Casais de Bento Gonçalves compartilham suas histórias sobre como atravessaram os anos e superaram as dificuldades do relacionamento
O Dia dos Namorados é considerado uma das datas que celebram o amor. Neste dia, restaurantes se preparam com enfeites e os casais se programam para passar um tempo juntos.
Hoje, 12 de junho, o Jornal Semanário conta a história de dois casais que enfrentaram as dificuldades impostas pelos anos e comemoram a data juntos. Um amor que nasceu fora do estado, atravessou fronteiras e criou raízes em Bento. O outro, iniciou na adolescência e amadureceu, florescendo por meio de atitudes que tornaram o sentimento duradouro.
Amor que atravessa fronteiras
O casal Rubenilde e Rudinei Scotton completaram 32 anos de casado, no último mês, com uma história inusitada, narrada pela esposa paraense.
Eles se conheceram no dia 27 de fevereiro de 1989, na tarde de uma segunda-feira.Ela veio do interior do estado para morar na capital, Belém, com o objetivo de estudar. Ele trabalhava em outro país, Guiana Francesa, e foi visitar a cidade brasileira. “Perto da Catedral de Nazaré tinha uma lanchonete chamada La Creme e fui almoçar. Vi ele do outro lado da rua, e ele me viu na lanchonete, na avenida Nazaré. Depois, Rudinei e um amigo sentaram do meu lado, ele perguntou se eu era dali e disse que queria conhecer Belém, então pediu meu número”, conta.
À noite, chegou uma ligação que mudaria o destino de duas pessoas. “Marcamos de nos encontrar no outro dia, no local onde nos conhecemos. Fomos dar uma volta na cidade e começamos a conversar, ficamos de namoro de terça a sexta e ele foi embora para a cidade de Caiena, na Guiana. Nisso, a gente ficou se falando por carta. Então, ele me pediu para eu ir para lá porque queria se casar comigo. Tirei meu visto e embarquei, sem minha família saber”, confessa.
Quinze dias depois, a jovem de apenas 21 anos precisou informar à família que não estava mais morando em Belém, mas na Guiana Francesa. “Mamãe ficou muito chateada com isso, porque não era o certo a se fazer. Meu pai brigou com meu marido, disse que também não era o correto de se fazer com a filha dos outros. Ninguém participou do nosso casamento. Nós casamos com duas testemunhas e nada mais”, sublinha.
O nome da cidade em que Rudinei e Rubenilde se casaram é Montjoly, local onde permaneceram até a gravidez da esposa. Antes do filho Maurício nascer, Rudinei recebeu uma carta dos pais, residentes em Bento Gonçalves. “A gente optou por voltar ao Brasil, porque eles já eram de idade, e viemos morar em Bento. Nosso filho nasceu aqui”, menciona.
O medo não fez parte do relacionamento, mesmo tendo tomado uma grande decisão pouco tempo após se conhecerem. “Tinha alguma coisa que me dizia que Rudinei era uma boa pessoa. Eu sabia, dentro de mim, que era o certo. São coisas que a gente não consegue explicar. Simplesmente era para ser”, relata.
Para ela, o amor significa tudo. “O amor é você aprender com os erros, reconstituir todos os dias o casamento, é lutar, se arrepender dos erros, se dedicar, ser capaz de se perdoar e ter uma família. Muitas coisas eu faria igual, outras diferentes, mas eu certamente me casaria novamente com ele, teria o nosso filho. Todo errar é um aprendizado, mas valeu a pena”, finaliza.
Da escola para a vida
O casal Barbara Baronio e Cristian Lago se conheceu ainda na adolescência. Durante o ano letivo de 2000, no Colégio Estadual Landell de Moura, no 2º ano do Ensino Médio, iniciou o encontro que mudaria a vida de ambos e iniciaria uma nova família. “Eu só fazia folia e ela era a quieta da turma. Apostei com um amigo meu que iria ficar com ela”, confessa.
O que o jovem de apenas 16 anos, na época, não poderia imaginar é que não estava conquistando apenas algo momentâneo. “Começamos a nos falar mais e em uma das aulas tinha um problema de matemática para resolver que ninguém conseguia fazer. Perguntei a ela, ‘se eu acertar isso aí, o que ganho’? E ela disse que eu poderia ganhar o que eu quisesse”, conta. Cerca de seis meses depois, eles começaram a namorar.
Depois de 11 anos juntos, em um relacionamento duradouro, eles deram um passo ainda maior. “Fomos morar juntos, compramos apartamento e estamos até hoje. Dois anos depois, eu engravidei do nosso primeiro filho, o Bernardo. Depois de alguns anos, veio o Benjamin”, sublinha Barbara.
Após mais de duas décadas de relacionamento, eles explicam que existem muitos momentos bons, mas também ruins. Tudo, porém, se resolve com uma boa conversa. “Cada um tem que ceder um pouquinho para a coisa funcionar. Entender que não é só a minha vida, nem só a dele”, explica ela.
Para Barbara, a definição de amor foi mudando durante os anos, e hoje se define em mais do que sentimentos. “É abrir mão do que achamos que é importante para nós e entender o que é essencial para a outra pessoa. Desde questão de família, das coisas da própria casa, dos filhos. Relevar, conversar para tentar se entender. Não é demonstrar com presente, mas no dia a dia, plantando um pouquinho por vez com alguma atitude”, conclui.
Fotos: arquivo pessoal