Nosso país vive novamente alguns dilemas na área econômica como quase nunca deixou de ser. Aumentar o gasto público X conter o gasto para controlar a inflação; exportar mais X mais protecionismos; controlar os preços X deixar o mercado agir livremente; privatizar X estatizar; reduzir os juros X controlar a inflação.
Nesse ano, ao contrário do que a prudência fala de que, no primeiro ano de um governo federal, se deveria analisar a situação, controlar os gastos públicos, controlar a inflação para controlar as principais variáveis macroeconômicas e, num segundo momento, expandir a economia com mais investimentos públicos quando a situação já estivesse mais adequada, os atuais governantes do país estão adotando uma estratégia totalmente contrária: a de pisar no acelerador para expansão dos gastos e redução da taxa de juros no grito.
A taxa de juros básicas da economia ( SELIC ) é a taxa adotada para nortear as ações dos agentes econômicos para remuneração do capital, empréstimos, financiamentos e, principalmente, para o governo dizer quanto ele irá pagar aos bancos e portadores dos títulos públicos.
Quanto maior a taxa de juros, menos a economia anda; quanto maior, mais caro fica o dinheiro e menos empresas conseguem suportar; quanto maior, mais parada se torna uma economia, menos emprego é gerado e menos renda se torna disponível para o povo.
Nos últimos 20 anos, já tivemos taxa de juros bem mais altas. Foi no começo do primeiro governo do Lula entre 2003 e 2010 quando o país chegou a 26,5% ao ano, terminando seu segundo governo quase nos patamares atuais. Chegamos a ter também uma taxa maior que a atual, 14,25%, num dos piores momentos de toda história que foi em 2015 e 2016 no segundo governo Dilma, período para ser lembrado pelos muitos erros cometidos, principalmente o de querer reduzir os juros na força e por controlar preços dos combustíveis e de tarifas públicas como as da energia elétrica, políticas que se mostraram totalmente ineficazes e quase quebraram nosso país.
O presidente Lula iniciou 2023 brigando com o mercado e querendo a todo custo baixar a taxa de juros. Não tendo plano econômico robusto ( pelo menos não foi apresentado nem antes e nem depois das eleições do ano passado ) e não se sabendo bem o que o atual governo pretende fazer, brigar com o mercado não é salutar pois é ali que são gerados os empregos, é no dito mercado que as pessoas ganham seu sustento e que a economia gira.
O governo atual não deve brigar com o mercado e, sim, dar condições para que a economia se desenvolva em equilíbrio. Para isso, controlar de alguma forma o gasto público ( vamos ver no novo arcabouço fiscal nos próximos dias), não querer estatizar tudo ou quase tudo, gerar desconfiança no ambiente financeiro e propiciar investimentos produtivos é a melhor saída. Brigar com o presidente do Banco Central para baixar a taxa de juros pode até funcionar no curto prazo. No médio e longo, a economia volta a dominar.
Portanto, Lula deveria procurar ações econômicas mais estruturantes para ganhar a guerra e não apenas ganhar uma batalha.
Pense nisso e sucesso.