Para aumentar a agonia de familiares, não há sinal de internet e nem energia elétrica na maior parte das cidades atingidas pelas cheias
Os municípios de Santa Tereza, Muçum, Encantado, Roca Sales e arredores, amanheceram debaixo d´água e lama nesta terça-feira, 5 de setembro, depois do rápido avanço das águas do rio Taquari, que passou levando embora casas, destruindo plantações e sonhos de centenas de famílias que precisaram sair de suas residências e buscar abrigo para se proteger.
De acordo com as informações das prefeituras, os municípios mais atingidos até o momento são Santa Tereza e Muçum, que tiveram quase que sua totalidade de área territorial coberta pelas águas do rio que passa pelas margens das duas cidades. A situação, desesperadora, começou a ganhar grande dimensão ainda na tarde de segunda-feira, 4 de setembro, quando as medições, de hora em hora, apontavam para aumentos acima dos dois metros.
Mesmo com todo o aparato preparado, já que em 2020, os municípios passaram pela mesma situação, não foi possível resgatar a totalidade de moradores que ficaram ilhados em suas casas e tiveram que passar a noite e a madrugada em cima de telhados ou dentro de forros das casas à espera de ajuda. Em Muçum, cerca de 50 pontos ainda aguardavam o trabalhos dos Bombeiros para serem salvos. De acordo com informações de moradores, durante todo o momento, as guarnições passavam pelas vias alagadas, tocando uma sirene, enquanto as pessoas gritavam por socorro, indicando os locais onde estavam abrigadas.
Em Santa Tereza, até o final da noite, mais de 180 pessoas estavam em situação de isolamento, em decorrência dos bloqueios ocasionados pela elevação das águas.
Para aumentar ainda mais a agonia de familiares, não há energia elétrica e nem sinal de telefonia celular. Há casos, em Muçum, por exemplo, de pessoas que não conseguem contato com seus familiares desde às 21h de ontem.
Em pronunciamento nas redes sociais, o governador Eduardo Leite falou sobre o envio de equipes de segurança para as cidades mais atingidas do Estado. “O governo estadual está mobilizado para atender os municípios atingidos pelo temporal. Nossa Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros atendem a chamados, principalmente, na Região Norte e na Serra. Até agora, 41 municípios registraram ocorrências. As famílias estão sendo removidas das áreas de risco e sendo alocadas em lugares seguros. Ainda está em vigor o alerta da Defesa Civil para temporais, cheias e deslizamento”, disse.
O Exército também deve comparecer os locais para ajudar no atendimento das demandas mais urgentes. Conforme o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, a intenção é de que o apoio às cidades deve ocorrer “o mais rapidamente possível”. Há previsão de uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda nesta manhã para iniciar as ações de socorro às cidades mais afetadas.
Em Bento, casas são destruídas e ponte é levada pela força das águas
Não diferente das cidades do Vale do Taquari, Bento Gonçalves também contabiliza os estragos provocados pela cheia do rio das Antas. Desde as primeiras horas da tarde de segunda-feira, o nível das águas começou a subir rapidamente, impedindo que famílias conseguissem retirar seus pertences das casas. Na Linha Alcântara, por exemplo, toda a comunidade foi atingida.
A força do rio das Antas foi tanta que quase toda a estrutura da ponte, que liga os municípios de Bento Gonçalves e São Valentim do Sul foi arrancada.
Segundo levantamentos da prefeitura municipal, um morador foi encaminhado para a Casa de Passagem e cerca de 20 famílias se deslocaram para casa de familiares. Conforme dados preliminares da Defesa Civil, mais de 50 casas foram atingidas. Pelo menos duas residências foram levadas pela enxurrada.
Parte da ponte entre Nova Roma do Sul e Farroupilha é arrastada
Ainda durante a tarde de ontem, a ponte de ferro que liga as cidades de Farroupilha e Nova Roma do Sul também foi levada com a força das águas do rio das Antas. Como quase todos os acessos à cidade estão bloqueados, a única possibilidade de chegar em Nova Roma fica via Antônio Prado, utilizando a ERS-437 e a ERS-448.
Fotos: Emanuele Nicola, Luis Gustavo Betinelli, Redes Sociais / Divulgação