Jane Krüger

Estamos vivendo dias em que os papéis familiares estão sendo questionados e outras vezes, até mesmo contestados. Contudo, para que o desenvolvimento saudável da criança possa acontecer, nada é mais importante do que ter uma família e, o papel do pai no seio familiar é imprescindível no desenvolvimento da identidade e caráter da criança.
“Tal pai, tal filho”, diz o provérbio popular em sua sabedoria espontânea e a escola psicanalítica endossa tal ditado, chamando a atenção para o fato de que os filhos se identificam inconscientemente com seus pais. Sabemos que o “estilo de vida” dos pais é um fator determinante na construção da identidade da criança. É evidente que isto não quer dizer que o filho terá que ser fatalmente igual ao pai, ou à mãe, mas temos que admitir, terá sim, a tendência a ser, a fazer, a agir e a reagir como um dos pais, ou a ambos, pois a identidade é construída sob os modelos que são introjetados ao longo da infância.

Filhos de pais retraídos e pouco sociáveis, impulsivos ou explosivos e “estourados”, inclinam-se à mesma atitude na vida. Alguns autores demonstraram – e nós podemos constatá-lo na vida prática – como os pais “passam” aos filhos “suas” preocupações, suspeitas, hostilidades, desconfianças, revolta, sentimentos de inferioridade ou superioridade, as tendências às queixas, a certos sintomas, fobias ou manias, como também as tendências às doenças físicas e transtornos mentais.

Em consideração a isso, os pais devem ter em mente que a arma mais poderosa de que dispõe para educar os seus filhos é o exemplo que lhes dão diariamente. Protótipo este que “gravam” ao observarem desde pequeninos nossos gestos e atitudes, nossas decisões e opções, nossa conduta dentro de casa assim como na sociedade, na convivência com os outros e também em como nos comportamos no trânsito. Quer queiramos ou não, seremos o primeiro e mais importante “referência” de nossos filhos, devendo desta forma, procurar ser uma “bom modelo” para que assim, nossos filhos possam ter a oportunidade de desenvolverem seu caráter arraigado em princípios e valores e assim, lograr ser justos, sensatos, confiantes, responsáveis, tendo capacidade de se adaptar à realidade, de enfrentar as frustrações e adversidades da vida. Contudo, se formos “modelos negativos” com características de impulsividade, irritabilidade, irresponsabilidade, nos mostrando injustos, violentos ou explosivos, corruptos e instáveis, não teremos então, o direito de exigir de nossos filhos as qualidades positivas que nós mesmos não lhes demos a oportunidade de presenciar e se amoldar.

Em todas as culturas, em todos os tempos na história, as pessoas, bem como as crianças, procuram indivíduos aos quais possam imitar, reais ou imaginários, de carne e osso ou simplesmente heróis de filmes ou desenhos. Pessoas que representassem os mais altos valores da era e que geralmente, perseguiam uma causa válida mesmo diante de grandes adversidades. Reverenciamos e estudamos heróis de Moisés a Gandhi, de Martin Luther King a personagens como o Super-Homem, na esperança de nos tornarmos parecidos com eles.

Nosso mundo e nossos filhos necessitam desesperadamente de modelos dignos a serem seguidos. Heróis autênticos. Pessoas íntegras, cujas vidas nos inspirem a ser melhores, a subir mais alto, a nos destacar. Isto sempre foi verdade. É bem provável que seja esta a razão por que as biografias de grandes homens e mulheres trazem tanta fascinação. Em face do exposto, que peixinho meu filho(a) será no mar desta vida? Que exemplo tenho sido, de herói ou bandido? Você pode simplesmente dizer: – Isso não é da tua conta!

Tendo em vista, que filho de peixe, peixinho será, é de grande importância só lembrar: Se meu filho seguir exatamente os meus passos na vida, vou me orgulhar ou me envergonhar?

Só para pensar…