As eleições – resultados e seus efeitos
Para os tempos modernos foi um pleito atípico, timidamente no seu desenrolar, mas como antigamente, com vários candidatos e oposição forte. Diogo venceu somando 30,54% dos votos válidos (19.105). Caleffi perdeu por 3.454 votos, somou 15.651 votos. Gabrielli perdeu por 5.595 votos, somou 13.510 votos. Se tivessem coligado, Caleffi e Gabrielli venceriam a eleição. Não foram votar 19.910 eleitores aptos, certamente desmotivados pelo inusitado processo eleitoral em meio a pandemia. O número de votantes atingiu 65.578, porém destes votos foram subtraídos, como nulos e brancos, 7.030 eleitores. Lamentável.
Porque Diogo ganhou
Porque teve o apoio do Prefeito, que é do PP e que tem, no mínimo, 30% do eleitorado de Bento. Por si só Diogo com seu PSDB faria cerca de 6 mil votos. A “máquina pública”, como se comenta que funciona, saiu em defesa de seus empregos e na defesa de seu líder Pasin. Por outro lado, Diogo tem o perfil do bom candidato popular: cordialidade, simpatia, boa apresentação, família exemplar e carregou a seu favor também a experiência de dois mandatos em Santa Tereza. Seu desempenho à testa da Secretaria Municipal de Saúde ajudou, destaque para a luta contra o coronavírus. Pasin apostou em Diogo e se deu bem, bancou para ganhar ou perder. Um outro fator determinante da vitória de Diogo foi seu Vice Amarildo Lucatelli, que é um ícone do PP, vem há muitos anos lutando pelo partido, conseguindo na última legislatura eleger-se Vereador. Requisitado para ser Secretário, desempenhou papel fundamental a favor do Governo Pasin. Tem raízes populares, é do trabalho, tem bom conceito popular.
Porque Caleffi perdeu
Caleffi veio do meio empresarial, de princípios de raiz, tem conduzido sua vida profissional com competência. Sua liderança no setor de transporte ultrapassou fronteiras. Na vida pública, Caleffi foi Secretário de Obras do Prefeito Fortunato Rizzardo por dois anos. Deixou o cargo “porque não havia mais dinheiro para fazer obras”. Caleffi, Presidente de um partido de um homem só, assim como Bolsonaro e tantos outros, foi em busca de coligações. Ensaiou com Pasin, mas não queria tanto o suficiente. Namorou com o MDB, mas Gabrielli não abriu mão da cabeça de chapa. Então “casou” com o PDT e PTB. Aí veio a disputa interna do PDT para ser vice. Caleffi, driblando a crise, exigiu Eliana Lorenzini, uma mulher derivada da elite social de Bento e sem conceito político suficiente. O nome certo seria Juarez Piva, porém entraram na disputa César Gabardo e Ceará Nobre. Primeiro erro. Logo a seguir foi em busca de apoios. Correu nas rodas políticas que Rizzardo havia concordado em fazer campanha para Caleffi. Segundo erro. Durante a campanha Caleffi foi muito infeliz no fazer ilações “entre o rico e o pobre” e o “pedágio no Centro”. Se deu mal, a oposição pegou pesado e o estigma pegou com o povo comentando que “Caleffi ia acabar com o estacionamento no Centro com a instituição do ‘pedágio’”. Tentou reverter, mas não conseguiu. Terceiro erro. A coordenação política de Caleffi foi modesta, custou arrancar e produzir efeitos. Não chegou a tempo, precisaria de mais uns 30 dias, pois Caleffi chegou ao final da campanha em ascendência e favorecido pela onda “tem que mudar”. Não se pode, porém, afirmar que ganharia a eleição.
