Mais um líder disse adeus
Darci Poletto nos deixou, mas não sem ter deixado um legado de exemplo de liderança positiva, cordialidade, estrutura intelectual e realizações ligadas à construção humana. Não muito tempo atrás, na Vinícola Dal Pizzol, o encontrei e coloquei uma “gasolina” nele. Caminhando de um lado para o outro argumentei que Bento precisava muito da liderança dele, de mostrar caminhos, de assistir, de amparar. Me ouviu atentamente, se disse fragilizado, cansado, que já tinha feito muito. Porém, dias depois, me ligou dizendo que soube da existência de vários galões de tinta nos “porões” da Casa das Artes, que estavam estragando, que as aberturas precisavam delas – as tintas -, e que iria se empenhar para renovar as aberturas. E foi feito.
A Maçonaria
Mais adiante, certo dia liguei para ele e disse: “Darci, eu precisava saber da Maçonaria” e ele, prontamente respondeu: “deixa que eu vou aí então eu falo o que tu quiser saber”. E veio, mas trouxe livros, materiais, me fazendo um relato do surgimento da Maçonaria em Bento e sua trajetória até hoje. A constituição, a atuação dos líderes, os objetivos. O surgimento veio também pela ação de Aquiles Mincarone, que foi Prefeito de Bento e cuja casa estava localizada no lugar daquele hoje Edifício do Ivo Lorenzon, em frente ao Hotel Vinocap. No subsolo da casa, eram também realizadas reuniões políticas, audiências do Deputado Federal Paulo Mincarone, filho de Aquiles, que vinha a Bento nos fins de semana, ou de 15 em quinze dias, aos sábados. As audiências eram agendadas pelo Secretário de Paulo, Cláudio Tesshainer. Uma fila enorme se formava a partir da esquina da Barão do Rio Branco, seguindo a Cândido Costa e terminando na esquina da Mal. Deodoro com a Saldanha Marinho. Conseguir uma audiência com Paulo era uma epopeia. Um dia entrei nessa, participava da Comissão de Formatura da Escola de Enologia e o paraninfo eleito era Paulo Mincarone. Entramos na fila às 8 horas, perto do meio dia estávamos chegando lá, tinha apenas três pessoas na frente. De repente, Paulo escapuliu pela porta dos fundos que dava acesso à Saldanha Marinho. Nos olhamos eu, a Gircei Pompermayer e a Regina, filha do Diretor da Escola Amyntas de Assis Lage, e, desolados, exclamamos: “o que fazer agora”? Enviamos o convite pelo correio e veio uma atenção: “me sinto honrado com a escolha de minha pessoa como paraninfo. Grato, desejo sucesso”. Veio o dia da formatura no Cine Marcopolo, completamente lotado, formandos a postos, grande expectativa para o adentramento do Paraninfo “a qualquer momento”. De repente, sobe no placo um mensageiro e entrega um telegrama cujos termos foram lidos pelo protocolo: “lamento profundamente não poder estar presente aos atos da formatura, reitero sentimentos de honradez desejando sucesso na atuação profissional em benefício da vitivinicultura brasileira”. Junto com o telegrama, nada de emprego federal como técnico agrícola, perspectiva da época. Mas, naquela altura do campeonato, até mesmo uma caneta Bic, usada, ponta fina, serviria como consolo, pois era comum os paraninfos presentearem os afilhados.
Voltando, Darci me contou como recolheu dali, da “toca” política dos Mincarone, bens preciosos e a história da Maçonaria em Bento, me mostrou alguns, me mostrou os livros que editou, me falou da sua atuação, da importância da Entidade para Bento, fiquei estupefato. Depois de cerca de quatro horas de um papo agradável, ganhei de Darci um livro e aprendi muito, aliás tenho ouvido Mestres afirmando que “o homem só deixa de aprender quando morre”. Sigo lutando inclusive para aprender a lidar com meu celular e descobrir onde estão os “fakes”. Às vezes me dá vontade de “pisar em cima e quebrar fora tudo”.
Amigo de Juventude
Darci era meu amigo desde a juventude. Nos bailes do Ipiranga ele era presença constante, ao lado da sua bela e delicada namorada Jane, que veio a ser sua esposa e com quem constituiu uma linda família, convivendo com ela, inclusive, em meio à felicidade dos netos. Fico aqui agora olhando o horizonte e visualizando o Kartódromo, ou melhor, “os restos mortais” do Kartódromo do Parque de Eventos. Me contaram ontem que querem reativar o Kartódromo, construindo também uma arquibancada. Loucura! Sou a favor daqueles que pensam que ali deva ser edificada uma Concha acústica, um teatro para apresentação de shows, quem sabe a gente caminhe de encontro à cultura, à Fenavinho, e não em direção a esportes radicais, caros, que se estinguem e só servem para quem tem dinheiro. Ao homenagear Darci, brindo aos homens de bem, aos realizadores, aos constituintes de famílias exemplares e de notória atuação comunitária.
Os Prateiros
PRATEIROS não são os que fazem pratos nem uma estante em que se guardam pratos, como, talvez, pudesse dizer uma NONA vinda do VENETO, Itália. Prateiros são os artesãos que trabalham com a prata, fazem de tudo um pouco. Darci, em parceria com o Prefeito Pasin, levou a efeito o ENCONTRO INTERNACIONAL DE PRATEIROS, assim como fundou uma escola de formação de prateiros em BENTO.
Aos candidatos
Considerando hoje, ponham na ordem que quiseram, os que estão liderando a preferência popular são Diogo Siqueira, Alcindo Gabrielli, Paulo Caleffi e Moacir Camerini. No entanto, como diziam os “sábios” políticos, “de urna eleitoral, barriga de mulher grávida e cabeça de juiz tu nunca sabe o que vai sair”. Estão ali, com suas integridades, com suas personalidades marcantes, com seus ideais, também na disputa: Marcio Possan (PT), tarefa hercúlea de reconstruir a imagem do PT a partir de Lunelli, isento da “vergonheira nacional”; Carlos Pozza (PSC) era PP, afiliado político e familiar de Darcy Pozza, segue agora a trilha de partido ligado à igreja onde é líder; Volnei Tesser (PSL) um “cavaleiro andante” da política, vai em busca de constituir uma história, até agora oculta em cargos políticos que ocupou; Delegado Álvaro Becker, a par do conceito profissional, criou um lastro de relacionamento comunitário em cima do qual cria credenciais para sustentar a candidatura; Volmar Giordani (PRTB) não sei nada sobre Volmar, mas o nome Giordani já o credencia a postular. Pronto, falei um pouco de cada candidato, façam uma boa escolha e não esqueçam de cobrar do Vereador que você vai votar que “muita coisa tem que mudar na representação e atuação dos Vereadores”. Se espera mais do Legislativo, aliás, se espera mais em favor de Bento, de qualquer cidadão.