Sabe quando a sua mãe fala que não dorme enquanto você não chega da balada? É real. É doloroso se preocupar tanto com a pessoa que a gente ama, querer proteger ela a qualquer custo e ao mesmo tempo saber que isso não é totalmente possível. Não com um mundo violento e inseguro combinados com a certeza de que os pássaros devem voar do ninho, hora ou outra. Mas um dia a gente entende essa preocupação, que com 17 a gente acha excessiva, desnecessária e cheia de vergonha alheia.
“Coloca o casaco”, ela diz. A gente só quer estar bonito, com aquela blusa nova, nenhuma peça de roupa a mais faz parte do look. Não importa o resfriado. E também porque lá é calor, não é? A gente vai dançar, beber e beijar na boca se tudo der certo, Amém!
Que fase é aquela em que a nossa bateria não acaba, de domingo a domingo, whisky, pastel de forno no posto, vodka, noites mal dormidas. Nada pode nos parar. Trabalhamos da mesma forma, chegamos em casa, tomamos um banho (nem todos, mas sem nomes) e vamos bater o ponto. A gente come mal, mas é só uma vez. Vou fumar um cigarro, mas é só de vez em quando. Vou beber essa noite, mas não faço isso sempre, então…não tem problema. E nessas, a gente faz só uma vez umas 352 vezes.
Crescemos e aprendemos (sem generalizar) e vamos ficando com dores, uma gastrite ali, um astigmatismo aqui. Mas esse é o mal da humanidade, foi o pecado que os primeiros moradores do Paraíso nos sentenciaram pelo resto dos nossos dias. Ninguém pensou que pudesse ser porque sua mãe dizia que ver TV muito perto “estraga os olhos”. Nem porque você não esperava a hora do almoço e beliscava qualquer porcaria escondido e depois não conseguia comer aquele prato cheio de nutrientes preparado com tanto amor. A gente não pensa que não tem saúde porque simplesmente não se cuida.
Não é mais possível sair na quinta, precisamos focar nos negócios. Não tem mais como ir ao supermercado sem ganhar mais dinheiro e isso só trabalhando mais. Aquelas mini aventuras a gente nunca esquece. Mas falando sério, alguém consegue mesmo viver assim para sempre? Se sim, me liga.
Chega uma fase que precisamos rever a rotina, ir dormir antes da meia noite, ter uma alimentação saudável para ganhar energia. É preciso se exercitar para os músculos não definharem, ter uma agenda, ir ao médico.
Tomamos decisões importantes e o que muda? Percebemos que o resultado das decisões afetará somente a nós mesmos, e isso faz com que sejamos um pouco menos inconsequentes.
Não importa o que cientistas, médicos, pesquisadores, terapeutas façam pela humanidade, essa consciência só evolui através da experiência. Uma das poucas coisas que acredito, particularmente, que nunca vai mudar. A pergunta não é mais ‘quem’, mas ‘quantas’ vezes já dissemos: se eu tivesse ouvido a minha mãe…agora eu entendo ela…O que me consola? Quando reconhecemos isso o quanto antes.