No Dia das Mães, todo mundo quer dar um presente especial. Porém, a alta de preços em todos os setores faz com que os filhos repensem no que comprar para presentear quem lhes deu a vida.
A mentora e treinadora de mentalidade e comportamentos para resultados financeiros, Rita Marasca, afirma que dá para realizar uma homenagem e manter o orçamento em dia. “Primeira dica que sempre vou dar: alimente seu pensamento e seu coração que o presente ideal não tem propriamente a ver com o preço do produto, mas sim, o quanto ele demonstra seu afeto e gera uma experiência nesse dia especial”, salienta.

Além disso, Rita sugere sondar a mãe sobre o seu gosto no momento atual, o que seria útil ou importante, o que está precisando. Depois, ela recomenda olhar para o orçamento e se perguntar qual parte dele tem como utilizar. “Quanto você tem e pode investir nesse presente? O ‘ouro’ aqui está em pesquisar. Temos muita tendência em sermos imediatistas ou procrastinamos e acabamos deixando para última hora. Aí compramos o que dá ou além do que poderíamos no momento”, aconselha. Unir irmãos na hora de presentear pode ser uma boa alternativa, segundo a mentora, pois pode permitir presentear com algo que será ainda melhor e mais útil.

Usar a internet também pode ser uma opção, mas depende da situação. Para a treinadora, às vezes, um produto na internet tem um preço mais baixo, mas na hora de parcelar, muitos consumidores olham para o custo da parcela, que ela cabe no seu bolso do mês e, não somam para ver o valor final, onde geralmente estão embutidos os juros. “Outra questão é, o valor do produto está mais barato, mais baixo que o da loja física, porém ainda terá o frete. Um terceiro ponto é o de não negociarmos, na loja física tem todo um custo de estrutura e atendimento, o que na online é reduzido. Dessa forma, podemos negociar, olho na internet e vou na loja para ver se consigo chegar a um valor próximo. E sim, muitos produtos vendidos virtualmente vão estar mais em conta, mais baratos e serão uma ótima opção de economia”, realça.

Parcelar é um problema?

Para Rita, o parcelamento se torna um problema quando não se tem controle emocional e organização financeira. Ela afirma que ter o domínio das emoções auxilia a identificar se a compra a ser realizada é porque o comprador quer e pode, porque precisa e isso não fará falta no orçamento, ou se está sendo feita por conta de sentimentos como tristeza, decepção, chateação e frustração. Comprar algo para sentir-se melhor momentaneamente pode causar problemas de endividamento no futuro. “Quando tenho organização financeira, consigo planejar, compro muito melhor, vou usando o dinheiro com inteligência, parcelo de acordo com o que cabe no orçamento e no final do mês terei tranquilidade, pois estava organizada para isso”, destaca.

A educação financeira precisa estar presente até em datas especiais. A mentora cita que tal aprendizado é essencial. “Nós fizemos parte de um país voltado ao consumo e não tínhamos uma cultura de sermos educados financeiramente, e isso veio passando de geração em geração. Há poucos anos estamos entrando nessa nova fase de nos educarmos e passarmos a educar as gerações que estão chegando. Dinheiro é dominado 100% pelas nossas emoções e quando vamos comprar algo para alguém que é importante e especial em nossas vidas, vamos ficar emocionalmente empolgados e motivados, e se não tivermos uma organização, uma educação financeira e um controle emocional, muitas vezes podemos acabar nos endividando”, conclui.

Expectativa de vendas para a data

Segundo o presidente do Sindilojas Regional Bento, Daniel Amadio, a pesquisa para o Dia das Mães apontou que 41% das pessoas pretendem comprar presente, se comparado a 2021, que esse universo era de 48%, demonstra um recuo de público. “Chama atenção na pesquisa que várias pessoas manifestaram a perda da genitora, devido à pandemia e isso diminuiu muito o público consumidor”, menciona.
Neste ano, porém, o ticket médio será de R$ 206,09, quantia maior se comparado a 2021, quando o valor de compra foi R$ 156,23. “Houve uma elevação de recurso disponível para esse fim, sendo um ótimo sinal”, realça.

Amadio aponta, ainda, que quanto aos setores que mais vão vender o primeiro vai ser o vestuário (23), seguido por perfume e cosméticos (19%) e calçados (12%). “Ainda 61% devem comprar em loja física e 77% pretendem pagar à vista. Para finalizar, 50% dos entrevistados visam confraternizar com as mães, o que é muito importante. Acreditamos numa data interessante e o comércio que se preparou, irá colher os frutos”, evidencia.

O presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Bento Gonçalves (CDL-BG), Marcos Carbone, enfatiza que este ano, após os dados preocupantes da pandemia baixarem, acompanha-se o reaquecimento gradual da economia. “Percebe-se de forma muito clara o otimismo e o positivismo no setor do comércio, mas é preciso entender que muitas parcelas da população ainda estão com seu poder de compra reduzido. Esse contexto exige dos lojistas um exercício extra no estudo e adequação tanto de mix de produtos como das condições de compra, a fim de manter aquecido o ciclo dos negócios”, pensa.

Carbone também frisa que o Dia das Mães é a segunda data indutora de vendas mais forte no calendário do comércio, atrás apenas das festas natalinas. “Tradicionalmente, vem carregada de boas expectativas e, pelo que tem sido possível já antecipar, essas projeções devem se confirmar neste ano, com ótimos resultados para os lojistas. Espera-se crescimento de vendas na casa dos dois dígitos”, prevê.

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