A possibilidade do voto impresso auditável, bandeira defendida pelo presidente Jair Bolsonaro, retornar nas próximas eleições foi rejeitada durante votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) na noite de terça-feira, 10, na Câmara dos Deputados. Foram 218 votos contrários, 229 favoráveis e uma abstenção. Apesar disso, para ir ao Senado, a PEC precisava obter o apoio de 308 parlamentares em dois turnos. Sem êxito, o documento será arquivado e não haverá novas votações sobre o assunto.

Na semana passada, o texto já havia sido reprovado pela comissão especial da Câmara, pelo placar de 23 votos contra e 11 favoráveis. No entanto, uma decisão do presidente da Arthur Lira, a proposta foi a plenário.

De autoria da deputada bolsonarista Bia Kicis (PSL), a proposta determinava a impressão de cédulas após a votação na urna eletrônica. A medida, segundo a parlamentar, buscava dar transparência ao processo, mesmo que até hoje, não houve confirmação de fraude durante as eleições.

Após a votação, Lira disse que espera que o tema seja finalizado. “A democracia do Plenário deu a resposta. Espero que esse tema, na Câmara, esteja encerrado”, disse. O parlamentar já havia dito em outra ocasião que submeteria a proposta para que todos os deputados pudessem se posicionar sobre o tema. Ele chegou a dizer que caberia aos deputados, “eleitos pela urna eletrônica”, decidirem sobre a necessidade de incluir uma impressora ao sistema de voto.

A proposta ganhou relevância, a partir do momento em que o presidente da República, por inúmeras vezes, disse que as urnas eletrônicas não eram confiáveis e que poderiam ser fraudadas. No entanto, até hoje, Bolsonaro não apresentou nenhuma prova concreta de que isso poderia vir a ocorrer. Em diversas ocasiões, Bolsonaro chegou a dizer que as eleições do ano que vem não seriam legítimas e poderiam não ocorrer.

Em resposta, o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, até hoje nenhum indício de fraude nos mais de 20 anos de utilização das urnas eletrônicas foram detectados. Segundo ele, além de ser um retrocesso, a impressão do voto elevaria os custos da eleição em R$ 2,5 bilhões.

Veja como votaram os deputados gaúchos na PEC do voto impresso: 

SIM (20):
Alceu Moreira (MDB)
Bibo Nunes (PSL)
Carlos Gomes (Republicanos)
Daniel Trzeciak (PSDB)
Giovani Cherini (PL)
Giovani Feltes (MDB)
Heitor Schuch (PSB)
Jerônimo Goergen (PP)
Liziane Bayer (PSB)
Lucas Redecker (PSDB)
Marcel van Hattem (Novo)
Marcelo Brum (PSL)
Marcelo Moraes (PTB)
Márcio Biolchi (MDB)
Marlon Santos (PDT)
Maurício Dziedrick (PTB)
Osmar Terra (MDB)
Paulo Vicente Caleffi (PSD-RS)
Pompeo de Mattos (PDT)
Sanderson (PSL)

NÃO (7):
Afonso Motta (PDT)
Bohn Gass (PT)
Fernanda Melchionna (PSol)
Henrique Fontana (PT)
Marcon (PT)
Nereu Crispim (PSL)
Paulo Pimenta (PT)

NÃO VOTARAM (4):
Afonso Hamm (PP)
Covatti Filho (PP-RS)
Maria do Rosário (PT)
Pedro Westphalen (PP)