Na sexta-feira, 16 de setembro, foi celebrado o Dia Nacional de Combate e Prevenção à Trombose. A data foi instituída pela Lei nº 12.629/2.012 e tem como principais objetivos aumentar a conscientização sobre a doença, reduzir o número de casos não diagnosticados e incrementar novas estratégias para estudar melhor sobre ela.
A trombose é uma doença potencialmente grave, que surge quando há a formação de um coágulo na veia, obstruindo a passagem de sangue. Isso causa o entupimento do vaso e dificulta o retorno venoso ao coração.
Os dois locais mais comuns onde a doença acomete são nos membros inferiores (trombose venosa profunda) e nos pulmões (embolia pulmonar). No primeiro caso, ela se manifesta por meio de sintomas como inchaço da perna, vermelhidão, cansaço e sensação de queimação. Já no segundo, o paciente apresenta dor ou dificuldade para respirar, cansaço ao realizar atividades do dia-a-dia, e, em alguns casos, febre e tosse com sangue.
De acordo com o médico hematologista do Hospital Tacchini, Victor Hugo Lenz Pereira, a doença pode surgir a partir de inúmeras causas. “Geralmente acomete pacientes que tem má circulação do sangue, que estão no pós-operatório, após alguma cirurgia extensa em que a pessoa fica muito tempo acamada, esteja com câncer, entre outros fatores”, informa.
A trombose é uma doença prevenível, que pode ser evitada ao realizar atividade física, manter o peso adequado e permanecer-se hidratado. Também é importante sempre manter-se atento aos sintomas e perigos. “Entre os fatores de risco para a ocorrência da enfermidade, destacam-se os pacientes com problemas circulatórios e cardiovasculares, diabéticos, hipertensos, obesos, entre outros”, explica.
De acordo com Pereira, o principal exame de diagnóstico nos membros inferiores é a ecografia com Doppler. “É o mais utilizado, pois ele consegue ver os trombos. Mas existem outros, como a angiografia e alguns exames de sangue que podem indicar tipos específicos de trombose”, fala.
O tratamento é feito com o uso de medicamento anticoagulante, que impede a formação de novos coágulos nas veias sanguíneas. “O tempo de terapia vai depender das condições do paciente. Tem pessoas que podem ter uma trombose simples que melhoram em três meses e há casos que precisam ficar anticoagulados pelo resto da vida”, conclui.
O anticoncepcional como vilão
A médica ginecologista e obstetra da Clínica Gestar, Danielle Fenner, diz que não há comprovação do real motivo da relação entre anticoncepcional e risco de trombose. “Contudo, estudos apontam a teoria de que o estrogênio causa resistência às proteínas C-reativas, que são anticoagulantes naturais do organismo. Com isso, o sistema circulatório fica desequilibrado”, afirma.
De acordo com Danielle, nem todas as fórmulas são perigosas, sendo que as pílulas combinadas com estrogênio são as que estão relacionadas ao aumento de risco. “Esse tipo pode aumentar de 1,2% a 1,8% a chance de desenvolver trombose arterial (AVC ou infarto agudo do miocárdio). Já o risco de ter trombose venosa fica de três a seis vezes maior ao tomar contraceptivo oral”, aponta.
Além disso, a doença normalmente ocorre em duas a três pessoas a cada 10 mil habitantes. Contudo, entre as que usam anticoncepcional os números passam a ser de cinco a nove eventos a cada 10 mil indivíduos. “É necessário repensar o uso do anticoncepcional na presença de histórico de doenças circulatórias e cardiovasculares na família. A manifestação de trombofilia genética também é um motivo para considerar outros métodos”, orienta.
Para as mulheres se prevenirem sem o risco de desenvolver a doença, a ginecologista sugere outros tipos de contraceptivo. “Opte por métodos que não apresentam risco de trombose, como pílulas apenas com progesterona, DIU de cobre ou hormonal, entre outros meios de evitar a gravidez”, completa.