A doença é um tumor originário das células do sangue. Hematologista do Tacchini esclarece mais detalhes sobre o tipo de câncer
Entre as cores deste ano, uma das escolhidas para fevereiro é a laranja. A Campanha Fevereiro Laranja visa conscientizar a população sobre a prevenção, diagnóstico e combate à leucemia, que é um tipo de câncer do sangue. Os últimos dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) são de 2020 e apontam que o número de mortes no Brasil pela doença foi de 6,7 mil pessoas, sendo 3,7 mil homens e 3 mil mulheres.
De acordo com o hematologista do Hospital Tacchini, Victor Hugo Lenz Pereira, a leucemia é um tumor originário das células do sangue, chamado de tumor hematológico. “Geralmente, inicia-se nas células da medula óssea que, por causa desconhecida, adquirem uma mutação genética que dá origem a neoplasia”, explica.
O médico destaca que existem vários tipos da doença. “Leucemia mieloide aguda; linfoblastica aguda; mieloide crônica e linfoide crônica. Cada uma tem suas características, prognósticos e tratamentos próprios”, menciona.
Segundo Pereira, esse tipo de câncer, geralmente, não tem predisposição. “No entanto, existem doenças genéticas que têm maior incidência de neoplasias. Além disso, há estudos que sugerem que algumas exposições ocupacionais poderiam predispor a ocorrência de leucemias”, salienta.
Conforme o hematologista, não existe prevenção para o problema. “Sabe-se que uma vida saudável, com boa alimentação, bom sono, atividade física, controle de estresse, não fumar e não beber álcool em excesso, pode retardar o aparecimento de neoplasias”, aponta.
A respeito dos tratamentos, Pereira salienta que cada leucemia tem seu protocolo específico. “Desde quimioterapia convencional até novos medicamentes que são ditos terapia-alvo e que agem especificamente na origem da neoplasia”, esclarece.
Sobre as chances de cura, o médico afirma que são muito variáveis. “Cada leucemia tem seu prognóstico especifico. Como exemplo, vou citar a LLA (leuc lin aguda), quando acomete crianças tem uma chance de cura superior a 90%. Ou a LMC (leuc m. crônica) que pode ser controlada com uso de medicamento via oral e a pessoa pode ter uma vida normal”, analisa.
Para ele, o diagnóstico precoce é importante, pois quanto mais cedo se descobre a doença, antes inicia o tratamento adequado. “De acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer), no período de 2020 a 2022, a previsão do diagnóstico no Brasil chegaria a mais de 10 mil casos de leucemia, sendo 5.920 em homens e 4.890 em mulheres”, expõe.
O que aumenta o risco?
De acordo com o Inca, muitos estudos examinaram o papel dos fatores de risco em leucemia mieloide aguda e leucemia linfocítica aguda. O instituto destaca que a radiação ionizante e o benzeno são os fatores ambientais que até agora foram comprovadamente associados à leucemia aguda.
Apesar de não haver causa definida para a doença, a suspeita é que haja associação entre determinados fatores com o risco aumentado de desenvolvimento.
Sintomas
O Inca evidencia que os principais sintomas acontecem por conta do acúmulo de células defeituosas na medula óssea, o que prejudica ou impede a produção das células sanguíneas normais. Isso ocasiona a diminuição dos glóbulos vermelhos, resultando em anemia. Os sinais são:
- Fadiga
- Falta de ar
- Palpitação
- Dor de cabeça
Além disso, a redução dos glóbulos brancos provoca baixa da imunidade, deixando o organismo mais sujeito a infecções muitas vezes graves ou recorrentes. A diminuição das plaquetas ocasiona sangramentos, sendo os mais comuns das gengivas e pelo nariz e manchas roxas (equimoses) e/ou pontos roxos (petéquias) na pele.
Outros sintomas comuns são:
- Gânglios linfáticos inchados, mas sem dor, principalmente na região do pescoço e das axilas;
- Febre ou suores noturnos;
- Perda de peso sem motivo aparente;
- Desconforto abdominal (provocado pelo inchaço do baço ou fígado);
- Dores nos ossos e nas articulações;
- Caso a doença afete o Sistema Nervoso Central (SNC), podem surgir dores de cabeça, náuseas, vômitos, visão dupla e desorientação.
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