Hortaliças serão destinadas para moradores do bairro, pessoas carentes, em situação de vulnerabilidade social e usuários do CRAS I, que está inserido no mesmo espaço
O Centro de Artes e Esportes Unificados, mais conhecido como praça CEU, nasceu com o objetivo de beneficiar moradores de Bento Gonçalves com a oferta de atividades de educação, cultura e esporte. Recentemente, foi dado mais um passo para promover benefícios aos cidadãos que estão em situação de vulnerabilidade social. Para isso, foi criada uma horta comunitária, onde estão sendo plantados e cultivados alimentos que, posteriormente, serão doados para famílias que necessitam.
Ao assumir a coordenação da praça, em janeiro, Clóvis Chaves Prates percebeu que grande parte das praças do Brasil contam com uma horta. “A nossa ainda não tinha e assim surgiu a ideia de fazer”. Após receber apoio das secretarias de meio ambiente, agricultura e cultura, que é a responsável pela gestão do local, foi dado início ao projeto. “Entre três funcionários, começamos a demarcar o espaço, colocamos mãos à obra e fomos fazendo”, afirma.
A ideia começou a ganhar vida em maio. Desde então, foram semeados cenoura, beterraba, manjericão, salsa, salsão, alface mimosa, alecrim, sálvia, rabanete, radicci e 800 mudas de alface. O próximo passo é observar como será o resultado, conforme o coordenador do espaço. “Temos que ver o que ela produz, como é a qualidade do solo, saber como vai ser o crescimento e quanto tempo demora”, explica.
Como a praça CEU abriga o Centro de Referência e Assistência Social I (CRAS), as hortaliças serão destinadas para os usuários atendidos e aos integrantes do Bolsa Família. “Neste período de pandemia, o atendimento cresceu muito. Essas pessoas vêm em busca de alimentos, de cestas básicas, de encaminhamentos, então vamos destinar para os moradores do bairro, em vulnerabilidade social, carentes, essa é a intenção da horta”, orgulha-se.
Embora ainda seja uma experiência nova para a equipe, pelo andamento, Clovis estima que até o início do próximo mês já seja possível extrair os primeiros alimentos. “Acredito que em mais uns vinte dias a gente já começa a colher. Tem alguns canteiros que já estão bem grandinhos”, aponta.
Mais adiante, quando souberem como se dará o tempo de produção, será possível fazer um planejamento mais preciso das doações. “Vamos supor que em quinze dias produz 100 pés de alfaces, então nós vamos poder planejar que em duas semanas poderemos fazer essas entregas”, analisa.
Apoio da comunidade
A praça CEU é considerada pelos frequentadores um espaço muito importante para a comunidade. É por isso que, moradores das redondezas, mais do que apoiar, ajudam nos projetos. Na criação da horta comunitária não foi diferente. “Temos um vizinho que chegou aqui com as máquinas dele, com retroescavadeira, caçamba e disse que queria ajudar. Foi ele quem fez toda parte de mexer na terra e deixar mais ou menos pronta para nós prepararmos os canteiros. Ficou muito bom”, afirma.
Diogo dos Santos Alves, filho do Clair João Alves, que cedeu os equipamentos, afirma que para a família, não custou auxiliar. “Eles precisavam de terra e das máquinas, então a gente fez a divisão dos canteiros. O sentimento é legal, de alegria. Poder ajudar é bacana. Nós temos filhos que brincam ali”, defende.
Para fazer o cercamento da horta, mais uma amostra de solidariedade. De acordo com Clóvis, uma empresa orçou em mais de R$9 mil para fazer o trabalho. “Nossa ideia era não ter custo, porque é um projeto que queríamos fazer com os recursos que já tínhamos, então resolvemos cercar com palete. Uns dias depois, um casal de vizinhos perguntou se a gente precisava do material, então eles trouxeram pra nós, foi um presente”, alegra-se.
Contudo, não parou por aí. Quando chegou a hora de preparar os canteiros, outras pessoas se engajaram na ação. “Temos um grupo da melhor idade, com senhoras de 50, 60 anos, que fazem ginastica, elas começaram a trazer sementes, mudas de hortaliças, temperos e a gente plantou, então está sendo assim, dessa forma”, defende.
Para Clóvis, o sentimento de desenvolver trabalhos sociais é gratificante. “Porque a gente consegue trazer as pessoas para dentro do espaço, explicar a importância da horta, de cultivar aqueles alimentos e no momento que você conhece o usuário, sabe da necessidade dele e trabalha junto, vira uma família”, assegura.
Para o futuro
O próximo projeto envolvendo a horta comunitária e o CRAS é contar com uma nutricionista, para orientar a população sobre a importância dos alimentos saudáveis, além de ensinar técnicas de cultivo.