Antes mesmo do aniquilamento das missões, a colonização do Rio Grande do Sul foi estimulada pela Coroa portuguesa, porque, além de assegurar o abastecimento da região das minas, justificava as pretensões de soberania sobre a região. Aos que se dispunham a colonizar a região, o governo oferecia a propriedade de terras-grandes latifúndios pelos padrões determinados. Os benefícios pela concessão tinham uma tríplice missão: ocupar o território em nome de Portugal, criar rebanhos necessários à produção das minas e compor as tropas que enfrentariam os espanhóis nos casos de confronto.
A colonização começou com grupos provenientes de Laguna. Na área de Porto Alegre, a ocupação começou com Sebastião Chaves (1736), Jerônimo Dorneles (1740) e Dionísio Rodrigues Mendes.
À medida que se intensificavam a ocupação e as remessas de tropas de gado bovino, equino e muar para Sorocaba, em São Paulo, de onde eram redistribuídas para as áreas de mineração e para outras regiões, um problema se agravava: o do transporte. As comunicações se faziam através de trilhas pelo litoral e, a partir de 1727, pelos caminhos da serra em penosas jornadas que levavam meses.
O problema dos transportes não era exclusivo do Rio Grande do Sul. Enquanto nos Andes os espanhóis encontraram estradas calçadas feitas pelos Incas, no Brasil existem relatos sobre longos caminhos indígenas ao tempo do “descobrimento”, mas nada que se pudesse chamar de estrada. Mesmo a famosa viagem entre Rio e São Paulo, feita por D. Pedro I em 1922, às margens do Ipiranga, durante a qual, proclamou a Independência, foi feita por um caminho “não carroçável”.
No Rio Grande do Sul, a situação era especialmente complexa porque praticamente todo o transporte de carga e de pessoas se fazia via marítima, pela barra do Rio Grande, inclusive o acesso ao Porto de Porto Alegre, que se tornou, durante o século XIX, o segundo mais importante do sul do país.
Diante da situação militar, os açorianos espalharam-se pelo litoral, pelas margens do Guaíba, onde deram origem a Porto Alegre. Apesar das dificuldades, os que conseguiram terras introduziram o cultivo do trigo.
Paralelamente, o gado deixava de ser visto apenas como fonte de couro ou enviado vivo, o que implicava demora na condução de tropas, morte e extravio de animais. São as charqueadas, que dominam a atividade econômica do Rio Grande do Sul até o início do século XX. O primeiro estabelecimento com fins comerciais foi fundado em 1780, pelo português anteriormente radicado no Ceará, José Pinto Martins.
A atividade se desenvolveu rapidamente, com base na mão-de-obra escrava.