O maquinista Fabrício Paloschi comenta sobre o carinho em conduzir um dos símbolos de Bento Gonçalves, a Maria Fumaça
As estradas de ferro possuem um valor grande para a história de qualquer país que já necessitou de locomotivas para levar e trazer mantimentos, passageiros, famílias e sonhos. Por conta disso, foi escolhida uma data para celebrar aqueles que mantém esse transporte nos trilhos, o Dia do Ferroviário, comemorado hoje, dia 30 de abril.
Bento Gonçalves possui um laço grande com um trem específico, a Maria Fumaça, que faz parte do roteiro turístico da região, onde muitos se apaixonam pela Serra e realizam as fantasias de andar no peculiar veículo. Para lembrar a data e sua importância, a reportagem do Jornal Semanário conversou com um maquinista da cidade, para entender qual o caminho que o trilhou até esta profissão.
O caminho até Bento
Fabrício Palosch, de 42 anos, é maquinista da Maria Fumaça há cinco anos, mas começou a trabalhar nela ainda antes, em 2015, quando entrou como auxiliar de maquinista. O trajeto que passou até chegar na profissão que se considera apaixonado, foi construído com amizades.
Palosch é experiente na área ferroviária, pois trabalhou na ferrovia de trens e cargas na ALL, em alguns municípios, como Passo Fundo, Roca Sales e Canoas. Foi em Roca Sales que conheceu aquele que o ajudou. “Meu amigo acabou saindo da empresa e um tempo depois veio trabalhar aqui. Eu também sai da ALL e, por intermédio dele, consegui o emprego”, explica.
No começo, ele precisou trabalhar como auxiliar e acompanhava o trem durante o percurso, sendo responsável por controlar o nível de água do visor da caldeira e avistar as laterais da locomotiva nas curvas, enquanto o maquinista fica sem conseguir enxergar alguns pontos. Já em 2017, ele assumiu como o responsável e a autoridade maior do passeio.
Profissão de responsabilidade
Palosch comenta que se esforçou muito para se tornar um maquinista. Ele detalha que o trabalho necessita de muita e constante atenção, pois até 400 pessoas são transportadas por viagem. O profissional precisa conduzir o trem, controlar a parte de freio, apitar nas passagens de nível para evitar acidentes e cuidar carros e pessoas para que não atravessem na frente.
Mesmo com todo aprendizado e técnica que recebeu na Maria Fumaça e outros locais de trabalho, ele relembra que o primeiro dia como maquinista foi o que mais o deixou nervoso. “Eu era responsável pelos auxiliares, determinando o que iam fazer ou não, conduzia aquela quantidade de pessoas, então, deu aquele friozinho na barriga. Nem olhava para os lados, só para a frente, preocupado com o trem, pensando em ir e voltar bem. Graças a Deus deu tudo certo”, lembra.
O reconhecimento e as histórias nos trilhos
Toda viagem, de acordo com Palosch, é diferente. Os turistas oferecem essa experiência dinâmica, pois se tratam de pessoas de outros estados e países que visitam Bento Gonçalves. Por conta da interação com os passageiros, ele aprende algo novo a cada caminho trilhado. “Tem turista que quer saber tudo da locomotiva e isso é legal, gosto de explicar o processo. Acabo conhecendo pessoas”, comenta.
Com a chegada do Dia do Ferroviário ele pondera que faz parte de um trabalho diferenciado e muito gratificante. Palosch diz que quando está longe dos trilhos sente saudades dos detalhes, como do próprio barulho da máquina. “Sou apaixonado e não me imagino fazendo outra coisa”, finaliza.