O contrassenso da medida vai muito além do encarecimento dos fretes, já que o óleo diesel é justamente o combustível mais usado pelo varejo e pela indústria no funcionamento de geradores, conforme alerta do presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo. “Com o aumento médio de R$ 0,15 por litro do diesel, o Governo Federal está, portanto, incentivando as empresas a consumirem a energia convencional, justamente em meio à maior crise energética dos últimos 40 anos”, destaca Longo.
O supermercadista entende, ainda, que o Governo perdeu uma oportunidade de aquecer o setor produtivo brasileiro, excluindo o diesel do pacote de aumentos de tributos. “O Governo deveria fomentar a economia, já que o petróleo está custando a metade do que custava devido à preocupação em cobrir escândalos na Petrobras. Este cenário de recuperação já valorizou significativamente as ações da companhia terça-feira, 3 de fevereiro”, lembra Longo. Para ele, o Brasil poderia até reduzir o preço dos combustíveis, incentivando os autoprodutores a gerarem sua energia, em modelo já adotado nos Estados Unidos. “Ao invés disso, os governantes resolveram simplesmente aumentar os impostos, na contramão da necessidade da economia brasileira”, pontua.
O dirigente da Agas alerta, ainda, que o efeito cascata da alta do diesel deverá acarretar em um aumento dos produtos nas gôndolas. “O Brasil não permite o uso de automóveis a diesel justamente para desonerar a produção, mas esta alta vai na contramão do que a economia necessita. O frete representa cerca de 2% do custo dos produtos e, por isso, a sucessão de altas nos combustíveis acaba chegando aos consumidores”, sublinha o supermercadista. “Com este cenário estamos alimentando o dragão, o que justifica a volta da inflação”, finaliza Longo.