Coordenadora da Vigilância Ambiental de Bento, Simone Menegotto, afirma que o cenário é preocupante na cidade. Infectologista do Tacchini Sistema de Saúde, Nicole Golin, esclarece as diferenças entre Dengue, Chikungunya e Zika
Nos últimos meses, o aumento do número de focos do mosquito Aedes Aegypti vem deixando Bento Gonçalves em alerta. Na quinta-feira, 12, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) confirmou o primeiro caso autóctone de Zika, ou seja, que foi contraído na cidade. Além disso, há pelo menos outros 47 possíveis casos de Dengue, Chikungunya ou Zika que seguem em análise no Laboratório Central de Saúde Pública do Estado do Rio Grande do Sul (Lacen), aguardando resultado.
De acordo com a coordenadora da Vigilância Ambiental de Bento, Simone Menegotto, para combater o mosquito, estão sendo intensificadas as visitas dos agentes de endemias “em espaços públicos, residências, empresas, além de ações de bloqueio, que é a intervenção com fumacê nos focos e casos positivos”, afirma.
Simone confirma que a situação na cidade causa preocupação. “O cenário preocupa sim, pois são mais de 100 focos positivos do Aedes”. Além disso, ela pede que cada cidadão colabore. “Pedimos insistentemente que cada um faça sua parte, não deixando água parada, pois é a melhor maneira de evitar a proliferação do mosquito”, salienta.
De acordo com as informações divulgadas, os bairros com o maior número de incidência são: Vila Nova, Barracão, Eucaliptos, COHAB, Progresso, Centro, Humaitá, Licorsul, São Roque, Zatt, Ouro Verde.
Existe grupo de risco para essas doenças?
Questionada se há pessoas mais vulneráveis para essas doenças, a infectologista do Tacchini Sistema de Saúde, Nicole Golin, afirma que os extremos de idade, crianças e idosos são sempre considerados de maior risco. “Assim como pessoas com imunodeprimidas (doenças autoimunes, em tratamento para câncer, etc.). No caso do Zika vírus, as grávidas são consideradas um grupo de maior risco, pelas consequências que podem haver para o feto, principalmente a microcefalia”, responde.
Também de acordo com Nicole, não existe tratamento específico, até o momento, para nenhum dos três vírus. “O manejo das doenças causadas por eles ocorre principalmente com medicamentos sintomáticos e hidratação adequada”, afirma.
Por fim, a infectologista orienta que na presença de qualquer sintoma citado, o paciente procure atendimento médico. “Também deve fazer repouso e ingerir bastante líquido durante os dias de manifestação desses sinais. Alguns medicamentos, como ácido acetilsalicílico e anti-inflamatórios, podem aumentar complicações hemorrágicas, principalmente em caso de dengue. Por isso, ao apresentar os sintomas a pessoa não deve se automedicar”, finaliza.
Entenda a diferença no quadro clínico entre Dengue, Chikungunya e Zika
Nicole esclarece quais as principais diferenças entre Dengue, Chikungunya e Zika, doenças adquiridas e transmitidas pela picada do mosquito Aedes Aegypti.
Dengue: “É caracterizada por febres altas, geralmente acima de 38,5 C. Tem duração média de sete dias, com dores de cabeça, nas articulações, muita fraqueza e dor atrás dos olhos. Podem surgir algumas manchas avermelhadas e coceira no corpo. Também pode cursar com episódios de náuseas e vômitos, causando desidratação. A forma de dengue hemorrágica é considerada grave e pode levar à morte”, afirma.
• Estão sendo estudadas vacinas para combater a doença
Chikungunya: “Também é marcada por febre altas e os sintomas podem durar cerca de dez dias. As dores musculares, nas articulações e de cabeça são o que mais incomodam. Pode cursar com surgimento de algumas erupções pelo corpo. É importante destacar que os sintomas são muito parecidos com os da dengue, porém, mais dolorosos. A permanência dessas dores pode persistir por semanas ou meses após a infecção”, explica.
• Não existem vacinas para tratar a infecção e ela também pode levar à morte.
Zika: “A principal evidência são as manchas avermelhadas na pele, que causam coceira. Além disso, o vírus causa febre baixa, dor nas articulações, nos músculos, olhos vermelhos sem secreção e dores de cabeça. A duração pode ser até sete dias. Esse vírus está ligado ao desenvolvimento de outras doenças, como a microcefalia e a Síndrome de Guillain-Barré. Nessa última, uma das principais complicações é a dormência pelo corpo (perda de força) e as manifestações neurológicas como paralisias faciais. As grávidas são consideradas as pessoas com maior risco, por conta da microcefalia que pode causar nos bebês.
• Ainda não existem vacinas para combater a doença.