Conhecido popularmente como a porta de entrada do Vale dos Vinhedos, o bairro Vinosul, de Bento Gonçalves, embora um pouco mais afastado da cidade do que os demais, está se expandindo em número de casas e, portanto, ganhando ainda mais vida.
É lá que está instalada a sede da Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale). A entidade, fundada em 21 de fevereiro de 1995, já soma 26 anos de atuação. Ao todo, 65 empreendimentos do ramo da gastronomia, vinícolas e turismo, estão associados.
O presidente, Jones Valduga, salienta que a principal missão é promover o desenvolvimento do Vale dos Vinhedos, “através do enoturismo, da integração entre sócios e comunidade e, para fomentar a busca contínua pela excelência em produtos e serviços”, afirma.
Em 2020, em função da pandemia do coronavírus, a entidade passou por mudanças. Uma das medidas foi o fechamento da sede por vários meses, objetivando economizar recursos. Durante esse período, a equipe trabalhou em home office.
Além disso, todas as ações presenciais foram canceladas ou transferidas para o online. Com isso, houve atraso ou remodelação nos projetos. “O foco voltou-se para o apoio ao associado na adaptação para as mudanças, no auxílio aos visitantes que precisaram adiar ou cancelar viagens e nas reuniões voltadas para estratégias do setor para segurança no atendimento e recuperação”, explica.
A entidade reabriu as portas no segundo semestre de 2020, quando as ações em andamento foram finalizadas. Entretanto, mais uma vez, foi preciso fechar. “Tínhamos esperança de que 2021 fosse um ano melhor, mas infelizmente, foi novamente necessário parar. Mais uma vez, voltamos a atenção para estratégias, porém, com preocupações muito mais acentuadas”, lamenta.
Busca por diálogo com o Governo
Valduga salienta que, hoje, a Aprovale está aliada ao setor turístico na tentativa de diálogo com o Governo do Rio Grande do Sul. “Visando uma construção que seja justa e benéfica ao turismo”, defende.
Entretanto, admite que não há boas perspectivas. “Tememos que muitas empresas do destino considerem fechar definitivamente por falta de recursos. Aquelas que buscaram auxílios financeiros, não chegaram à recuperação e precisam cumprir com os compromissos”, pontua.
Mesmo com a reabertura, Valduga acredita que o número de visitantes não atingirá o patamar esperado. “O poder de compra está diminuindo e até as vendas via internet estão comprometidas. Mantemos ao máximo nosso pensamento positivo, pois o Vale dos Vinhedos sempre se saiu muito bem diante de crises, mas jamais imaginávamos enfrentar o que enfrentamos hoje”, salienta.
Projetos para 2021
A diretoria da Aprovale é composta por associados de diferentes segmentos. Para a tomada de decisões, Valduga explica que os temas são levados às reuniões do grupo para debate. “Algumas questões são direcionadas também aos Conselhos: Superior, regulador da Indicação Geográfica ou Fiscal. E, conforme estatuto, quando necessário, passam por assembleia para validação”, esclarece.
Para este ano, a pretensão da entidade era a retomada das ações tradicionais com parceiros privados. “Na constante manutenção da sinalização turística, investimentos no digital, retomada de reuniões de integração, das ações de promoção do destino, estudos técnicos voltados aos vinhos da Denominação de Origem”, salienta.
Também há projetos novos em vista. “Porém, teremos que reavaliar e escolher prioridades que ajudem o associado e o destino neste momento. Teremos reunião para este debate nos próximos dias”, pondera.
O bairro
Por ser considerado a entrada do Vale dos Vinhedos, Valduga diz que o bairro Vinosul tem importância muito grande. “Para a Aprovale, ter a sede neste ponto é fundamental. Estamos muito bem localizados e temos uma ótima estrutura de trabalho”, enfatiza.
O presidente aponta que o local é tranquilo e que a vizinhança é acolhedora, sendo a maioria preocupada em ter bons cuidados com as residências, justamente pela localização em que se encontram. “Por isso, fazem o máximo para deixar as propriedades bonitas, bem cuidadas. São participativos nas ações do Vale que envolvem a comunidade”, observa.
Contudo, o presidente da entidade afirma que sente algumas dores da comunidade no que se refere ao atendimento básico das áreas urbanas. “Poucos horários de ônibus, tanto com destino a Bento, como para circulação dentro do Vale. Isso dificulta no momento de trabalhar, por exemplo. Alguns moradores perdem oportunidades, por não conseguir encaixar o horário de trabalho com o de transporte”, argumenta.
Outra necessidade é a falta de acostamento ou calçada na estrada, tornando a circulação perigosa pela RS-444. “Esta é uma solicitação bastante antiga, antes mesmo da fundação da Aprovale”, aponta.
Falta de serviços básicos, como mercado, farmácia e creche também foram mencionados. A limpeza da localidade também foi citada. “Ouvimos de quem mora lá, que falta envolvimento maior do poder público na limpeza e no embelezamento do bairro. Os moradores cuidam dos terrenos, mas o lixo na beira da estrada, em áreas não habitadas, é grande”, queixa-se.
Por fim, Valduga cita que um projeto de embelezamento seria ideal. “É algo que está no planejamento da Aprovale, mas que precisa de apoio do poder público, em momento oportuno”, finaliza.