No total, foram 88 celulares doados ao Colégio Estadual Dona Isabel
Na manhã de sexta-feira, 20, alunos em situação de vulnerabilidade do Colégio Dona Isabel receberam smartphones do Ministério Público. Os aparelhos foram apreendidos em processos e inquéritos policiais, sendo alguns desses recuperados após terem sido arremessados para o interior da Penitenciária Estadual de Bento Gonçalves.
No total, foram 88 celulares doados à Escola Estadual do bairro Universitário, 87 para alunos e um para uso dos professores, com intuito de facilitar a comunicação entre ambos. Os 12 demais serão entregues posteriormente a estudantes de instituição a ser selecionada.
A promotora Carmem Lucia Garcia conduziu a cerimônia de entrega. “Como as aulas estavam suspensas até pouco tempo e a gente não sabe ainda como vai se processar essa questão do vírus, se nós alteramos a bandeira, voltarmos à vermelha, essas aulas vão ser suspensas novamente. Então a disponibilização dos celulares nesse momento proporciona que as crianças que não têm recursos financeiros suficientes possam acompanhar de casa as atividades curriculares que são propostas pelas escolas por meio das plataformas digitais”, afirma.
Além disso, a saúde das crianças também é uma das questões que motivaram a iniciativa. “Temos que considerar que alguns alunos possam se enquadrar ou têm familiares em grupos de risco e não poderiam se deslocar até a escola, então é muito importante a realização deste projeto neste momento”, explica Carmem.
Acesso ao sistema híbrido de educação
O coordenador da 16ª Coordenadoria Regional de Educação, Alexandre Misturini, afirma que dos 17.600 alunos da rede estadual, cerca de 95% já tinham acessado à plataforma. “Para os que estão em vulnerabilidade social, famílias com baixíssima renda, que às vezes só têm um celular por família, vai facilitar a vida do aluno. É uma inclusão digital extremamente importante”, salienta.
Além disso, Misturini prevê que no próximo ano letivo as aulas vão permanecer como estão. “Até a vacina chegar e imunizar toda a população, vai levar todo 2021. A tendência é que o sistema híbrido continue, metade presencial e metade à distância”, acredita.
A diretora do Colégio Estadual Dona Isabel, Silvania Luiza Chiarello, conseguiu enxergar na pandemia uma dificuldade dos alunos: a falta de inclusão. “Ficou muito claro o quanto algumas pessoas estão à margem da tecnologia. Nós podermos dar celulares a essas crianças é muito importante, até porque vão acessar conhecimento. Projetos assim são necessários e toda ajuda neste momento é muito bem-vinda”, salienta.
Alívio para pais e alunos
O cacique Isaías da Silva afirma que é o primeiro celular que o filho de 12 anos vai ter. “O aparelho vai ajudar ele a estudar, porque somos indígenas, temos um acampamento ali na comunidade e não pega sinal. Agora, eles vão colocar o aplicativo do estado e ele vai conseguir”, ressalta.
Para a aluna Maria (nome fictício), o celular vai ser um facilitador dos estudos. “Estava muito difícil, porque não tinha acesso e precisava vir até a escola para fazer as atividades, só que por causa da falta de celular atrasava muito os trabalhos. Agora vai melhorar muito, vai ser bem melhor, eu agradeço bastante”, finaliza.
Programa Alquimia II
O programa que desenvolveu a ação foi o Alquimia II, desenvolvido pela Promotoria de Osório, com adesão do Ministério Público de Bento Gonçalves. Os promotores responsáveis pela iniciativa são Carmem Lucia Garcia, Vanessa Bom Schmidt Cardoso e Eduardo Só dos Santos Lumertz.
Fotos: Thamires Bispo