Horários de dormir e acordar, alimentação e tempo dedicado a atividades de lazer se alteram. Além disso, nova sala de aula, professores e colegas requerem adaptação especial, que varia de um aluno para outro
Quando se aproxima dezembro, as crianças já entram em clima de férias. Sem uma rotina regrada, torna-se possível fazer passeios, ir à praia, visitar a casa de parentes, amigos e comer os mais diversos alimentos. O novo ano, porém, começa a trazer de volta as responsabilidades para os adultos e também aos pequenos, pois as aulas retornam e uma realidade com novos aprendizados os aguarda.
Pode ser difícil, entretanto, readaptar as crianças a terem rotina, o que é um desafio para os filhos e também para os pais. Segundo a psicopedagoga Rosangela Reginato, durante as férias os hábitos dos pequenos se alteram de forma significativa. “Desde os horários de acordar e dormir, alimentação e tempo dedicado às brincadeiras. A resistência em reorganizar o sono, alimentação e higiene, são os problemas enfrentados pelas famílias”, menciona.
Para quem ainda tem alguns dias para adaptação, já pode colocar em prática o que precisa ser feito no dia a dia em 2022. “É importante, de cinco a sete dias que antecedem a volta às aulas, que comece a retornar a rotina de forma gradual e tranquila para acostumá-los. Aos poucos colocando as crianças na cama mais cedo, para que até o retorno, elas estejam indo dormir mais cedo e acordando mais próximo do horário regular, evitando atrasos”, aconselha.
Além disso, é possível fazer a volta para a escola ser um momento especial e aguardado, ajudando os filhos na mudança prevista. “Preparando um calendário de contagem regressiva. A criança pode participar da compra e organização dos materiais escolares, arrumando a mochila, separando os uniformes e o que mais for necessário”, recomenda a psicopedagoga.
Em alguns casos as mudanças são ainda mais drásticas, pois alguns alunos precisaram ser transferidos de escola. Novos professores, colegas diferentes ou outra residência podem despertar instintos ainda desconhecidos pelos estudantes. “O primeiro dia de aula pode gerar sentimentos de ansiedade, medo, e insegurança, tanto nos pais, quanto nas crianças”, ressalta Rosangela.
Para ela, é muito importante que os pais escolham um educandário que transmita confiança e, antes da adaptação escolar, conversem com a equipe para tirar todas as dúvidas. “Explicar as características do seu filho, pois quanto mais a escola conhecê-lo, mais ela está preparada para acolhê-lo”, realça.
Além disso, o principal diálogo inicia em casa. “É essencial conversar bastante com a criança, falando palavras carinhosas e a estimulando positivamente sobre a escola. Se ela resistir, é fundamental acolhimento amoroso, ter muita paciência e fazer uma adaptação gradativa, até que o aluno se sinta seguro no ambiente escolar”, conclui a profissional.
Adaptação na prática
A encarregada de setor, Mayara da Costa, tem dois filhos. O Augusto, de 14 anos, estuda na Escola Municipal de Tempo Integral (EMTI) São Roque, e o caçula, Guilherme, de 1 ano e 7 meses, frequenta a Escola Municipal Infantil Doce Infância.
Segundo ela, o mais velho é quem passa pelas maiores mudanças, pois estuda em escola de turno integral. “Sua rotina mudou bastante, agora com mais tempo livre, os horários ficaram flexíveis, principalmente para acordar e dormir”, explica.
Com Guilherme deve ser um pouco mais fácil, pois a família conseguiu manter os costumes da creche. “A preocupação é com a adaptação, pois por mais que vá à mesma creche, sua sala de aula e algumas professoras mudam. Ele pode estranhar um pouco. Além disso, em relação ao Augusto, é voltar à rotina o quanto antes, justamente pela flexibilidade de horários”, conta Mayara.
A principal mudança para o primogênito vai ser no deslocamento. “Os alunos do 6° ao 9° ano da EMTI São Roque, passarão a estudar na UCS, isso pode influenciar em horários”, comenta. As crianças, entretanto, reagem bem às mudanças. “Inclusive os dois estão empolgados com o retorno e as novidades, como sala nova e local da ‘nova escola’”, conclui a mãe.
A auxiliar administrativo e empreendedora, Andréia Ciotta, também tem dois filhos, Diego Arthur de 13 anos e Rafael de 1 ano e 9 meses. Ela não tem nenhuma preocupação exacerbada quanto a volta às aulas, pois as escolas mantiveram o mesmo horário do ano passado.
Sobre o pós-férias, ela afirma que muda um pouco, afinal, os horários acabam sendo diferentes do habitual. “Como eu e meu esposo trabalhamos fora, eles ficam na casa dos avós durante o dia, então isso faz com que tenham certas liberdades que a rotina de casa não dá. Mas nada fora da normalidade, com conversa e jogo de cintura tudo se resolve”, garante.
A respeito da reação das crianças, Andréia destaca que, em geral, eles se adaptam bem. “Sempre procuro mostrar o lado bom que há na mudança, e isso deixa eles mais seguros e confiantes para superarem os possíveis desafios que surgirem”, conclui.