Neste domingo, 14 de agosto, uma data muito especial é comemorada: o Dia dos Pais. Para homenagear a figura paterna, o Jornal Semanário conta a história de Sabrina de Lima Greselle, uma filha que leva seu pai como inspiração para as paixões que desenvolveu em sua vida e, de Marcio Mossatte Moraes, um pai do rock’n roll, que é exemplo para os filhos, principalmente o mais velho, que já acompanha sua trajetória dos palcos.

Histórias que inspiram uma vida

A historiadora Sabrina conta que, entre as várias lembranças de sua infância, uma muito simbólica é o seu primeiro dia de aula. “Foi o pai que me levou, lembro que estava muito animada e feliz. Mas quando a professora falou que os pais iam para casa e os alunos iriam ficar na escola, comecei a chorar desesperadamente. Não estava pronta para que ele fosse embora”, lembra. Como uma tradição, até o terceiro ano do ensino médio o jogador de futebol amador de Bento Gonçalves, Flávio Luís Greselle, levou a filha no primeiro dia do ano letivo.

Outras memórias marcantes foram dos campeonatos e estádios, nos momentos em que Gresselle levava a filha para assistir os jogos. “Lembro de estar torcendo porque era o pai que estava jogando, da comemoração depois que ele ganhava algum título. Também de que nunca entrei no campo com ele, em nenhum jogo, porque tinha muito medo de foguete”, rememora.

De acordo com Sabrina, seu pai a inspira em diferentes aspectos da vida. “Acho que a pessoa que ele é, como sempre trata com respeito e cordialidade quem está ao redor dele. Também sempre foi muito presente para mim e para o meu irmão de 11 anos, de brincar com a gente e de apresentar lugares novos”, relata.

O jogador nasceu na comunidade de São Luís das Antas, local que apresentou histórias que se tornaram encantadoras para a jovem de 23 anos. “É uma antiga vila ferroviária e eu, como historiadora, é isso que pesquiso. Também foi ele quem me fez gostar muito de história e dessa localidade. Além disso, admiro a relação dele e da minha mãe, um casamento de longa data, como eles se amam, se gostam, se relacionam e se tratam. São pontos fortes que me inspiram”, expõe.

Greselle também tem um impacto na paixão que a filha tem pelo futebol. “Acho que é um resultado de sementinhas que meu pai plantou lá quando eu era pequena”, aponta. Ele inseriu Sabrina no futebol amador, a levando para os jogos. “Meu pai sempre jogou bola, então posso dizer que desde que nasci vou para jogos de futebol aqui da cidade. Lembro que domingos de tarde era praticamente sagrado, a gente já sabia, almoçava mais cedo para se organizar, porque ia ter jogo de tarde”, sublinha.

A trajetória inspirou a historiadora a organizar, em maio, uma exposição sobre futebol amador no Museu do Imigrante. “Quando surgiu a ideia, foi por conta do meu pai, de tudo que o futebol significa para ele e o reconhecimento que ele tem em Bento. Também foi o meio de eu chegar a outras pessoas importantes, porque como ele tem muitos conhecidos que jogaram e que ainda jogam, sempre foi um meio de ligação muito forte com as entrevistas que fiz. Ele também emprestou acervo como camisa, troféu, medalha e jornais”, relembra.

Sabrina enfatiza as principais lições de vida que aprendeu com o seu herói, e a primeira é sobre ter sonhos. “Ele sempre disse que a gente morre quando para de sonhar. Me ensinou sobre respeito, educação e amor. Também tem a questão de a família ser importante, como a gente precisa tê-la por perto”, frisa.

Conforme a historiadora, Flávio sempre foi um dos seus maiores apoiadores em projetos de vida pessoal e profissional. “Quero desejar para ele um ótimo Dia dos Pais, dizer que eu o amo muito. Ele é uma inspiração para mim e também uma base da minha vida. Agradecer por tudo que ele passou e ainda passa por mim e pelo meu irmão. A mulher que sou hoje, devo muito aos ensinamentos que tive dele na infância na adolescência”, conclui.

Um dom de pai para filho

O médico e músico, Marcio Mossatte Moraes, conta que não tinha o desejo de ter filhos até conhecer sua esposa. “Não me via como pai e quando conheci ela, a gente começou a planejar a nossa vida juntos e veio o desejo. Hoje tenho dois filhos, o Gabriel, de quatro anos, e da Julia, de um ano e três meses”, recorda.

Quando Gabriel nasceu, tudo mudou. “É como se a minha vida tivesse outro foco. Antes acabava focando mais em mim, ou no casal, mas acabamos dando toda a prioridade para o filho, ele em primeiro lugar”, salienta.

Logo cedo, Moraes percebeu que ‘Gabi’, como é carinhosamente chamado, estava conectado ao mundo da música. “A gente colocava Beatles versão infantil para a hora do banho dele, para relaxar. Sempre utilizamos música como fundo para certas situações da criança e desde pequeno ele se interessou. Como tem vários instrumentos em casa, sempre gostou de teclado, até ukulele. Uma vez ele viu os vídeos das bandas de rock tocando, e um dia chegou até a quebrar o instrumento, jogou no chão querendo imitar”, menciona.

O pai explica que, como Gabriel é da geração da pandemia, eles tiveram a oportunidade de passar bastante tempo juntos. “E ele desenvolveu bastante essa parte musical. Na época, a gente também fez vários vídeos para a minha banda, com participação dele. Foi bem bacana esse momento, acabamos ficando mais próximos”, destaca.

Gabriel começou a acompanhar o músico desde cedo nos shows. “A gente já levava e ele sempre gostou muito de dançar e curtir. Quando era menor, gostava muito do Mundo Bita. Meu filho sempre foi muito musical, tem um bom gosto. Recentemente ele foi em uma apresentação, quis tocar bateria, que também gosta muito”, narra.

Sobre as profissões do pai, o pequeno sente bastante orgulho. “Ele acaba me vendo mais como músico. Tenho que sair nos finais de semana, os shows, ensaios, ele consegue enxergar mais. Até mesmo porque já me viu tocando, então tem essa noção. Ele nunca me viu trabalhando como médico”, diz.

A respeito dos conhecimentos que a paternidade proporciona, Moraes acredita que a cada dia são novos aprendizados. “Situações novas, parece que todos os dias as crianças estão diferentes e a gente vai aprendendo coisas e se colocando em situações que precisamos captar e entender melhor”, finaliza.