Moradores que utilizam os espaços de lazer revelam que é necessário realizar melhorias para garantir uma experiência mais saudável para as crianças e adultos
Nos últimos anos, ocorreu um grande crescimento habitacional no bairro Humaitá. Conforme prédios vão sendo erguidos, a população opta por residir neste local calmo, novo e próximo ao Centro do município. As praças, essenciais para o lazer de quem mora na região, de acordo com moradores, algumas vezes não são tratadas com o devido cuidado.
Falta de iluminação?
A Praça Dom Luiz Colussi, localizada entre as ruas Domingos Paganeli, Emílio Conci e João Antoniazzi, sempre foi um local calmo para famílias terem um tempo de lazer. Atualmente, moradores questionam a falta de cuidado com o espaço público.
A professora de inglês Jenifer Coutinho, 39 anos conta que reside na região há pouco mais de dois meses. “Antes de vir morar aqui, vi uma pesquisa nas redes sociais sobre qual o melhor bairro para se morar e o Humaitá foi o mais assinalado. Outros motivos por optar em estar aqui também foram a distância curta até o Centro e por ser próximo ao meu trabalho”, afirma.
Neste período, a professora nunca viu as lâmpadas redondas da praça se acenderem. “A vizinhança comentou que foram roubados os fios de luz, mais de uma vez. Então, a prefeitura não retornou para trocar a iluminação”, explica. Conforme Jenifer, a segurança fica comprometida e, por conta disso, indivíduos utilizam o local para consumo de drogas. “Eles chegam no final da tarde e permanecem encostados no muro por algumas horas, tornando o local perigoso. Mexem no lixo e depois fica tudo espalhado”, completa.
De acordo com ela, a praça é bem localizada e é legal pela frequência de crianças brincando e pessoas que trazem seus cães para passear. “Os jovens e idosos vêm para tomar chimarrão e conversar. Seria bom ter ela mais preservada e segura, pois é um local calmo e ideal para o lazer da comunidade”, conclui.
A aposentada Maria Salete Donin, 76 anos, vive no bairro há quase meio século e conta que sua residência é uma das primeiras casas a ser erguida por lá. Ela destaca que o Humaitá é ótimo para morar e onde todos os vizinhos se dão bem. “Não estou sabendo de casos de furtos, nem violência. A praça estava um pouco abandonada, mas hoje vieram cortar a grama. Gostaria que continuasse assim, pois há um tempo, a situação era pior”, diz.
Segundo Maria, o problema das lâmpadas foi levemente resolvido ao colocarem alguns leds em estruturas mais altas, porém não ilumina por completo. “Como sempre roubavam os fios de luz dos postes pequenos e tradicionais da praça, a prefeitura resolveu de outra maneira”, frisa.
Um morador anônimo também quis relatar sobre a situação da praça, na qual diz estar abandonada e com pichações nos brinquedos infantis “Hoje que vieram limpar, depois de muito tempo. A questão de não recolocar os fios na iluminação foi decidida pelos moradores, pois viviam sendo furtadas. Quebravam as caixas de concreto e retiravam todo o material elétrico”, relata. Com isso, há cerca de dois meses, a prefeitura instalou lâmpadas de led para tentar resolver o problema. “Está funcionando, não teve mais ocasiões e fica bastante iluminado à noite”, finaliza.
Um local que precisa de melhorias
A Praça Jairo Celso Filippon, localizada no final da Rua Emilio Conci, é alvo de visitas indesejadas, sujeira e má manutenção. A aposentada Gema Cristofoli Polini, 82 anos, viu a construção do espaço de lazer e, de acordo com ela, há 20 anos era muito bonito e recebia cuidados seguidamente. “Atualmente está abandonado, vai mais adultos do que crianças, pois os brinquedos estão estragados e ninguém conserta. Sinto falta de escutar os pais com os filhos, as risadas e felicidade delas quando estavam num ambiente legal. Às vezes aparecem nos finais de semana, mas o local deveria estar adequado para recebê-los”, comenta.
O que deixa Gema mais tranquila é a ação policial realizada pelas redondezas. “Sempre descem até a praça, verificam e cuidam da segurança dos moradores do bairro. Quando vejo que estão passando, fico aliviada”, elogia.
Além disso, uma empresa em frente à sua residência, também está sendo consumida pela vegetação. “Trabalhei durante muitos anos na fábrica de móveis, ali todos os 120 funcionários se respeitavam e realizam um bom serviço. Eu costurava e colava sofás, poltronas e outros objetos que tinham tecido, carregava os produtos e fazia bastante força. Hoje estou toda quebrada”, salienta. No momento, ela lamenta o descaso com o prédio, que desfigura a beleza da rua. “Sempre que ia para fora de casa, me deparava com um pedaço da minha história. Agora está completando abandonado”, conclui.
