Jogados numa região selvagem e isolada, os imigrantes trataram de sobreviver como podiam. Eles haviam feito uma viagem sem volta. Por tanto… VENCER OU MORRER…

A viagem durava mais de um mês na terceira classe de um navio superlotado, sem assistência médica, comida precária e dormindo no chão. A maioria dos autores que escreveram sobre a imigração italiana fala em alojamentos infectos, epidemias e mortes. Mas não se conhece uma estimativa sobre o total de mortos.

Desembarcavam no Rio de Janeiro, onde ficavam de quarentena na Casa dos Imigrantes, na Ilha das Flores. Daí partiam em vapores para o Rio Grande do Sul numa viagem de dez ou mais dias, passando para barcos menores nos quais chegavam a Porto Alegre.

Na capital, eram alojados em barracões precários ou “dormiam nas ruas e praças próximas”. Seguiam, dias depois, em pequenas embarcações, até Montenegro, São Sebastião do Caí e Rio Pardo. Desses pontos, a viagem prosseguia a pé, em lombo de muares ou carretas, por dois ou três dias, através de picadas abertas por eles mesmos, na mata virgem.

Caetano Cortellini, que chegou à Colônia Dona Isabel em 1880, conta em depoimento registrado por Rovílio Costa: “Abrimos, eu e minha esposa, picadas a facão e várias noites pernoitamos na mata, até chegar ao lote que nos correspondia… À noite, passávamos por momentos terríveis quando, próximo à nossa pequena proteção de estacas e coberta de galhos, ouvíamos o barulho de qualquer movimento… Isso nos deixava em contínuo sobressalto”.

Na Colônia, ficavam em barracões de madeira, as chamadas Casas de Agasalho, até serem fixados em suas propriedades.

Saíam ao amanhecer para trabalhar, à noite retornavam para o barracão. Essa situação durava o tempo suficiente para limparem o terreno e erguerem uma improvisada moradia no respectivo lote.

“No início, ficavam numa tenda. As roupas e alguns alimentos eram guardados no oco das árvores para proteger da umidade”.

Diante das dificuldades das promessas não cumpridas, muitos pensavam em desistir. Mas nada mais possuíam, tinham que ficar. Desta constatação surgiu o lema: O que se vince, o pur si muore (ou se vence ou se morre).