Obra, que será lançada em março, é resultado de uma pesquisa de quase dois anos feita por Cristian Bernich e Edson Possamai
No início do mês de março, está previsto o lançamento do livro “Converso .cenas de dança”, que apresenta um recorte histórico sobre dança cênica de Bento Gonçalves e sobre a produção da Cia de dança-teatro contemporânea A Trupe Dosquatro. A obra é o resultado de uma pesquisa de quase dois anos feita por Cristian Bernich e Edson Possamai.
Conforme Bernich, escritor do livro, o exemplar tem uma linguagem muito variada em estilos e, por vezes muito coloquial. “Ele se propõe a uma conversa entre artistas da dança, autor e leitor explorando a memória afetiva das pessoas que produziram e/ou produzem a arte da dança na cidade”, comenta.
O material foi editado a partir de entrevistas com artistas que viveram na cidade, familiares e também aqueles que ainda produzem dança cênica em Bento Gonçalves. “Além disso, a pesquisa se voltou para documentos, programas de espetáculos antigos e fotografias que retratam a história da dança local”, pontua.
Entre as motivações para que a obra pudesse ser efetivada está a carência deste tipo de publicação. “De investigação e material gráfico sobre essa arte e a dança parecem-me ainda mais alijada nesse contexto. Com isso, o objetivo é deixar o legado de um primeiro registro sobre a dança bento-gonçalvense para futuras pesquisas, além de incentivar que outras pessoas realizem estudos na área”, aponta.
As descobertas
Durante as pesquisas realizadas, houve alguns achados interessantes. “Os primeiros registros sobre essa manifestação artística ocorrem a partir do ano de 1958 em clubes sociais; nessa época, apenas o balé clássico era o gênero ensinado e somente as mulheres faziam aulas: era parte da educação feminina. Outro aspecto interessante, foi o quão tardia a dança contemporânea começou a ser produzida na cidade, e também, quantos nomes de artistas haviam sido quase esquecidos. Nesse sentido, o livro surge para reapresentar algumas pessoas que tiveram grande contribuição para o que se produz atualmente na cidade”, esclarece.
Entretanto, alguns fatos se destacaram mais que outros. “O que mais me chamou a atenção durante a pesquisa, foi saber que nos anos de 1980 havia o movimento de criar uma companhia de dança que fosse subsidiada pelo poder público, mas que infelizmente não ocorreu”, revela.
Detalhes e primeiras impressões
O prefácio do exemplar será assinado por Helena Katz. “Que é uma das pesquisadoras e críticas de dança mais importantes do Brasil, com reconhecimento mundial. Para mim, foi algo incrível tê-la como participante dessa obra, pois Katz é uma referência para meus estudos teóricos, ela escreveu para O Globo durante anos, além do seu trabalho no campo da crítica. Enfim, de certa forma, é um aval sobre a qualidade da publicação”, realça.
Além disso, o público alvo é para todos que desejam conhecer mais sobre esta arte no município. “Por ter uma linguagem mista – como acadêmica, prosa, verso, texto teatral, livro de artista e, por vezes, até se aproxima de um romance – o livro servirá que para muitos rememorem acontecimentos em dança no município. Além de possibilitar o registro consistente sobre a história de artistas e sobre suas produções em dança”, pontua.
Ele também revela que algumas pessoas já receberam a obra e que o feedback está sendo positivo. “Segundo elas, o livro é emocionante, com um visual lindo e com uma leitura muito agradável. Uma pessoa me disse que está lendo-o pela segunda vez, então acho que cumprirá seu objetivo”, comemora.
Lançamento
O lançamento ocorre no dia 4 de março, no Museu do Imigrante e será um momento de conversa sobre a obra. Além disso, também terá uma exposição alusiva ao livro e a história da dança que ficará no espaço até o fim do mês de abril.
A obra é a publicação do resultado de uma pesquisa relativa ao projeto “Trajetória: um recorte sobre a dança cênica de Bento Gonçalves que é financiado pelo Fundo Municipal de Cultura de Bento Gonçalves, com apoio do Conselho Municipal de Política Cultural (CMPC) e Secretaria Municipal da Cultura (Secult).
Imagem: Divulgação