Colírio de Deus aos olhos de Bento
Pois Deus, na sua onipotência e onipresença, olhou para baixo, viu Bento, imediatamente reuniu seu ‘Conselho Consultivo para assuntos específicos de Bento, composto por Moysés Michelon, José Eugênio Farina, Darwin Geremia, não sei quem mais, e questionou: “que se passa com la banda (Bento)? José Eugênio cochichou na orelha de Darwin “acho que ele está falando de Bento”, mas Moisés logo encarou Jesus e questionou: “di cosa estai parlando?”. Jesus passou a mão na cabeça dos três e disse: “daquela cidade de vocês que é pura inspiração, concordo, mas que tem dois mil infectados recolhidos em tratamento, punindo familiares, amigos, empresas; que está mergulhada e sob domínio do tráfico de drogas; que não consegue eleger um Deputado Estadual, nem um Federal e conseguiu isso porque coloquei um colírio nos olhos de Bento, de pena de tanta carência de ação e visão. Mobilizei aquele que têm meu sobrenome “Danrlei de Deus” e deixei Bento com os olhos mais abertos no sentido da importância de ter alguém lá em Brasília”. Geninho (Farina) balbuciou: “pois é, eu falei sobre isso com Ademar de Gasperi, Adelino Colombo, Clovis Tramontina, Raul Randon – que está aqui ao lado olhando o aeroporto de Vila Oliva – nos nossos encontros”. Darwin disse: bem, eu fiz o que podia ter feito pelo Esporte, construí o prédio da Justiça do Trabalho, presidi o CIC com galhardia e excelentes resultados, tive participação importante na construção do Fórum, botei um milhão de alevinos no Rio das Antas – só espero que não se resolvam ir ver a estátua de Encantado à sua semelhança, né Jesus? Continuando, plantei mais de mil árvores, fiz reforma estrutural no Estádio da Montanha, na Montanha dos Vinhedos, gerei muitos empregos, não deixei de receber ninguém em minha empresa e, poxa, não fiz mais porque não deu. Eugênio olhava para Darwin admirado, pensando com seus botões “fiz a economia girar, gerei empregos, presidi a Fenavinho, ajudei muito a comunidade”, enquanto Moysés sacudia a cabeça de cima para baixo, aplaudindo, até chegar a sua vez de falar. Bem gente, o que é que eu vou dizer daquilo que eu fiz? Fenavinho, Esportivo, CIC, Isabela…Neste momento, Darwin e Eugênio, juntos disseram “pode parar Moysés, se tu vai falar de tudo que tu fez vai falar duas horas, quando tu começa a falar não para mais, tendo assunto então…Melhor que, ao invés de ouvirmos “foram tantas as obras”, a gente diga “fizemos tanto e foram tantas as emoções!” Terminado o conversé, olharam para o lado e, onde está Jesus? Ele tinha ido receber mais um Membro do Clube “Gente que fez”, para adentrar o recinto dos moradores especiais residindo na ala VIP do céu.
Mas, qual o colírio?
O colírio é o DANRLEI DE DEUS virar Secretário de Leite, o Governador e, Paulo Caleffi, o suplente, virar Deputado Federal e, convenhamos, com todos os méritos. Ele terá que se reconstruir politicamente, está sendo meio gozado ver um empresário – quer dizer, Caleffi trabalha numa empresa, não é dono dela – num partido de esquerda ou centro-esquerda, Bento está feliz, pois como diz aquela canção da Fafá de Belém “venha de onde vier…” o Município tem um Deputado Federal, até Caxias, que não dorme de palha, está festejando, pois a região, faz anos (último foi Pepe Vargas) não tem um Deputado Federal e Bento faz séculos, último foi Darcy Pozza. Interessante é observar que Paulo Caleffi quase ganha a eleição para Prefeito e, depois dela, silenciou como se Bento deixasse de precisar de todas aquelas coisas inseridas em seu plano de governo. Mesma coisa fez o MDB, Gabrielli deixou a política de lado, foi usufruir as coisas boas da vida e, o Presidente do seu partido, virou Vice Presidente do Legislativo, Presidido por vereador do PP. Só Freud explica. E Bento? Nas mãos do Prefeito Diogo em torno de quem todos nós estamos em grande expectativa, como será o Prefeito ao sair da gramática para a prática, leve-se em conta seu produtivo desempenho como Prefeito de Santa Tereza? Então o Paulo, o Caleffi, vai levar um tempo para assimilar todo o processo legislativo, inteirar-se de toda a legislação que caminha envolvendo os segmentos industriais da serra, terá que articular acordos para liberar alguns auxílios, terá que atender os interesses de seu partido, coligado com o Governador Leite que está, bem…como está o Governador? Se Caleffi for ouvido, vai mudar muita coisa, mas Caleffi não é político, é um obreiro. Danrlei é “o cara”: “eu fechei o Gol do Grêmio, eu tenho a força, eu sou o dono do partido, eu tenho votos, eu vou ser Presidente do Grêmio, eu vou…”. Bem, a política é dinâmica, dizem os políticos, até para justificar barbaridades. Não se deve descartar a hipótese de que algum dia Danrlei passe a cantar aquela música: “eu vou, eu vou, pra casa agora eu vou, pararatimbum, eu vou”. Faço votos que Caleffi sobreviva ao jogo político, daqui uns dias ele vai aquilatar a importância de sua presença em Brasília, meio Bento vai estar no aeroporto, não para ir à Itália, nem para os EUA, mas para Brasília falar com Paulo Caleffi, o colírio de Deus, assuntos pertinentes. Bento está feliz!
