Quando, em 1966, Bento Gonçalves decidiu que iria fazer brotar do zero a primeira Fenavinho, que seria brilhantemente conduzida por Moysés Michelon, não havia crédito suficiente na prefeitura para contrair um empréstimo destinado à construção do primeiro pavilhão onde seria realizado o evento com exposição dos produtos locais. Sem pavilhão, onde fazer a festa? O impasse estava criado. Um homem vislumbrou, naquele momento, que o futuro de Bento Gonçalves -cuja história se dividiria entre antes e depois da primeira Fenavinho- dependia de um aval. E deu seu próprio nome como aval. Esse homem era o Dr. Ervalino Plácido Bozzetto, um dos últimos médicos humanitários brotados na era do inigualável Dr. Bartholomeu Tacchini. O aval pessoal do Dr. Bozzetto, um verdadeiro líder comunitário, tornou possível o sonho de Bento Gonçalves, algo que, para a época, parecia impagável. E a história se fez.
Então, 33 anos depois, em 1999, a comunidade assistiu o mesmo gesto se repetir. As feiras internacionais já estavam a pleno vapor, mas a estrutura física precisava evoluir também. Naquele ano, em sua quarta edição, a Fimma Brasil tinha envolvido 742 expositores provenientes de 31 países, movimentando um volume de negócios na ordem de R$ 200 milhões, um novo recorde. Mas o calor de março, dentro dos pavilhões, tinha se tornado insuportável. Era preciso investir em um sistema de calefação de grande capacidade para atingir todo o ambiente das feiras dali em diante ou correr o risco de perder os eventos. O valor disso superava os US3,5 milhões de dólares, mas precisava ser feito. Metade do valor foi assumido pelas feiras Movelsul e Fimma dali em diante . E a outra metade recebeu um financiamento diretamente da empresa que forneceu o equipamento, mas com o aval pessoal de três líderes empresariais: Eurico Benedetti, Silvio Sandrin e Alcides Pasquali Filho, que tinha amizade com o fornecedor, o que propiciou certamente o bom negócio.
Mas necessidade gera necessidade e a evolução dos dois eventos, impulsionando a evolução do setor e da comunidade como um todo, fez com que, em 2007, mais uma vez, fosse preciso ampliar o Parque da Fenavinho, que então já se chamava Parque de Eventos, mas continuou e continua sendo até hoje um parque municipal, apenas sob a administração de uma fundação, a Fundaparque. Era preciso ampliar o Pavilhão (E) e construir um novo, o Pavilhão (F). O volume de investimento, pela terceira vez, era grande, cerca de R$ 5 milhões. Um novo impasse estava criado. Onde conseguir e como? Quem o faria? Quem avalizaria? Para tornar possível, duas entidades, Movergs e Sindimóveis buscaram o sistema financeiro na comunidade. De instituição em instituição, os dois presidentes – Luiz Attílio Troes, da Movergs, e Volnei Benini, do Sindmóveis, passaram em busca do crédito, mas nenhuma podia conceder diretamente o empréstimo. Sem solução no sistema financeiro local, foram em busca de outras fontes e, em Brasília, conseguiram então, através do FUNGETUR, uma linha de crédito no montante necessário, tendo como avalistas pessoais os líderes empresariais Volnei Benini, Edson Antonio Pelicioli, Luiz Attílio Troes, Maristela Cusin Longhi e Tarcísio Vasco Michelon, juntamente com seus cônjuges. A coragem destes cinco empresários e a união do setor demonstrou a força moveleira de Bento Gonçalves e do Rio Grande do Sul.
Com a ampliação da estrutura e a construção da nova área da Fundaparque, originando um acréscimo de aproximadamente 7,5 mil m² de área construída, foi possível aumentar a capacidade de expositores e visitantes aos eventos ali realizados, beneficiando não só o setor moveleiro como toda a economia local e regional, principalmente prestadores de serviços, hotéis e restaurantes, dentre outros.
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