O Banco Central do Brasil manteve a taxa de juros básica da economia ( SELIC ) em 13,75% a.a. mesmo com a gritaria do governo federal e opiniões de vários colegas economistas, instituições industriais e comerciais.
A taxa de juros é um instrumento de política econômica para ajustar o equilíbrio da economia entre oferta e procura e, principalmente, é utilizada para controlar a inflação. Quanto maior a taxa de juros, menos é o apetite para o consumo e menores os investimentos, o que leva a inflação a níveis mais baixos. Porém, juros altos levam, em decorrência, à redução dos investimentos produtivos, diminuição do emprego e renda.
A inflação deve ser contida pois representa um dos piores problemas econômicas que um país pode ter pois significa a desvalorização do poder de compra da moeda e essa afeta principalmente os mais pobres que não possuem como se proteger da inflação pois seus salários e renda são direcionadas para necessidades básicas representadas basicamente no supermercado, no transporte, nas tarifas públicas.
A inflação, além de componentes diretos nos preços dos produtos, possui componentes psicológicos notadamente pelas expectativas dos agentes econômicos ( todos nós ) pois, se as expectativas futuras forem boas, menor pressão nos preços; se as expectativas de inflação forem maiores no futuro, os preços são contaminados por essas expectativas e sobem como garantia de manter seus preços atualizados com o passar do tempo.
Já disse aqui nesse espaço que a mídia tradicional está alardeando falsas promessas quando fala na inflação dos últimos 12 meses e não diz que a inflação está realmente baixa nesse período principalmente pela DEFLAÇÃO que houve um pouco antes das eleições do ano passado quando Bolsonaro baixou os impostos dos combustíveis, reduzindo bem a inflação, fato esse que deixou de existir no governo Lula atual pois houve a volta da cobrando dos impostos nos combustíveis.
Inflação alta é ruim para todo mundo. Veja exemplo da Argentina, com mais de 100% ao ano.
O governo federal, sempre querendo forçar a queda dos juros, só prejudica as expectativas e isso não ajuda.
Além disso, as expectativas de inflação para o segundo semestre são bem maiores. E sabe porquê? Justamente pelo que explico acima da deflação que ocorreu ano passado. Tirando fora esses meses artificialmente com inflação baixa, a inflação anual volta a patamares de 6-8%, muito acima das metas e de uma situação mais controlada.
Os investimentos futuros estão alinhados muito mais na visão dos investidores da segurança econômica e jurídica do Brasil de amanhã do que na inflação atual. O calabouço fiscal, que presume todo seu futuro no aumento da arrecadação, poderia ajudar mas, como já escrevi também, está no caminho errado pois, para dar certo, as receitas devem aumentar consideravelmente. E receitas são imprevisíveis e só são alcançadas com aumento de impostos, o que o povo já está cansado.
Portanto, o Banco Central está certo em manter ainda a taxa de juros nos patamares atuais e o governo federal está errado em, toda hora, questionar e pressionar o Banco Central. Isso não ajuda em nada.
Pense nisso e sucesso.