos e ainda aguentar os machucados. Fiz e ainda faço tratamento com fisioterapeuta para aliviar esse sofrimento e conseguir me focar nos treinos”, conta.
Com uma rotina de treino bastante puxada, Casarotto treina somente três vezes na semana. “Faço três treinos que sempre exigem o meu máximo. Tenho treinos de explosão muscular e específicos para cada momento do movimento e isso exigem uma adaptação quase que diária do corpo”, explica.
O atleta fez um feito que poucos conseguem, ele quebrou o recorde de levantamento de peso, superando a marca que ele mesmo havia estabelecido e levantando 340kg. “A sensação de quebrar meu próprio recorde é inexplicável, pois estavam presentes atletas de nível muito alto do país inteiro, atletas com condições de erguer mais peso do que conseguiram no dia. O fato de vir de um período com muitas dores, me fez achar que não conseguiria esse feito. Mas no decorrer da competição eu não senti dores e resolvi arriscar. Já havia levantado este peso antes, mas em outra categoria de idade, agora estou mais velho e isso também influencia no rendimento. Então fui pro tudo ou nada. Depois da segunda pedida de 320kg eu vi que estava em condições de arriscar. E deu certo levantei os 340kg com perfeição”, diz.
O desafio para um atleta é lidar com a pressão psicológica, principalmente quando você é uma referência. “Como era o atual campeão e o atual recordista da categoria, todos esperam que o campeão supere a si e os outros. Isso fica na sua mente se eu não corresponder ao que esperam de mim, e se eu falhar? Isso fica martelando todo dia na sua cabeça. Mas você tem que chegar focado e esquecer essa pressão externa. Na competição eu finjo que não tem ninguém me olhando, ninguém assistindo, sou só eu e a barra e nada mais ali”, revela.
Um desafio pela frente
Agora com a classificação pro mundial o objetivo é tentar ganhar mais uma vez, pois Casarotto é o atual campeão mundial da sua categoria. “Já ganhei quatro vezes consecutivas o mundial, em 2015, 2017, 2019 e 2021. Então claro que gostaria de participar novamente e tentar o quinto título, mas não garanto que poderei ir por causa dos gastos e vida pessoal. Trabalho em uma empresa de segunda a sexta como a maioria das pessoas, uma viajem desta dura em torno de cinco dias. Ficar afastado do trabalho todo esse tempo não é fácil. E os gastos são enormes. A inscrição é em dólares, pois é uma competição internacional, todos custos de viagem são por conta do atleta como o transporte, hospedagem e alimentação, fora os custos da viagem em si então são coisas que pesam bastante no orçamento. A competição será no estado de São Paulo. Claro que meu objetivo agora é este, mas garantir que estarei presente infelizmente no momento não posso. Os treinos seguirão sendo pensados para competir, se conseguir ir estarei preparado”, ressalta.
Devido a isso, para ele as estratégias são basicamente manter o que vem sendo feito e continuar com a rotina. “Treino sempre sozinho na academia, fico somente pensando no que estou fazendo e o próximo passo. Uso isso durante as competições também. Vejo na minha mente o que precisa ser feito antes de fazer”, conclui.
Já Everson De Morais conquistou o 2º lugar no powerlifting (soma do agachamento+ supino + terra) no sábado, 16, já no domingo, 17, conseguiu o 1º lugar no push pull e melhor atleta da modalidade (soma do supino + terra) e também levou o 1º lugar no levantamento de terra equipado sendo o melhor atleta na modalidade. “Estou feliz com meus resultados, sabia que não seria minha melhor competição, pelo fato de ter machucado a perna na minha última prova em Camboriú e depois tive outra lesão na posterior da mesma perna, mas eu arrisquei assim mesmo. Conversei com minha fisioterapeuta umas semanas antes da, ela me autorizou a competir, mas se eu sentisse algo não poderia continuar a competição, então eu decidi abri minhas pedidas com cargas mais baixas e fui agraciado com bons resultados, devido a isso estou classificado em três categorias para o mundial”, comenta.