Um morador anônimo do bairro, que reside há dois anos próximo à praça e a frequenta regularmente, relata que não lembra a última vez que vieram cortar a grama. “Faz tempo. As lâmpadas de led do campinho não funcionam, somente uma das quatro desde que moro por aqui. As da arquibancada não acendem e tudo fica escuro à noite”, alega. Porém, o rapaz disse que nunca viu ninguém ser assaltado. “Apesar do descaso, a segurança não está ruim. Precisaria melhorar o campo, pois tem pouca areia, muitas pedras e grama, não dá para jogar direito e só usamos metade da quadra. Além disso, há muita sujeira e as crianças acabam não utilizando o espaço, pois o parquinho está bem abandonado, quebrado e não seguro”, encerra.
Bonita e agradável
A Praça João Cobalchini, localizada entre as ruas Minas Gerais e Pará tem outro aspecto, visto do olhar da população. Sempre limpa e organizada, faz parte do dia a dia de famílias com crianças e animais de estimação.
Para o professor Wilian Carvalho, 31 anos, o espaço está sendo bem cuidado. “Frequento todos os dias ao levar minha cachorrinha para passear. Os brinquedos para as crianças estão bons e a grama normalmente está aparada. Considero essa e a outra próxima daqui ótimos lugares para lazer”, pondera.
Para ele, morar no Humaitá é sinônimo de tranquilidade. A escolha pela região, há mais ou menos um ano e meio, também foi pela proximidade de seu trabalho. “Encontrei um imóvel onde eu pudesse ir trabalhar a pé, reduzindo o gasto com gasolina. Além disso, por ser um bairro ao lado do Centro, tem tudo por perto, como mercado, farmácia, lojas e mesmo assim, é menos movimentado do que poderia ser. Há pouco barulho e é muito agradável”, ressalta.
A jovem Manoela Ribeiro Amaral, 19 anos, é mãe e frequenta a praça com filho pequeno. Ela elogia o trabalho realizado pela prefeitura no local, destacando a boa manutenção feita nos últimos meses. “Levo ele no parquinho e é um ambiente saudável, perto de casa e não muito utilizado, a calmaria é diária”, diz. Conforme Manoela, os carros que trafegam são poucos, garantindo a segurança no momento da volta para casa. “Nunca tive problemas, pois o movimento é baixo”, valoriza.
Rua ou beco de entrada?
Em relato anônimo, um morador da Rua Ottavio Arlindo Cainelli revela que enfrenta problemas desde que o beco em que morava foi aberto, tornando-se mais uma das vias do bairro Humaitá. “O local não tem estrutura para a segurança dos pedestres e dos que residem nele. Já foi solicitada diversas vezes a construção de uma calçada, pois não temos por onde passar quando há carros transitando”, explica.
Além disso, a falta de estacionamentos preocupa. “Foi uma briga para colocarem uma placa, mas não está no local correto. Tem gente que estaciona em frente às nossas garagens, nos impedindo de sair de casa. Gostaria que resolvessem essa situação, pois se não tem calçamento, não pode ser considerado rua e sim uma passagem”, pede.
O que diz a prefeitura?
O Secretário de Gestão integrada e Mobilidade Urbana, Henrique Nuncio, confirmou que as praças tiveram a fiação roubada nos últimos meses. “Para manter a iluminação acesa e gerando segurança aos frequentadores do local, a secretaria realizou intervenções até uma solução definitiva”, diz.
A Secretaria de Meio Ambiente, segundo o secretário Osmar Bottega, realiza um cronograma de ações para manutenção e limpeza de ruas e praças, com roçada e limpeza. “Já está prevista a realização nestes locais”, anuncia.
De acordo com a diretora do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (IPURB), Melissa Bertoletti Gauer, a rua Ottavio Arlindo Cainelli é uma passagem pública, conforme Lei Municipal nº 2.915 de 03 de janeiro de 2000. “Inicia na rua Humaitá e desemboca na rua Pará”, afirma.
Além disso, a prefeitura informa que em sua totalidade a passagem é composta por construções residenciais sem passeio público com muro e/ou cerca no meio-fio. “Será verificado e repassado para as secretarias responsáveis o que pode ser executado no local”, confirma a assessoria.
Fotos: Cláudia Debona