Datas especiais marcam a semana literária que acontece em Bento Gonçalves até dia 23 de abril. A programação deste ano está focada em diferentes atividades e formatos, para que o engajamento do público seja maior
A Semana do Livro iniciou em Bento Gonçalves na segunda-feira, 17, com uma série de ações que estarão encantando o município e fomentando a leitura até domingo, 23. Promovida pela prefeitura, por meio da Secretaria de Cultura, Fundação Casa das Artes e Biblioteca Pública Castro Alves, em parceria com o Sesc de Bento Gonçalves, o evento literário tem como tema “Bibliotecas de Nossas Vidas”.
De acordo com o secretário de Cultura, Evandro Soares, a programação desta semana busca atingir a comunidade escolar, com palestras e atividades artísticas, assim como o público em geral, realizando ações como o ‘Livro Encontrado’ e o ‘Biblioteca na Praça’, nos bairros e no centro da cidade. “Vale lembrar ainda que, nesta semana, comemoramos o Dia Nacional do Livro Infanto-juvenil, em 18 de abril, e o Dia Internacional do Livro, no dia 23. Nosso tema é ‘Bibliotecas de Nossas Vidas’, justamente para refletir sobre a importância da leitura e motivar presença das pessoas em nossas bibliotecas”, salienta.
Soares comenta que a cultura e educação tem que estar sempre unidas na missão de incentivar a leitura, com práticas literárias e atividades culturais, buscando formar novos leitores. “Temos a certeza que com isso estamos contribuindo para que tenhamos pessoas mais capacitadas e uma sociedade mais evoluída. Importante destacar o trabalho desenvolvido pela Biblioteca Pública Castro Alves que sempre realiza ações de fomento à leitura e está de portas abertas para receber nossa comunidade”, completa
A agente de Cultura e Lazer do Sesc de Bento Gonçalves, Cristina Rasera, destaca que o incentivo à leitura é incessante na cidade. ”Projetos como a Semana do Livro trazem diferentes formas de abordar a temática, para que, assim, o maior número de pessoas possam se interessar e ter esta prática. A programação deste ano está focada em diferentes atividades e formatos, para que o engajamento e o objetivo sejam alcançados. É importante, também, destacar a importância das bibliotecas”, informa.
Segundo Cristina, estar proporcionando mais um projeto de incentivo a cultura de ler é sempre animador e desafiador. “Buscar as diferentes formas e atividades para fazer com que o livro e, consequentemente, a leitura estejam acessíveis para o maior número de pessoas, é o que nos move. Isso nos permite que os mais diferentes assuntos possam ser abordados de forma lúdica, despertando diversas emoções e sentimentos”, diz.
Além disso, o desenvolvimento na infância é fundamental. “É por meio de experiências com as histórias que a criança tem a possibilidade de interagir com diversos textos, possibilitando o entendimento do mundo em que vivem e garantindo a construção de seu próprio conhecimento. Neste sentido, quanto mais cedo a pessoa tiver contato com os livros e perceber o prazer que a leitura produz, maior será a possibilidade de a mesma tornar-se um adulto leitor”, conclui a agente.
A arte da literatura
A bibliotecária na Biblioteca Pública Castro Alves, Paula Porto Gauterio, destaca que a literatura é a arte da palavra. “Ela cria imagens, discute valores e estabelece um diálogo estético e crítico com a realidade, por meio de um trabalho elaborado com as palavras. Logo, habituar-se à leitura é estar em constante movimento com a realidade, reinterpretando-a, assim como a si próprio, ampliando sua percepção subjetiva de mundo. Ela lança luz sobre o ângulo de visão do sujeito sobre o mundo e modifica a forma como o lê, de maneira crítica, conceitual e lúcida”, vislumbra.
Ações como a Semana do Livro, incentivam as crianças e jovens a fomentar a leitura. “Serve como plataforma para instigar as pessoas, as quais participam indireta ou diretamente dela, a realizarem o exercício da leitura para compreenderem sua proposta e, quem sabe, alicerçarem seu gosto pela literatura. Por óbvio, o hábito da leitura parte do individual, mas pode ser construído coletivamente na medida em que passar a fazer sentido para seu potencial leitor”, ressalta.
De acordo com Paula, pedagogicamente, o trabalho com crianças envolve uma leitura lúdica, fazendo uso de referências visuais. “É a chamada dimensão plástica, como fantasias, fantoches, bonecos, bem como no emprego de recursos auditivos e dinâmicas físicas, como a dança. A criança, em sua mais tenra idade, não detém a capacidade de um adulto para interpretar o abstrato, razão pela qual deve-se focar em uma contação de história que assente no que é concreto e palpável, identificável e assimilável nessa fase formativa”, informa.
Conforme a bibliotecária, ler requer atenção, dedicação e zelo. “É um processo de reflexão subjetivo que requer abnegação da parte de quem lê, o qual passará horas imerso no silêncio de seus solilóquios e diálogos internos, consumindo a obra literária enquanto a ambienta no mundo que conhece ou crê um dia conhecer”, frisa.
Além disso, ela conta que um bom leitor é aquele que lê, independentemente do método, sendo ele saudosista, por meio de exemplares físicos, ou funcional e contemporâneo, atualizando-se à leitura digital. “Ele pode conservar a obra ou escrevinhá-la com glosas e considerações”, completa.
Livro Encontrado
Com o slogan “Este livro é um presente! Esperamos que ele deixe o seu dia mais bonito!”, uma das atrações da Semana do Livro é o “Livro Encontrado”. O projeto promove um encontro entre o livro e a pessoa, de forma casual e espontânea. A ação consiste em distribuir obras literárias pelas ruas e praças da cidade, em datas alusivas à literatura, disponibilizando-os em locais de fácil acesso para que sejam encontrados e usufruídos. Neste ano serão distribuídos em locais da Zona Norte, realizado da segunda-feira, 17, da Zona Sul e na Via Del Vino.
A bibliotecária ressalta sobre os benefícios desta ação. “É uma forma inusitada e diferente, de despertar a curiosidade da pessoa, para que ela possa ter acesso aos livros e estimular o seu hábito da leitura. E isso de uma forma descentralizada, literalmente indo de encontro a pessoa. Isso engendra a livre circulação de bens culturais, com difusão e fruição dos mesmos”, destaca.
Fotos: Cláudia Debona