O dia estava ensolarado e as crianças felizes. Os pais haviam preparado bolos e pipoca e reunido, em círculo, as cadeiras para assistir as apresentações dos jovens que estavam na Praça São Bento, segunda-feira, 26, para comemorar o Dia do Surdo. Familiares, professores e as duas instituições que lutam pela inclusão das pessoas com deficiência (Escola Caminhos do Aprender e a Associação dos Surdos de Bento Gonçalves) fizeram um movimento para pedir às autoridades e à comunidade atenção e doações.
No dia 26 de setembro foi instituído o Dia Nacional Do Surdo. A data que destaca a luta pelos direitos linguísticos e culturais foi escolhida baseada na instauração da Língua dos Sinais no Brasil pela primeira Escola de Surdos da Cidade do Rio de Janeiro, em 1857, chamada atualmente de Instituto Nacional de Surdos (Ines).
Elisandra Matos, vice-presidente da Associação dos Surdos/BG diz que atualmente a maior luta do Movimento Surdo é por escolas bilíngues para surdos no Plano Nacional de Educação (PNE). “A nossa preocupação é oportunizar para as crianças surdas um espaço escolar que favoreça a construção da identidade e formação com a cultura surda em sua própria língua para evitar a extinção da nossa Cultura Surda e da Língua de Sinais para os surdos”, salienta.
Eventos como o que ocorreu na Praça São Bento, são de extrema relevância para a comunidade surda, como garante Elisandra. “No mês ‘Setembro Azul’ é importante o movimento surdo, como um momento de oportunizar à sociedade brasileira o acesso a informações. Utilizamos a cor Azul Turquesa como conceito de ‘ser surdo’, em memória das pessoas com essa deficiência, por suas lutas e conquistas até então, levantando a nossa bandeira”, completa a vice-presidente.
Nilza Garbin, mãe do Gabriel de 17 anos salienta a dificuldade de incluir um filho em mundo de ouvintes. “A minha família toda precisou aprender libras para podermos nos comunicar com ele. Em um primeiro momento não é fácil, mas não devemos deixá-los trancados dentro de casa porque na rua as pessoas podem estranhar o fato de eles terem essa deficiência. Muito pelo contrário, precisamos levá-los para o mundo e incluir a língua de sinais nas escolas e nas empresas”, finaliza Nilza.
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