A jogada do governador
O Governador Leite pode estar atrapalhado, mas tenho ouvido que “ele continua bonito” aos olhos do eleitorado feminino. Pra burro ele não serve. Se não serve pro Rio Grande ele é uma expressão política cogitada para ser candidato a Vice-Presidente da República na chapa do Luciano Huck (meu Deus!). Paralelo a isso, ele atraiu Danrlei e agora articula um acordo com o MDB. Com o acordo, o MDB concorre ao Governo do Estado tendo a prefeita de Pelotas (PSDB) como Vice. Danrlei? Senador. Caleffi? Deputado Federal na vaga de Danrlei ou volta a disputar a Prefeitura. Do outro lado do muro? O Senador Heinze vai disputar o Governo do Estado, assim o PP (coligado) vai “desembarcar” do Governo Leite. O Presidente do Grêmio deixa o cargo e concorre no Governo do Estado pelo PDT, que disputa o MDB com Leite. E ainda tem o Mourão, o General, que diz que é candidato ao Senado, mas fortes rumores dizem que ele está “escondendo o jogo, será candidato a Governador e, se isso acontecer, será eleito”. Não sei, não sou médium, nem vidente, nem cigano, mas arrisquei meus palpites.
A crueldade humana
Há alguns anos, não tanto assim, fui visitar um município quase na divisa com Santa Catarina. Do tamanho de Monte Belo, Pinto Bandeira, servido por estrada exclusiva asfaltada e muito bem sinalizada. Município rico pela agropecuária, máquinas modernas no campo, essas coisas. Visitei o Conselho Tutelar, tinha oito, repito, oito Membros na reunião. Questionei, “porque tantos conselheiros numa cidade pequena?”. A resposta veio: “município rico, famílias em conflitos, filhos com problemas e muita droga, muita droga mesmo, não damos conta do trabalho”. Voltei, neste momento estou atordoado. Pois foi lá pra cima, a cerca de 150 quilômetros de onde eu estive, um rapaz, de família humilde, 18 anos, pega um facão, vai numa creche e mata, de maneira brutal, três crianças. Não satisfeito investe novamente, duas professoras tentam contê-lo e são retalhadas até morrer. As demais trancam as portas e o rapaz tenta por fim à vida. Está na UTI do Hospital. A Polícia procura as causas, apreendeu o notebook do rapaz – lá estão as redes sociais -, em busca do por que. A imprensa que gastou ¼ de página para noticiar o fato, agora já publicou várias páginas em busca do por que. Sim, disse um professor, até Mário Quintana falou sobre isso, “para noticiar um crime, bastam algumas linhas mas, para escrever sobre o porque pode-se escrever um livro”. Pode ser droga, pode ser pressão familiar para que o rapaz fosse em busca de um futuro melhor, pode ter sofrido bullying dos amigos, pode ser desequilíbrio mental. Seja lá o que for, é terrível. Eu tenho chamado a atenção para a necessidade de se combater as causas, não os efeitos. Gostaria muito que a Secretaria de Trabalho e Ação Social, não importa o nome que tenha, o Conselho Tutelar, os Clubes de Serviço, as Entidades Assistenciais, publicassem, mensalmente, relatórios (são educacionais e dão exemplo) sobre o que está sendo feito para combater as causas dos baixos índices de inclusão social, mal brasileiro; dos assassinatos; do alto consumo de drogas e sermos um paraíso dos traficantes; do grande número de infectados pelo vírus; pela falta de pessoas qualificadas necessárias para o mercado de trabalho, assim por diante. Por favor, me entendam, é preciso fazer mais!