Clacir Rasador
Na semana passada, li uma postagem de que logo mais teremos alteração do trânsito no centro da cidade para melhorar o fluxo de veículos, enfim, a mobilidade urbana como um todo. Este é um pequeno exemplo da materialização do Poder Público, no caso, Poder Executivo, concedido pela democracia, cuja crítica por eventuais mudanças beberá da mesma vertente, a democracia.
Por óbvio, mudança requer movimento, pois assim é a vida que pulsa, a qual segue seu curso influenciada por movimentos voluntários que fizemos, igualmente por ações imperceptíveis e, até mesmo, por aquelas alheias à nossa vontade. Destas três forças, o ideal é ser o próprio timoneiro da nave chamada “Eu”; caso contrário, a correnteza pode não ser lá tão favorável. Além disso, confiar no bordão “deixa a vida me levar, vida leva eu” é não ser sujeito de seu destino, mas sim se sujeitar a qualquer destino.
Como propriamente dito no início do parágrafo anterior, será isto tão óbvio e verdade absoluta?
De fato e concordo, se analisarmos sob o prisma individual, não receio em dizer que, sim, a força de vontade, aliada à solidária cooperação, à base saúde e tendo por vela os valores da honestidade e ética fazem com que eu creia que os ventos lhe serão favoráveis para que seu barco chegue ao destino traçado, seja ele o sucesso, a felicidade, a paz…
Contudo, imaginemos tudo isso num ambiente sem liberdade…
A tempestade no deserto não prevista pelos americanos – pelo menos não tão próxima – trazida com a notícia da tomada do regime do Talibã no Afeganistão, correu o mundo e em tempo real, o pavor nos olhos de homens, mulheres e inocentes crianças, retratou em imagens, sons, gestos, o que é temer pelo sequestro covarde da liberdade.
A falta de ventos de liberdade faz com que toda capacidade individual, todos sonhos, toda mudança fiquem ancoradas, amarradas, acorrentadas a uma única e alheia vontade, mantida pela força da violência, do medo, da morte sombreando a vida.
Não sei você, caro leitor, mas me perdoe, não se trata de egoísmo ou falta de sensibilidade, contudo, ao ver tais imagens do povo afegão correndo para o aeroporto onde qualquer destino que fosse a pátria da liberdade lhe seria favorável, pensei comigo, como é bom ser brasileiro.
Como é bom ser brasileiro, mesmo sendo impactado todo dia pela grande mídia que se divide pelo interesse próprio no poder político das próximas eleições… mas, “tudo bem”, porque a democracia assim o permite.
Como é bom ser brasileiro, mesmo diante de uma guerra histórica sem precedentes entre os poderes da República, onde cada um vende sua teoria da conspiração, apontando para o outro e isso tudo entremeio a uma guerra biológica, uma pandemia com quase 600 mil mortes no país… mas, “tudo bem”, porque a democracia assim o permite.
Sim, como é bom ser brasileiro, mesmo diante de tudo isso, porém, está mais do que na hora de sermos bons para o BRASIL, pois não é justo que, amparados pelo esteio da democracia, julguem tomando como propriedade a Justiça que é para o povo, se encastelem no poder do Planalto de se servir e não de servir ao povo, de reger leis pela proteção e riqueza de seus “nobres pares” e não de proteger o povo e a riqueza do país. Talvez pensam ser a República, quando na verdade estão sujeitos a mudança…valei-nos sempre abençoada DEMOCRACIA. A gente é bom… não bobo!
Vamos em frente!