Entenda o que são, seus sintomas, tratamentos e como os principais tipos encontrados no Brasil afetam a população
Na última quinta-feira, 28, foi comemorado o Dia Mundial da Luta Contra Hepatites Virais, enfermidades que são um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. De acordo com o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, houveram 673.389 casos no Brasil entre 1999 e 2019. Essa doença viral infeciosa que ataca o fígado, pode se manifestar de diversas formas na população, portanto, é fundamental saber como se proteger, identificar os sintomas e quando buscar tratamento.
A infectologista do Hospital Tacchini, Dra. Isabele Berti, ressalta que há mais de um milhão de pessoas no mundo que sofrem com a doença e muitas só apresentam sintomas quando o caso está avançado. “Grande parte desconhece que está contaminada com o vírus e que pode buscar tratamento, nem que há uma prevenção. Alguns pacientes aparecem com uma cirrose que não sabem de onde surgiu, com o fígado já muito doente e fora de seu processo normal de trabalho, descobrindo através de exames que estavam com Hepatite B ou C. Além de nódulos no fígado e tumores causados pelo dano que o vírus fez ao organismo durante o tempo que esteve ativo”, informa.
Os principais tipos identificados da infecção agudas ou crônicas, são A, B, C, D e E. No Brasil, os mais comuns são causados pelos vírus A, B e C. “Podemos sim ter hepatites D e E, já tivemos diagnósticos, porém são muito esporádicos e, normalmente, trazidas de viajantes que tiveram o contágio fora do país”, comenta.
A importância de levar informação à população sobre esse assunto ainda é o foco, além de reforçar a medicina preventiva para identificar precocemente e ter uma cura bem-sucedida. “Precisamos retomar esse tema todos os anos e ir cada vez mais fundo, pois estamos avançando nas pesquisas e, agora, algumas das hepatites tem tratamentos menos danosos,”, conta.
Hepatite A
É transmitida através da ingestão de água ou alimentos contaminados, sendo mais frequente em crianças. “Antigamente tínhamos muitos surtos em comunidades, creches, escolas e locais com aglomeração e compartilhamento de alimentos, pois ainda não existia a vacina”, lembra a médica.
Para prevenir a contaminação, é importante lavar bem os alimentos crus, deixando-os de molho em soluções preparadas com água sanitária. Além de lavar bem as mãos após o uso do banheiro, antes de preparar refeições e antes de se alimentar.
Os sintomas são mais presentes neste tipo de hepatite, no qual o doente fica acanhado, tem febre e pele amarela. “Os pequenos ficam ruinzinhos e com amarelão, mas acontece uma curva de cura e não fica no corpo, que consegue fazer a eliminação do vírus”, acrescenta.
Ela tem vacina disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), fazendo parte do Calendário Nacional de Vacinação para crianças de 15 meses a cinco anos incompletos.
Hepatite B e C
As hepatites do tipo B e C, podem ser transmitidas através do contato com sangue ou tecido infectado e em relações íntimas desprotegidas. Isso as torna doenças sexualmente transmissíveis, ou que se obtém pelo uso de objetos pessoais infectados, pelo compartilhamento de seringas e outros objetos perfurantes. “Usuários de drogas injetáveis dividem materiais e podem se contaminar com muita facilidade. Nas relações sexuais, o contágio vem do contato com mucosa e micro sangramentos que ocorrem durante o ato”, informa.
De acordo com Isabele, o contágio destes dois tipos por profissionais da saúde era frequente no passado, pois não haviam equipamentos de proteção adequados para a coleta de sangue. “Há um tempo, quem trabalhava na área corria riscos, pois as agulhas não tinham aquela proteção que deixa o bisel protegido, deixando a ponta exposta e tendo contato com o sangue de alguém contaminado”, menciona.
Em casos de contaminação por hepatite B e C, os sintomas podem surgir de maneira mais leve e silenciosa, ou de forma mais aguda com febre, mal estar, dores no corpo e na região do abdome, diarreia e vômito. Segundo a infectologista, ao chegar de forma silenciosa, o vírus fica encubado e cronifica com o tempo, como nos casos que a pessoa tem e não se dá conta, deixando de ir fazer um teste ou ir atrás de tratamento, o que acaba gerando disseminação do vírus e agravamento do quadro clínico do afetado. “O tipo B pode ser eliminado pelo corpo e deixar o infectado imune, já o tipo C tem um comportamento totalmente diferente, fazendo uma cronificação maior e com mais dificuldade de eliminação do vírus. Mas o bom é que agora ela tem tratamento, que obteve 99% de cura”, aponta.
Para o tipo B também existe vacina, na qual crianças e jovens de até 20 anos devem tomar até três doses da imunização. Ela também é indicada para profissionais da saúde, bombeiros, policiais, manicures, hemofílicos e pacientes que fazem hemodiálise.
Além da ação, a Secretária da Saúde dá dicas para se proteger contra as hepatites virais:
• Use camisinha, não compartilhe seringas, agulhas, lâminas de barbear, escovas de dentes.
• Tenha seu próprio kit de beleza.
• Exija material descartável para procedimentos, incluindo colocação de piercing e/ou tatuagens.
• Faça o teste: os testes rápidos são gratuitos e sigilosos e estão disponíveis nas Unidades de Saúde e no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), localizado na Rua Goiânia, 590, bairro Juventude.
• Vacine-se, o imunizante da hepatite B está disponível na rede pública para todos. Já o da hepatite A faz parte do calendário vacinal da criança. Fique atento, verifique sua carteira de vacinação.