Psicóloga afirma que quando uma relação ultrapassa os limites e valores pessoais, deixa de ser benéfico

Um relacionamento é a ligação afetiva entre pessoas que têm os mesmos objetivos e interesses, e precisa ser benéfico às partes envolvidas. A partir do momento que uma relação prejudica alguém, deixa de ser saudável.

Segundo a psicóloga Viviane Tremarin, quando um relacionamento ultrapassa os limites e valores pessoais, não é mais benéfico. “O amor pode se tornar patológico quando há dependência da pessoa amada, acompanhada de sentimentos de baixa autoestima e obsessão. Pode se tornar tão destrutivo quanto a compulsão por drogas, sexo e comida”, afirma.

Um relacionamento abusivo, de acordo com Viviane, tem diversas manifestações e envolve violência física, psicológica, moral, patrimonial e sexual. “Ele é caracterizado por qualquer comportamento que tenha a intenção de assustar, intimidar, aterrorizar, manipular, magoar, humilhar, culpar, injuriar ou ferir”, ressalta.

A psicóloga destaca que apesar deste tema estar em debate atualmente, ainda assim ainda existem pessoas com dificuldades em se perceberem dentro de uma relação abusiva. Isto porque alguns comportamentos do abusador podem ser sutis, a ponto de fazer a vítima acreditar que não há motivos para preocupação. “Muitas relações envolvem intimidação por meio do humor, manipulação, críticas e punições como tentativa de controlar o outro. E esses comportamentos passam despercebidos quando comparados com uma agressão física, mas essa também é uma forma de abuso”, aconselha.

Dependência emocional

Dentro de relacionamentos também pode ter outro fator que os tornam prejudiciais: a dependência afetiva, que de acordo com Viviane, pode afetar relações amorosas, amizades ou até mesmo com familiares. “A pessoa se sente dependente do outro para que possa se sentir feliz, segura e viver adequadamente. É uma forma de apego irracional, na qual a base da própria existência está na relação com o outro. Quando alguém para de viver para si mesmo e a única coisa que importa é manter a relação a qualquer custo, está vivendo a dependência emocional”, explica.

Uma pessoa dependente tem padrões de comportamento que se repetem na relação. “Ela envolve a exigência da atenção, o ciúme exagerado, a incapacidade de se sentir bem e dificuldade de tomar decisões sozinha, e insegurança no relacionamento, quando não existe nenhum plano para o futuro que não envolva a outra pessoa. Além disso, a tendência a se anular e aceitar tudo o que acontece para não ser rejeitada, e também sempre se colocar em segundo plano, o outro é sempre a prioridade”, exemplifica.

Não viole seus limites emocionais

Em alguns casos, há quem viole os próprios limites para agradar o parceiro. Nessas situações, a tendência é que os passivo-dependentes se submetam a todas as vontades de outro para que não ocorra o abandono. “Para superar um problema, primeiro é necessário reconhecer que ele existe. A dependência emocional costuma ter raízes profundas, mas o acompanhamento psicológico ajuda a tornar esse processo mais dinâmico e a desenvolver ou fortalecer recursos necessários para a independência”, garante a pós-graduanda em terapia cognitivo-comportamental.

Desde identificar o problema até resolvê-lo, ainda existe um caminho a ser percorrido. “Envolve desenvolver autonomia para lidar com as situações da vida de forma assertiva e sem precisar ter um pilar em outro alguém. Bem como o fortalecimento da autoestima, da autonomia e do propósito de vida”, pontua.

Relatos reais

O Jornal Semanário fez uma enquete por meio da rede social Instagram, com o intuito de analisar os índices de relacionamentos abusivos e dependência emocional na região.

Dois seguidores, que preferem não se identificar, contam situações reais de abuso. “Desmerecimento da pessoa, ao ponto de ela acreditar. Tentativa de controle social e profissional”, relata o primeiro.

O segundo fala sobre um outro tipo de abuso. “Manipulação, mentiras, vitimismo para que a culpa recaia sobre a outra parte”, conta.

Analise seu histórico familiar

Na infância e na adolescência, a principal influência que um ser humano pode ter é a da família. Para Viviane, crianças que crescem em um ambiente onde observam seus pais se valorizando, se respeitando e tendo resoluções saudáveis, têm mais chance de buscar o mesmo na vida adulta. “Aprendemos a ser no mundo observando como os outros são. A vida em casal que os pais levam ensina a criança sobre como funciona a vida a dois”, pondera.

A psicóloga salienta, ainda, que esses aprendizados podem influenciar no entendimento sobre o papel de cada um na relação. “Existe quem vai repetir os padrões e também quem vai olhar para isso e buscar fazer diferente. Quando as nossas referências afetivas não nos agradam é preciso criar novas que buscam ser mais assertivas e saudáveis. Nossos pais exercem grande influência no início de nossas vidas, mas isso não significa que devemos continuar sendo o resultado deles, se isso não faz mais sentido”, conclui.

Enquete

Você já viveu em um relacionamento abusivo?
Sim – 41%
Não – 59%

Você conhece alguém que vive ou já viveu em um relacionamento abusivo?
Sim – 79%
Não – 21%