Porque Gabrielli perdeu
Gabrielli, quando Prefeito, se desgastou muito com divergência pública com o seu “tutor” Darcy Pozza. Amargou uma derrota eleitoral de 15 mil votos para Lunelli. A partir daí foi para o “exílio” político. Voltou à cena política como candidato a Prefeito, não logrou coligações a não ser com o partido de seu Vice Evandro Speranza (PL). Fizeram a campanha vendendo a imagem de “bons moços”, “com experiência em administração pública”. Evandro é o tipo “bonachão”, tem facilidade em se relacionar, transpira vaidade, o pai Antônio foi um grande líder produtor rural e Membro do fã clube de Darcy Pozza. Mas Evandro atua em faixa própria, ajudou muito Gabrielli, respaldado por uma boa coordenação de campanha. De restrita atuação no cenário político e comunitário de Bento, Gabrielli e Evandro foram bem, consideradas as circunstâncias. Correu a onda que iriam “ganhar a eleição”. Eufóricos, devem ter se inspirado nisso para divulgar pesquisa eleitoral que os favorecia, mas cuja publicação foi obtida via judicial. Pirotecnia política.
Porque Camerini perdeu
Havia um “temor” no meio político: “Camerini poderá ganhar a eleição”. Medo instituído, tentaram barrá-lo com cassação, medidas judiciais, essas coisas de política. Nunca afastei a possibilidade dele de ser candidato. Bento não gosta da esquerda, mesmo os esquerdistas. Camerini radicalizou. A par de uma legitima oposição à administração pública, assumiu ares apocalípticos, contra tudo, contra a imprensa, contra os ricos, contra a classe empresarial, assim, semeou medo, sua candidatura não prosperou, qualquer analista político, mesmo de araque, poderia supor isso mas o efeito Lunelli ainda está presente no seio da classe política. Mas Camerini não é Lunelli, é muito menos, no pânico isso importa? Na exposição de seu plano de Governo, Camerini foi muito sucinto, simplesmente não havia plano diante da complexidade de execução numa Municipalidade complexa como a de Bento. Assim, Camerini jogou no “vou fazer, ao contrário das pessoas que dizem que fazem e não fazem”. Não é o suficiente. Se eu fosse o Camerini sairia satisfeito, “cheguei na frente de muita gente boa e qualificada com cara e coragem”.
O futuro das lideranças políticas
Camerini não vai prosperar eleitoralmente, no entanto sua base eleitoral poderá torná-lo, no futuro, um dos candidatos mais votados para Vereador. Este pleito eleitoral revelou que Guilherme Pasin, Paulo Caleffi e Alcindo Gabrielli são os grandes ícones políticos de Bento e Diogo é estreante neste contexto. Pasin deverá, junto com Diogo, ajustar a máquina, tipo “mudar não mudando” pois o povo quer mudanças, ouviu-se muito na campanha política. Pasin deverá ser “assistente” do Prefeito que elegeu, e cuidar de sua vida política, expectativa das lideranças de Bento é que ele seja Secretário do Estado do Governador Leite que ajudou a eleger, com visão da grande necessidade de Bento em termos representação na Assembleia e Câmara Federal, no mínimo. Esse projeto Bento +20 deve ser assim: BENTO +20, MAIS DEPUTADO FEFERAL, MAIS DEPUTADO ESTADUAL. Não podemos deixar por menos, temos lideranças comunitárias e empresariais de excelência, um Município de conceito extraordinário, precisamos nos organizar e “querer mais”. Paulo Caleffi deve estar em profunda reflexão. Fosse ele, eu estaria extremamente orgulhoso e feliz. Poxa, pouco participei da condução da vida comunitária, pouco estive em contato popular, pouco dividi momentos com as lideranças comunitárias, mesmo assim fui ao povo por três vezes, me mostrar, pedir apoio em torno de meu ideal, mesmo sendo insuficiente, quase cheguei! Logo, tenho valor, sou ícone político comunitário. Após reflexão, Caleffi deverá adotar – sensação minha – uma sistemática de continuidade na vida política. Gabrielli vai voltar à advocacia, ficar na espreita de algum cargo público, fortalecer o seu MDB que está enxuto e sem máculas. Sobre seu futuro político, só ele para saber. Neste cenário político é que Bento deverá encaminhar sua prosperidade, tipo “DEUS ACIMA DE TUDO E BENTO ABAIXO DE DEUS”. Pelos nossos filhos e, pelos nossos netos.