Índice calculado pela Fundação Getulio Vargas teve nova aceleração, o que prejudica inquilinos e aumenta o preço dos aluguéis
Na última semana, a Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou a alta que corresponde à variação acumulada do IGP-M nos últimos 12 meses. Segundo os dados, famílias que moram de aluguel e que tenham contratos que chegam ao fim em novembro, terão que pagar um valor 21,73% maior no novo acordo para continuar na mesma residência.
Segundo a professora economista da Universidade de Caxias do Sul, Monica Beatriz Mattia, o IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), calculado pela FGV, é formado por três índices diversos que medem os preços por atacado (IPA-M), ao consumidor (IPC-M), e de construção (INCC). “Ele é comumente usado para contratos de aluguel, seguros de saúde e reajustes de tarifas públicas. Desta forma, o IGP-M sempre é maior que o índice considerado para aumento da remuneração dos assalariados e dos aposentados, pois captura uma inflação ampliada não somente da cesta de consumo medida pelo IPCA que engloba a variação do custo de vida médio de famílias com renda mensal de um a 40 salários mínimos, mas a inflação de custos e a inflação da construção civil”, explica.
Monica pontua que o IGP-M usado no reajuste dos aluguéis, de alguma forma, preserva o poder de compra dos proprietários dos imóveis. “Por outro lado, reduz a disponibilidade financeira dos inquilinos, que terão menos recursos para contribuir com a dinâmica dos demais setores da economia”, destaca.
O Índice, de acordo com a docente, em 2021 tem sido o mais elevado dos últimos 25 anos, isto por conta de uma inflação de custos que impacta os preços de todos os bens e serviços e que tem sido provocada pelo aumento da demanda internacional, bem como a forte elevação no preço do transporte e a própria indisponibilidade de containers para o transporte dos produtos comercializados entre os países. “Por certo, a pandemia da Covid-19 tem sido responsável pela redução na oferta de produtos importados e pelo impacto no fechamento de portos chineses importantes, toda vez que identificados trabalhadores com os sintomas da doença. No caso brasileiro, a disputa mundial pelos alimentos produzidos aqui como carne bovina, de frango e soja, além do aumento dos combustíveis provocados pelo aumento internacional do petróleo, tem sido uma combinação que tem levado a inflação às alturas”, menciona.
Conforme a economista, essa é a variável mais corrosiva de uma economia. “Ela impõe perda do poder aquisitivo das pessoas, bem como corrói a poupança dos investidores. Associada ao desemprego, submete a sociedade a um período de muitas dificuldades tornando-se necessário fazer escolhas a todo momento”, frisa.
Para Monica, em relação ao reajuste dos aluguéis, o momento impõe bom senso no sentido de que ocorra negociação entre locatários e inquilinos. “Nos moldes do que ocorreu no início, pois um IGP-M, tão elevado é consequente da pandemia iniciada em 2020, que desajustou a oferta e a demanda sendo, agora, impactada pela inflação de custos. Os contratos das famílias e os comerciais não suportam o maior índice dos últimos 25 anos, pois as remunerações não tiverem reposição compatível e os estabelecimentos comerciais e de serviços ainda sofrem o impacto da pandemia que e de uma política econômica restritiva, iniciada recentemente, com aumento da taxa de juros, com objetivo de reduzir o consumo para desacelerar os preços”, conclui.
Foto: Cleunice Pellenz