Há aproximadamente dez anos, localidade iniciou com o turismo que já se desenvolvia por toda região. Com experiências diferenciadas, local é visitado por turistas de todo o Brasil. Foi a partir deste crescimento no segmento turístico que o poder público aumentou seu olhar para o lugar
Há cinco quilômetros de Bento Gonçalves, está a Eulália Alta. Lá foi onde se iniciou o povoamento dos imigrantes italianos e os antigos da região, inclusive, falam mais italiano do que português. Por isso, o setor rural da localidade é bem forte, e há aproximadamente dez anos, assim como diversos outros locais, a linha começou a estudar o turismo. De lá para cá, muitas experiências foram sendo disponibilizadas. O diferencial é que ele envolve experiências aproveitando-se das belas paisagens que existem. A partir dele a comunidade foi se desenvolvendo, podendo ter acesso a água tratada e asfaltos.
Produção com mais qualidade
Rosa Maria Cereza é moradora do interior, mas nasceu na cidade. Ao casar, passou a viver na localidade, onde reside há cinco décadas. “Foi uma boa escolha ter vindo, Bento em si tem bastante movimento e na Eulália é tranquilo. O serviço é pesado, mas se vive e se dorme bem, sem barulheira, é qualidade de vida”, enaltece.
Ela também conta sobre o trabalho no campo, e de como ela e o marido mantém sua renda. “Como todo o interior, o trabalho que existe é o rural, plantar e vender ainda é o ganha pão da maioria. Sou produtora de uva, tenho galinha, vaca, faço um dinheirinho com elas, mas as parreiras são o carro chefe”, esclarece.
A maior preocupação dos produtores rurais e moradores do interior, ultimamente, está sendo a evasão da juventude das terras da família, entretanto, na Linha Eulália não se nota isso ocorrendo de maneira numerosa. “Os jovens têm permanecido, até por que não é tão afastado de Bento e muitos gostam do trabalho rural, de cuidar e cultivar a terra. Tive três filhos, duas casaram e acabaram indo embora, mas o meu menino ficou”, pontua.
O transporte público ainda não passa em todas as ruas da linha, isso porque a pavimentação das estradas não é completa, mas com o incentivo ao turismo, Rosa sente que poderá mudar. “O ônibus não desce até o final da estrada, ele para na igreja, mas é que a rua não está totalmente asfaltada. Fizemos um abaixo assinado e ela está na lista para ser pavimentada. É um passo importante, até por que o nosso turismo vem crescendo. Possuímos pousadas e eventos. O turista quando vem pode se divertir no parque e, desta forma, vão conhecendo a Linha Eulália em si. Tem um sítio bem interessante de lazer, o turismo é necessário para nós e melhora a nossa vida”, ressalta.
“Tem suas belezas morar no interior”
Paula de Mari mora há 39 anos na localidade e gosta da calmaria do lugar e principalmente, por não ser tão afastado do centro. “Às vezes já pensei em ir embora, mas gosto muito daqui, porque é tranquilo, é perto de Bento. Tenho uma moto e em dez minutos chego no centro. A Eulália é um lugar bom de viver, gosto das minhas flores, do que nós produzimos e não viver sempre com o barulho. Tem suas belezas morar no interior”, reflete.
O turismo tem aumentado não só o número de visitantes e conhecedores da Linha, mas também outros tipos de emprego que até pouco tempo atrás não existiam. “Tem trabalho, pode-se plantar, mas mais do que do que a ocupação rural, como os locais de lazer estão crescendo, acaba surgindo novos tipos de emprego. Domingo, fui dar uma ajuda ali no parque, por que encheu e a dona precisava de auxílio.”, relata.
Por residir há tanto tempo no mesmo local, Paula viu o crescimento surgindo aos poucos e as modificações que foram ocorrendo. “A localidade foi se desenvolvendo com o tempo. Temos restaurantes, sítios, pousadas, não tão longe. Fora daqui tem vinícolas à visitar. Esse crescimento deve ter uns dez anos, pois muitas pessoas querem se desligar da loucura do dia a dia, então encontram aqui como um refúgio”, nota.
Muitas experiências
Ao verem diversos locais da região se desenvolvendo por meio do setor turístico, três jovens viram potencial na Linha Eulália e, junto com o Sebrae, começaram a desenvolver com os moradores uma rota turística. Desta forma, foi nascendo “Os Encantos de Eulália”. Alguns moradores se aventuraram e se descobriram por meio desta experiência.
Raimundo e Maristela Zuchi são casados há muitos anos e vivem no mesmo local desde a união matrimonial. A casa que passou dos avós italianos de Zuchi até os pais, foi onde Raimundo viveu ao lado de Maristela e hoje também é o local que recebe turistas de todas as partes. “No início estava meio inseguro, não tive muito estudo durante a vida, achava que não sabia falar direito, pensava que não conseguiria trabalhar com turismo. Falei com a moça do Sebrae sobre essas angústias e ela disse: ‘Fala aquilo que tu sabe e mostra a natureza que tu tem’. Aquilo foi fundamental para mim”, revela.
Diferente dos outros pontos, a Linha Eulália não pratica o enoturismo, mas sim experiências. “Na época do curso não sabia no que queria investir, estava ali pensando em me qualificar, porque não entendia disso tudo, mas gostaria de ter o conhecimento.”, explica.
Os medos e as inseguranças se faziam presentes, e a coragem foi surgindo com o passar do tempo. “Para quem não tinha estudo, não tinha conhecimento, falava só com a família e com os mais chegados, hoje receber pessoas do Brasil inteiro e até do exterior, foi um aprendizado muito grande. Em 2020, o Governador Eduardo Leite esteve na nossa propriedade e foi muito emocionante, não só pela visibilidade que traz, mas pelo que significa”, frisa.
Mais que o aumento de visitantes, o olhar do poder público chegou ao local. “Desenvolver o turismo na região foi importante para nós aqui de Eulália, e digo isso pois não tínhamos água tratada, nossas estradas não eram boas, e desde que começamos a desenvolver esse ramo, foram cuidando da nossa região”, expressa.
E finaliza pedindo que mais moradores tenham a vontade de investir nessa linha que tem bastante a se desenvolver. “Acredito que mais pessoas podiam trazer investimentos, por que isso desenvolve e faz crescer a região. Não existe concorrência, mas sim crescer juntos e querer o melhor à Linha Eulália”, confessa.
“Turismo radical”
O parque de Aventuras Gasper é um turismo bastante diferenciado. Lá é possível pular de bungee jump, e fazer entre outras atividades radicais. A escolha da Linha Eulália para o parque foi por conta da estrutura, conforme a gerente administrativa, Letícia Vasques. “A Gasper atua há quase 20 anos no mercado e os gestores sempre tiveram prazer em se aventurar na natureza. Começou com procura de pessoas querendo experiências e nossa região oferecia um cenário propício. Assim, iniciou a visão de crescer o turismo de aventura junto com o potencial que a cidade visivelmente oferecia”, explica.
Apesar dos recentes avanços na Linha Eulália, aqueles que investem, sabem a relevância para a melhoria daquele local. “O turismo é um setor de extrema importância em uma região, pois atua diretamente no desenvolvimento de negócios de diversos e variados setores, seja por movimentar pessoas frequentando a região. Fazendo com que a mesma tenha sempre um fluxo considerável de clientes, não só para os negócios que buscam pela experiência, mas para todos os outros que são atingidos indiretamente”, finaliza.