Alguns escondem suas excentricidades como se elas fossem o lado escuro da Lua, que ninguém pode ver. Outros não dão a mínima para a opinião alheia, especialmente os gênios. Talvez sua genialidade se deva mesmo à liberdade de “sair do centro”. Deixar fluir as ideias sem censura, por mais estranhas que pareçam e muitas vezes materializá-las.
De todas as esquisitices famosas registradas, acredito que a mais complexa foi vivenciada por Leonardo da Vinci. Ele usava uma caligrafia ilegível e escrevia ao contrário. O filósofo Descartes tinha um gosto singular, se apaixonava por mulheres estrábicas, por elas olharem em diferentes direções ao mesmo tempo. Já a esquesitice de Beethoven era andar em círculos e jogar água gelada em si mesmo, para se inspirar. Thomas Edison escolhia seus colaboradores através de um prato de sopa e um pote de sal. Se o candidato adicionasse sal antes de provar o caldo, já estaria eliminado.
Celebridades atuais também têm essas válvulas de escape. Mel Gibson não come frango por medo de que cresçam pelos em seu peito. Leonardo Di Caprio só caminha por calçadas lisas e sem fendas, fazendo sempre o mesmo trajeto e, se errar, volta ao local da saída. A cantora Mariah Carey só faz sexo às segundas-feiras. Woody Allen mede a sua temperatura a cada trinta minutos, para ver se está tudo certo com sua saúde. Antônio Fagundes passou muitos anos usando cuecas vermelhas, para que elas trouxessem sorte no amor. Já Anita declarou que adora falar em assuntos fecais. Vai ver é por isso que ela mandou tatuar a reentrância posterior da sua anatomia.
Bom, como todo ser mortal, também carrego manias. Algumas que podem ser contadas… Como esta, que já tem uns vinte anos. Então. Tendo vendido meu Lamborghini bege, ficava difícil o deslocamento do trabalho para casa. Como o horário do ônibus não fechava, eu pedia carona a uma colega. Assim que eu sentava no carro, fazia o sinal da cruz. Mecanicamente. Quando ela dava partida, repetia o gesto. Sem pensar. Um dia a colega parou o carro de repente e me metralhou:
-Escuta, Denise, se tu tem medo de andar comigo, cai fora!
Não foi fácil convencer a motorista de que se tratava apenas de um hábito.
Hoje em dia, ainda me benzo. Uma, duas, três vezes… mas só quando EU estou no volante, tendo o cuidado de não fazê-lo na presença de eventual caroneiro. Seria bizarro ele pedir pra descer…