Apesar de melhora, entidades do setor acreditam que instabilidade e inquietude, quanto à pandemia, devem refletir no consumo
O Dia das Crianças é considerado o terceiro maior indutor para as vendas do comércio, apenas atrás do Natal e Dia das Mães. Depois do resultado alcançado no ano passado, o melhor desde 2013, as expectativas dos empreendedores para este ano permanecem positivas.
Os impactos econômicos em decorrência da Covid-19 estão em ritmo de desaceleração no comércio. Contudo, assim como nos demais setores, o aumento na procura aliado a falta de matéria-prima tem preocupado os empreendedores. É o que comenta o gerente da Papy Toys, Luciano Santos. “A expectativa é positiva, a procura está grande. A única questão é que pedimos para as pessoas anteciparem as compras, tanto para o Dia das Crianças quanto para o Natal, pois estamos com falta de alguns brinquedos, devido à alta procura”, recomenda. Santos aponta uma queda de 30% nas vendas, em relação a 2019.
A perspectiva do sócio da loja Mundo do Presente, Evandro Jauer, é, pelo menos, equiparar a saída de mercadorias com a do ano passado, quando teve um aumento de 3,5% no mês de outubro. “Nossa preocupação é com o acúmulo de pessoas nos últimos dias. Por ver a loja cheia, podem ter receio ou não quererem ‘ficar na fila’ para entrar e consumir”, analisa.
Circunstâncias adversas
Apesar da melhora, o cenário ainda é de apreensão e instabilidade, o que deve refletir na queda das vendas para o Dia das Crianças. “Acredito que esse período, com menos restrições dos protocolos das bandeiras, fez com que as empresas tivessem maior fluxo de consumidores e melhores vendas, porém ainda em patamares distantes do período antes da pandemia”, reconhece o presidente do Sindilojas, Daniel Amadio.
O cliente está mais consciente e criterioso. Isso torna a prestação de
serviço e atendimento diferenciado uma importante estratégia para o comércio. Marcos Carbone, Presidente CDL-BG
Como consequências, o coronavírus continua trazendo índices de queda na renda familiar, devido ao desemprego e isolamento social, fazendo com que o consumidor se adapte à nova realidade. “Somente com a solução quanto à contaminação, além do crescimento econômico das empresas, as rendas podem voltar a ampliar e, consequentemente, o consumo, trazendo de volta os empregos. Porém, ficou uma conta a pagar de tudo isso, seja nos negócios ou nos poderes públicos, e 2021 promete ser um ano de ajustes. Assim, a perspectiva de crescimento fica mais um pouco adiada”, observa Amadio.
Todavia, o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Bento Gonçalves, Marcos Carbone, está otimista. “Com a gradativa e crescente recuperação da economia e retomada, também, da confiança do consumidor, espera-se boa movimentação nos negócios. O segundo semestre está sendo, e esperamos que assim continue, muito melhor para o comércio do que foram os seis primeiros meses do ano”, sublinha.
Ficou uma conta a pagar de tudo isso, sejam nos negócios ou nos poderes públicos, e 2021 promete ser um ano de ajustes. Daniel Amadio, Presidente Sindilojas
De acordo com as entidades, as pesquisas não mostraram números concretos por ser um ano atípico. Embora o presidente Amadio pontue que, em comparação com o ano passado, as vendas caíram 10%, levando em consideração o Dia das Mães e dos Pais, que ficaram bem abaixo.
Para 2020, devido à inconstância, o consumidor deve ser modesto, em busca da combinação entre boa experiência de compra e atratividade de preços, de menor renda e inseguro quanto ao futuro, deixando os gastos essenciais como prioridade. “É fato que o cliente está cada vez mais consciente e criterioso no momento da compra, o que torna a prestação de serviço e atendimento diferenciado uma importante estratégia para o comércio”, menciona Carbone. Aliado a isso, no Rio Grande do Sul o público infantil diminuiu na ordem de 10%, segundo o IBGE de 2009, quando parou de crescer, impactando no presente para a celebração do dia das crianças.
Como forma de atrair os clientes, o setor poderá apresentar ofertas, dentro da proposta do bolso encurtado. “O foco do lojista será num mix de produtos mais baratos, buscando adquirir presentes que se encaixem nos orçamentos no geral. Mas, alguns consumidores, que pouco sofrerão com esse ano e tiveram suas rendas mantidas, apostam em informática como tablets e celulares, pois o público infantil adota essas ferramentas mais precocemente. Porém, os brinquedos e vestuário lideram o ranking nas preferências”, pondera o presidente do Sindilojas.
Fotos: Franciele Zanon