Eduardo Torezan é natural da Capital do Vinho e já viajou por todos estados brasileiros

Já imaginou fazer uma volta ao mundo, passando por todos países, em cima de uma moto? Esse é o objetivo do Eduardo Torezan, um morador de Bento Gonçalves que nasceu no interior da cidade.

Desde 2011, ele já viajou algumas vezes para países latinos e outros estados brasileiros, da maneira que podemos caracterizar como convencional, um local por vez. Foi em 2015 que decidiu fazer rotas maiores sobre duas rodas, que duram dezenas de dias, aproveitando cada trajeto possível.

Atualmente, Torezan está com 30 anos e quando estava com 25 percebeu que não havia aproveitado a vida da maneira como gostaria. “A vida não é só trabalhar, guardar, ter bens materiais, mas tem que aproveitar, porque é uma só. A gente não sabe o dia de amanhã”, enfatiza.

Com esse pensamento, pegou sua motocicleta, uma barraca montável, comidas, água e demais suprimentos, e saiu pela estrada. O motivo da escolha do veículo está na liberdade que traz, proporcionando aquele vento no rosto e uma identificação mais próxima com as pessoas que encontra pelo caminho.

Todos os trajetos que faz ficam registrados em seu Instagram: https://bit.ly/gringoemduasrodas. Siga o gringo para acompanhar as próximas viagens.

A volta ao Brasil

A viagem que fez pelo país durou 32 dias, em dezembro de 2020, e andou mais de 17 mil quilômetros. Saiu da Capital do Vinho e contornou por baixo, extremo sul, em Arroio Chuí, seguindo depois por Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, e por aí foi. Ele chegou até o extremo norte do país, no município de Uiramutã, em Roraima, fronteira com a Guiana Francesa.

Nessa rota pelo Brasil ele destaca a beleza dos lugares em que passou, além das diferentes culturas e pessoas que encontrou pelo caminho, construindo novas amizades. “Quando cheguei no Acre, no extremo, em Mâncio Lima, um cara que nunca me viu, e também tinha moto, me convidou para ir na casa dele. Não nos conhecíamos, mas fizemos uma refeição, apimentada que tá louco, na casa dele e ficamos amigos”, brinca.

As dificuldades da viagem

Mesmo com as maravilhas, os perrengues e dificuldades acontecem, e Torezan se lembra de algumas situações que complicaram sua viagem. Um desses casos foi o rolamento de sua moto que estragou enquanto passava por Mato Grosso e nessas situações ele normalmente espera pela ajuda de alguém na estrada.

Além dessa, outra história marcou bastante o viajante. Nessa situação ele estava trafegando pela “Rodovia fantasma”, que fica na BR 319, ligando os estados de Amazonas e Roraima, sendo uma rota famosa por ter mais de 500 quilômetros sem nenhum tipo de sinalização ou construção perto da via.

Nessa estrada, ele estava andando, próximo das 20h, quando visualizou dois pequenos indiozinhos na beira da rodovia, chamando sua atenção. Chovia na ocasião e ele buscava abrigo. Com isso em mente, ele conseguiu contato e ajuda de uma tribo local, que cedeu uma oca para ele dormir, além de um peixe frito para se alimentar. “Eu pensava que um índio com arco e flecha iria querer me dar uma flechada, mas não existe isso. É só ir respeitando, seguindo suas regras, que não precisa ter medo”, lembra.

Conhecendo o Rio Grande do Sul

Após conferir as belezas do país, Torezan decidiu ver de perto o que o estado gaúcho tem a oferecer. Por conta dessa vontade, há dois meses, em setembro, ele viajou para todos os quatro extremos do Rio Grande do Sul, de leste a oeste, e norte a sul.

Foram mais de 300 municípios, ao longo de 23 dias, em uma viagem bastante detalhada por cada canto. Ele conseguiu conciliar esse passeio com seu trabalho, já que é vendedor de uma empresa e costuma ir a outras cidades para realizar venda. Os quilômetros rodados foram em prol de lazer e serviço.

Em uma das situações inusitadas, ele precisou colocar sua moto em um pequeno barco para chegar no extremo oeste do estado, que fica numa pequena ilha. Só nessa passagem pelo Rio Uruguai, foram 30 quilômetros por água, para chegar na Ilha Brasileira, localizada próxima da Barra do Quaraí.

Torezan menciona com carinho essa viagem por terras gaúchas, lembrando o encanto dos locais e estruturas que temos pelas regiões do estado. “A gente não vê metade do que tem aqui. Desde belezas. Coisas boas e ruins. Essa viagem no Rio Grande do Sul me motivou ainda mais, pelo fato da gente ter tanta coisa no nosso estado. Muitas vezes buscamos uma coisa longe e na verdade temos muito aqui”, relembra.

Os próximos quilômetros

Depois do estado e do país, o próximo passo está na América do Sul. O viajante bento gonçalvense está se preparando para viajar pelos países latinos no dia 10 de fevereiro ou março. O único empecilho está na liberação de fronteiras terrestres de um local ao outro.

Depois de ter as fronteiras liberadas, Torezan colocará as duas rodas na estrada e começará por sua rota que deverá durar 120 dias, com mais de 30 mil quilômetros rodados. O trajeto passará por 13 países, em que visitará todas capitais.

Ele sairá de Bento e vai rumar pelo Paraguai, Argentina, Uruguai, depois subirá para o Chile, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana Inglesa, Suriname e, por fim, a Guiana Francesa. Depois disso tudo, descerá pela costa do Brasil até retornar para casa.

Já existe um perrengue em que está pensando que terá que encarar em sua viagem, a neve e temperaturas negativas. Ao longo do trajeto terá locais onde os termômetros devem ficar entre -10°C e -15°C. Apesar disso, espera por um momento especial: “Eu quero abrir a barraca e ver a neve caindo dela e ver a moto com um palmo de neve em cima”, imagina.

De Bento para o mundo

Depois desse grande objetivo se concretizar, Torezan já tem o próximo em mente elaborado, o mundo. Com visto americano sendo feito, ele espera que um tempo após a viagem pela América do Sul, possa pegar um avião e descer no Panamá, indo em direção ao Alasca.

Ele sonha em chegar nas gélidas e inóspitas regiões do país gelado, enquanto já elabora seu trajeto até a Europa. Ainda há, lá fora, continentes para serem pisados e paisagens para serem vistas.