Meu netinho, grande apreciador de milho vendido nas praias, cozido na água e regado à manteiga (que eu desconfio ser margarina), me perguntou de que maneira a espiga se forma na planta. Sua curiosidade foi despertada por algumas dezenas de pés que cresceram adoidado, aqui perto de casa, mas que ainda não estão dando o fruto. Mostrei a ele que, no momento, as folhas ainda estavam se expandindo… “E a espiga?”, quis saber. Aí me dei conta de que, apesar de ter brincado, na infância, com essas “bonecas” de cabelos avermelhados e sedosos, não sabia nada do seu processo de formação. Ao pesquisar sobre o tema, me surpreendi com a preciosidade e sutileza da natureza… Vou contar do meu jeito customizado:

“O pé de milho vem de um grãozinho de milho colocado delicadamente na terra, que vai absorver água e inchar que nem barriga de cerveja. Algum tempo depois, um brotinho bota a cara pra fora, enquanto isso, embaixo, vão se formando raízes. E a planta cresce… No último andar, se forma o pendão, que são flores masculinas apontando para o alto. Em andar inferior, começa a se desenhar a espiga, que é feminina. E para que ela se encha de grãos, precisa haver a união de ambos. Quem faz o casamento são as abelhas, sugando o pólen do noivo florido e levando até os cabelos sedosos da noiva. Esses cabelinhos são uma espécie de canudinhos que facilitam a descida do pólen até a espiga bebê. Mas tem um detalhe muito importante: nenhum pendão vai casar com a espiga do mesmo pé. É como que se fossem irmãos. Isso não daria certo. Nesse estágio do desenvolvimento, a planta fica com muita sede. Então ela bota as garras pra fora da terra pra beber todas. Se não chover, o milho fica nanico”.

“Quando a espiga está bem gordinha e macia, ela pode ir pra panela. Já a espiga dura e seca, careca e áspera, vai direto pro saco do agricultor, que venderá às indústrias que, por sua vez, vão transformá-la em vários produtos, como a polenta que tu comes lá na casa da vó Isa, ou no salgadinho que a vó Deni não consegue te negar”.

“Então, quando estiveres te deliciando com esses grãos maravilhosos que se entranham nos dentes, lembra que ele tem uma história bonita que não envolve apenas o ser humano, mas também as abelhas. O problema é que elas estão em perigo de extinção. Se isso acontecer, o que será do milho?”