Como economista e, principalmente, como especialista em estratégia, sei muito bem o que significa construir uma narrativa. É como construir toda a imagem de uma empresa, de um país, comunicar isso para que todos possam entender o que sua empresa ou seu país quer ou desenvolver movimentos para que os públicos pensem e ajam de determinada maneira.

Construir uma narrativa significa pensar estrategicamente, antes portanto das coisas acontecerem, e mover os esforços de comunicação e marketing para atingir os objetivos. Construir uma narrativa significa colocar, nos momentos certos, as palavras certas e movimentar todos os que possam ser movimentados para disseminar essas palavras.

Construir uma narrativa significa multiplicar as palavras narradas até que todos ( ou quase todos ) acreditem na mensagem que está sendo construída. Para isso, a grande imprensa é canal muito utilizado pois consegue disseminar a muitos, ao mesmo tempo, a mensagem ou propaganda sendo narrada/apresentada.

Na política, isso funciona muito bem e, como há a cobertura da grande imprensa, o que é dito num instante se propaga muito rapidamente, entra nos lares da população num piscar de olhos.

A Taxa de juros no Brasil está alta? Está-se querendo construir uma narrativa.

A taxa de juros é CONSEQUÊNCIA DA SITUAÇÃO DA ECONOMIA, não a causa dos movimentos da economia. É utilizada como instrumento de política monetária para controlar a inflação, esse sim o maior mal de qualquer país em termos econômicos. Ou seja, a taxa de juros SINALIZA como a economia está mas, principalmente, por onde a economia estará no futuro. Portanto, a taxa de juros atual SINALIZA muito bem a SAÚDE DA ECONOMIA BRASILEIRA.

A Taxa de juros (Selic) não é a causa da inflação. As causas da inflação atual estão alinhadas com a falta de CONFIANÇA nos fundamentos da economia brasileira, principalmente nos compromissos governamentais com controle dos gastos públicos e saúde fiscal do país.

Assim, para que a taxa de juros baixe, o PAÍS PRECISA MELHORAR na confiança do futuro, na rigidez orçamentária para que não haja descontrole das contas e os agentes econômicos precisam ver essa saúde do governo federal sinalizando para essa confiança maior.

Isso não está acontecendo. Ao contrário, toda vez que o governo federal abre a boca para criticar a atuação do Banco Central, pior fica.

Toda vez que o governo federal não faz a sua parte na projeção da saúde econômica do país, querendo se alinhar com países socialistas mais que EUA e Europa ( redução de investimentos estrangeiros), querendo gastar mais do que arrecada, querendo não controlar gastos, querendo brigar com o Banco Central, brigando com o setor agropecuário ligando-o ao facismo ( o presidente fez isso durante a campanha de 2022 ), gerando DESCONFIANÇA, o Brasil se distancia da maior estabilidade e maior segurança para baixa nos juros.

A taxa de juros pode baixar? Sim.

Quando? Não antes que o governo federal e o país como um todo tenham condições de gerar CONFIANÇA maior de que a inflação esteja efetivamente controlada. Isso vai demorar a não ser que o presidente do BC se canse de ser cobrado erradamente pelos políticos de plantão e saia do BC e, no seu lugar, seja colocado outro presidente menos adepto a pensar no país, pensando mais no populismo, baixando as taxas sem fundamentos econômicos firmes e causando maiores problemas inflacionários e de emprego no futuro.

Inflação é o maior mal a todos, principalmente aos mais pobres gastam a maior parte de sua renda em itens básicos ( alimentação, transporte, habitação…) pois os preços desses produtos já levam consigo os efeitos da inflação.

Por fim, o governo federal quer que o presidente do Banco Central seja o bode expiatório do baixo crescimento. Querem culpar o Banco Central pelas realidades não tão boas que se espera em termos econômicos para nosso país em 2023 e anos seguintes. O baixo crescimento está mais ligado às expectativas futuras de um governo gastador do que em relação à taxa de juros.

Pense nisso e sucesso.