Desde o início da pandemia de covid-19, o coronavírus continua a evoluir, dando origem a muitas linhagens descendentes e até mesmo recombinantes. Uma das mais recentes é a BQ.1, uma variante de BA.5, da Ômicron, que carrega mutações em pontos importantes do vírus. Na última semana, a Secretaria da Saúde do Estado do Rio Grande do Sul (SES-RS) determinou estado de atenção em território gaúcho por conta de nova subvariante e recomendou a volta do uso de máscaras.

De acordo com a infectologista do Hospital Tacchini, Isabele Berti, as novas variações são modificações que os vírus podem sofrer, já que são organismos muito primitivos. A divisão funciona, principalmente, de forma acelerada e acaba gerando mudanças nas proteínas que o formam. “Importante lembrar que alguns nutrientes são fundamentais para o aumento dos riscos de infecção, transmissão e também podem aumentar a chance de ter doença grave”, informa.

Conforme a infectologista, a transmissão segue acontecendo por contato com partículas respiratórias de pessoas que estejam com a doença. “O modo de contágio do coronavírus não mudou. Os sintomas principais seguem sendo tosse, febre, dor de garganta, coriza. Algumas pessoas podem evoluir para formas graves de doença com necessidade de internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI)”, alerta.

Segundo Isabele, é necessário seguir higienizando as mãos e fazer o uso de máscara. “Principalmente em locais com aglomeração, pouca ventilação e na presença de pessoas com problemas de imunidade, comorbidades ou que ainda não puderam completar seu calendário vacinal”, afirma.

Vacinação

Segundo a SES, aproximadamente 54% dos que residem no Rio Grande do Sul tomaram três doses, 16,6% imunizam-se quatro vezes e 83%, somente duas vacinações. Mesmo assim, o atraso preocupa os profissionais da saúde, pois cerca de 5.946.283 milhões de pessoas estão com o esquema vacinal atrasado, sem a segunda, terceira ou quarta dose aplicada. “É fundamental para redução da forma grave da doença. Assim como auxiliar na diminuição da transmissão e controle do vírus”, reforça a infectologista.

Existem estudos de novos imunizantes que protegem contra essa variante, que contêm modificações dos já existentes. “Eles ainda não estão disponíveis em larga escala para aplicação. As vacinas atualmente utilizadas no Brasil seguem mostrando benefício em evitar doenças graves, portanto devemos seguir utilizando-as e atualizando com as doses de reforço, conforme idade e comorbidades”, orienta.

Casos

Dados da Secretaria da Saúde do Estado do Rio Grande do Sul (SES-RS), informam que foram confirmados 39.191 mil casos em Bento Gonçalves, desde o início da pandemia. No RS, somam-se 2.751.562 milhões de infectados. A média móvel de casos teve um aumento de cerca de 70% na última semana, somando até dia 11, 386 casos diários de covid-19.

Cuidados e sequelas

A covid-19 pode causar uma trombo inflamação nos pulmões, que seria, em termos gerais, pneumonia. Ainda não se sabe por que algumas pessoas têm e outras não, por isso, todos são investigados. “A médio e longo prazo, os estudos mostram que 30% a 40% desses pacientes ficam com distúrbios respiratórios crônicos, que têm que ser examinados com o passar do tempo e, possivelmente, tratados. Além de que, podem ocorrer embolias e tromboses pulmonares em certos casos”, diz o pneumologista, Adriano Muller.

Pessoas com mais idade, com bronquite asmática, diabéticos, entre outros, possuem mais propensão de contrair a enfermidade e consequentemente, ter sequelas. “No geral, em relação a todas as outras doenças respiratórias, tivemos uma variante, a B.1, que ficou mais intencionada a adultos e jovens de uma forma muito unitária, o que não comum”, ressalta.

No Rio Grande do Sul, cerca de 656.097 habitantes não fizeram a primeira dose de reforço, 3.046.983 não se imunizaram com a segunda e 2.235.797 estão com a terceira aplicação em atraso. Portanto, Muller alerta sobre a importância de todos estarem com a vacinação em dia para ter o mínimo de consequências possíveis para a saúde. “É um risco não se proteger, pois notoriamente a vacina ajudou a reduzir muito a pandemia pelo mundo e conseguiu atenuar os vírus que estão surgindo na sequência. Estamos lidando, cada vez mais, com variantes menos agressivas. Por isso, a imunização, até que se prove o contrário, é essencial para nos defendermos do contato com o coronavírus”, conclui.