Com uma rotina de treinamento puxada e uma alimentação rígida, o atleta fez uma preparação diferente. “Os meus treinos continuaram a serem realizados de segunda a sexta e as vezes no sábado, porém, para essa preparação, foquei em fazer mais cargas pesadas e dar mais descanso, por isso tentei controlar bastante minha alimentação para meu peso variar de 88 a 92 kg pelo fato da minha categoria ir até 90 kg. Como gosto de comer muito doce aí sofro um pouco”, conta aos risos.
Competindo pelo Open até 90 kg ou até 100 kg ele considera que essa é a categoria mais disputada dentro da modalidade. “Cada lift que for executar tenho que estar focado e executá-lo de forma correta e sempre me preparando para o próximo. Pois na modalidade o descanso é curto e tenho que estudar a próxima pedida para não errar”, ainda comenta que “é legal levantar o maior peso, mas no powerlifting as coisas são diferentes, posso ser bom no agachamento e meu adversário ser melhor no supino. Aqui o que vai valer no final é minha soma total dos três movimentos então, o importante é sempre estudar o adversário para tentar sempre ter mais soma”, explica.
De Morais possui algumas estratégias para se preparar fisicamente e mentalmente para as competições. “Gosto de treinar sozinho, uso um fone de ouvido para não ter distrações principalmente quando faço movimentos com carga altas, pelo fato de qualquer erro pode levar a uma lesão, por isso o stress é muito grande. Tento deixar a rotina do meu trabalho e da minha vida pessoal fora da minha mente, pelo menos na hora que estou treinando. E levo isso para as competições também”. Assim como Casarotto, o atleta também quebrou seus números. “Consegui bater minhas marcas pessoais do levantamento de terra 272,5 kg e no supino 145 kg dava por mais, mas me poupei pois tinha mais um dia de competição. Nesse dia, no levantamento de terra equipado acabei quebrando outro recorde que era meu”, salienta.
A experiência traz um enorme aprendizado. “Nas minhas primeiras competições eu era muito inquieto e muito ansioso, mas com o tempo aprendi a controlar e agora fico tranquilo. Com o tempo você aprende como funciona um campeonato, tudo é praticamente um jogo. A 1º pedida eu levo uma carga que eu tenha 100 % de certeza que não vou errar, na 2º vou quase no meu limite e na 3º vez, as vezes eu uso meu limite ou se me sinto bem, tento ultrapassar. Ficar calmo é a melhor opção, as vezes se isolar num canto por uns minutos ajuda para aliviar a cabeça”, expõe.
Em busca do Mundial
De Morais enfrenta o mesmo desafio que seu colega, a falta de verba para participa das competições. “Para esse ano se tudo der certo irei para o Mundial, em novembro. Poderia ter ido ao Mundial da Hungria GPC da outra federação da qual faço parte, mas não tive recursos suficientes, então focarei nesse que acontecerá no Brasil. Tenho um objetivo no esporte de validar em uma competição os 300kg de Agachamento e o mesmo peso de levantamento de terra e também buscar patrocinadores, porque não é fácil arcar com as viagens, hotel, alimentação, inscrições, tudo gera um custo. O bolsa atleta de Bento Gonçalves ajuda bastante nossos atletas da cidade, mas eventos a longa distância, as vezes, precisamos de um pouco mais de recursos, ao prefeito Diogo Siqueira, o secretário Eduardo Viríssimo e todo pessoal que nos ajuda, não existe palavras para expressar meu agradecimento. Eles fazem de tudo para nos ajudar, temos que fazer nossa parte e buscar nosso melhor a cada competição, levar o nome da cidade cada vez mais longe, buscar nossos sonhos, levar a sério o esporte. Vamos fazer nossa história para um dia ser lembrado”, finaliza.