São Valentim é uma comunidade tranquila, amigável e com muito potencial de crescimento. A equipe do Semanário observou a grande quantidade de famílias trabalhadoras, que dedicam seus dias para os filhos ou para a localidade. Além disso, há áreas com grandes residências recém-construídas, que dão um visual moderno à região.
Há escolas para as crianças, mas poucos comércios. Um deles é o Supermercado Troyane, que há dois anos mudou de nome e de proprietário. “Antes se chamava Maito e o dono ficou 20 anos neste ponto. Após eu e meu marido nos desligarmos do nosso antigo trabalho, estamos em casa pensando no que íamos fazer, foi então que surgiu a oportunidade de assumir o mercado junto aos nossos filhos”, conta a empresária Janete Geitenes.
Há quase oito anos, ela e a família moram em São Valentim, a proximidade de casa só fez crescer o interesse em gerenciar o comércio. “Conversamos e achamos viável, hoje eu e meu marido ajudamos nossos filhos, mas são eles que tocam o negócio com outros dois funcionários, estão aí de domingo a domingo”, sublinha.
Segundo Janete, seu comércio é muito importante para a comunidade. “As pessoas não precisam se deslocar daqui e ir para o estresse que é o centro para comprar os itens que precisam no dia a dia. Além de que, antes da pandemia tinham mais horários de ônibus, agora só tem um de manhã cedo, outro de meio dia e um próximo à noite, o que dificulta muito para irem para outros bairros de Bento”, realça.
De acordo com a comerciante, a comunidade está apoiando muito a gerência deles, que estão cada vez mais trazendo produtos novos e realizando reformas no supermercado. “Vamos a feiras em busca de conhecimento, trazendo novidade para os clientes. Semana que vem meus filhos vão passar dois dias em Porto Alegre em busca de novas ideias, como o que fizemos com nossa padaria, que agora tem mais variedade de pães e assados”, considera.
Para ela, algumas coisas poderiam ser instaladas no bairro. “Uma farmácia, pois a mais próxima é no São Roque e uma academia, até temos um rapaz que vem dar aula no salão da comunidade, mas não é um espaço próprio para exercícios físicos”, encerra.
A tranquilidade e a comunidade como ponto forte
A aposentada Anair Casagrande Fiorentin, 64 anos, nasceu e morou até os 7 anos em São Valentim. “Depois morei na Capela São Jorge, interior do Rio das Antas, local onde estudei e fiquei até os 19. Saí para trabalhar, casei e voltei a morar aqui”, conta.
Atualmente, a aposentada vive na localidade com o marido e o filho, Adriano. “Optei por morar aqui porque é um lugar bom e calmo. Pontos positivos tem vários: a igreja, o salão da comunidade e o pessoal daqui é muito gente boa”, salienta.
Sobre os pontos negativos, Anair evidencia os horários de ônibus. “Só temos um de manhã e um à tarde. Aos sábados e domingos não tem transporte. Além disso, o posto de saúde está fechado há mais de dois anos, temos que ir para Tuiuty e não tem como”, relata.
A cozinha como paixão
Danilla Simonetto de Costa, 85 anos, mora há 64 na comunidade São Valentim e recorda o motivo de sair de Veranópolis para se estabelecer onde está até hoje. “Sabe quando se é nova e vai para os bailes? Achei um namorado daqui, casei em 1954 e vim morar aqui”, conta.
As festas realizadas no salão de São Valentim sempre foram regadas de muita comida boa feita por Danilla, a cozinheira aposentada confessa que sente falta de participar. “Meu marido faleceu em 1977, eu tinha 39 anos. Após ficar viúva, comecei a cozinhar nas festas e só fui parar agora, após 45 anos de trabalho, pois não tenho mais condições. Mas sinto saudades dos momentos de confraternização que tinha nos eventos”, revela.
Danilla orgulha-se de confraternizações nas quais regeu a cozinha, como encontros de famílias, de quando cozinhou na festa da Santo Antônio, no salão do bairro Juventude, no aniversário do padre Isidoro, entre diversas outras ocasiões. “Fui a mais de 15 comunidades, no São Roque, frequentava seguidamente. Teve uma vez que tive que cozinhar para mais de 1.500 pessoas”, menciona.
Recentemente, o Centro de Tradições Gaúchas Gaudério Serrano pediu para a cozinheira atuar no comando dos fogões em uma festa para 500 pessoas, mas ela recusou. “Não consigo mais fazer as tortas de 50kg que fazia antigamente. Há anos atrás, no aniversário do padre Isidoro, fiz mais de 80kg de torta, tinha bastante gente. Mas agora não tenho mais condições”, fala.
Ela recorda de quando confeitava de 30 a 40 tortas para as festas da comunidade, junto a uma equipe competente. “Também confeccionei bolos para vários casamentos, era uma época muito boa e adorava o que fazia. Os funcionários sempre se davam bem e realizávamos um ótimo evento”, declara.
A cozinheira aposentada conta que sempre foi bem recebida por onde passava e sua comida era muito elogiada. “Em todos os lugares que fui, como Veranópolis, Tuiuty e bairros de Bento, as pessoas eram educadas e iam para casa satisfeitas com meu trabalho”, finaliza.
Moradores desfrutam de bem-estar e cultura
O subprefeito de Tuiuty, Tiago Coser, afirma que na sua função, está sempre em contato com os moradores da localidade para ouvir as demandas e em busca de solucionar problemas relacionados a limpeza e manutenção das estradas. “A comunidade é bem atendida na Unidade de Saúde, que tem médico de segunda a quinta-feira, contando alguns turnos e dois médicos”, evidencia.
Conforme Coser, o local também foi o primeiro distrito beneficiado com o programa de pavimentação do interior com a estrada Moyses Pedrotti. “O processo para licitação está em andamento. Além disso, está em conclusão o Centro Cultural Tuiuty, que será um novo espaço para nossa comunidade”, comemora.
Sobre as festas tradicionais, o subprefeito expõe que são realizadas com frequência no distrito. “Entre elas a Festa da Juventude que acontece todos os anos, do padroeiro São Valentim, visita do padroeiro São Roque, chá Sant’Ana. No dia 15 de outubro, vai ter o primeiro festival da batata frita em São Valentim”, conclui.