Aluna da Escola Estadual de Ensino Médio Elisa Tramontina, Ana Clara Rossi Lermen ficou entre os melhores na “Categoria 3” que abrange alunos dos oitavos e nonos anos da rede pública e privada de todo o país
Mais que despertar seu interesse pelos planetas e pelas estrelas, o livro de astronomia, presente da professora de ciências do sexto ano, foi, alguns anos depois, companheiro de estudos e um dos aliados de Ana Clara Rossi Lermen para a conquista da medalha de ouro na 22ª Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA). Com 14 anos, a aluna da Escola Estadual de Ensino Médio Elisa Tramontina, concorreu na “Categoria 3” da competição, que engloba alunos dos oitavos e nonos anos da rede pública e privada de todo o Brasil.
Orgulho para os pais e professores, a conquista de Ana Clara também foi reconhecida pela Administração Municipal de Carlos Barbosa, com um certificado entregue em solenidade na sala de reuniões do Gabinete do Prefeito Evandro Zibetti, no dia 8. Apesar da idade, essa, no entanto, não foi a primeira vez que a jovem esteve no local recebendo uma honraria. Em 2014, então no terceiro ano, ela havia se destacado como a melhor aluna de toda a cidade em sua idade, na então primeira edição do Sistema de Avaliação do Desenvolvimento da Educação de Carlos Barbosa (Sideca), programa de avaliação da educação básica realizado pela Secretaria Municipal da Educação — prêmio que também seria conquistado duas vezes por seu irmão, no segundo e no quarto ano.
A mãe de Ana Clara, Dilce Maria Rossi Lermen, comenta que o sucesso da filha é fruto da curiosidade e amor ao conhecimento que a acompanham desde os primeiros anos. Ela conta que o conhecimento da filha é algo que sempre a surpreendeu. “Sou suspeita para falar, mas desde muito pequena, Ana já era aplicada e nos assustava com sua inteligência e memória. Ela ama ler, sempre tira notas boas e gabarita provas”, exalta.
Da curiosidade ao reconhecimento
A dedicação pelos estudos e o gosto pelo conhecimento, assinalados por Dilce, também ganham contornos na fala da própria Ana Clara. Conforme conta, esse foi o segundo ano que ela participou da OBA. A nota abaixo do esperado em 2018 foi apenas mais um impulso para ela se dedicar ainda mais. “Ano passado acertei metade, não fui muito bem. Então fico muito feliz de ter ganhado essa medalha agora. Dei uma lida no meu livro de astronomia, fiz uns simulados da Olimpíada e também acessei o site da minha professora, que escreve sobre o assunto”, pontua.
Aliado ao empenho na leitura, acrescenta que o gosto pelo temática despertado nas aulas de ciência do sexto ano, também foi incentivo para tentar conquistar uma medalha. “Desde que estudamos na escola, segui lendo sobre planetas, galáxias e o universo. É algo que acho muito interessante. Também gosto muito da Nasa, acompanho eles nas redes sociais, para ver, por exemplo, as transmissões ao vivo da lua e da Terra por satélite”, conta.
Com 10 questões, sendo metade de astronomia e metade de astronáutica, a prova da OBA, premia com medalha de ouro os alunos que alcançaram média superior a 9,1. Entre as questões para o nível de Ana Clara estavam, de acordo com o regulamento, tópicos envolvendo a Terra, corpos celestes, conquista do espaço, fenômenos físicos e químicos, força gravitacional e peso, unidades astronômicas, foguetes e ônibus espaciais, entre outros.
Embora o sucesso na prova, a tenha feito compartilhar o sonho de seguir carreira na área, como amostra de sua ampla curiosidade pelos mais diferentes assuntos, Ana Clara também sonha em tentar uma vaga em medicina, e quem sabe, ainda, seguir em paralelo os passos do pai e da avó na gastronomia. Destaca, porém, que é cedo para decidir.
Uma escola de medalhistas
Mestra em ensino de física com ênfase em astronomia, a professora de física e matemática da Escola Estadual de Ensino Médio Elisa Tramontina, Marina Paim Gonçalves, não esconde a felicidade de ver mais uma de suas alunas ganharem reconhecimento na OBA. Conforme relata, Ana Clara foi a segunda representante do educandário a trazer o ouro, enquanto outros nove já ganharam ouro ou prata. “Como professora, sempre nos orgulhamos dos alunos que participam e se dedicam. Mas as premiações são sempre bem vindas, afinal mostram que nossos alunos têm condição de concorrer e conseguir o que quiserem. Ana foi destaque em competição nacional”, assinala.
Segundo conta, as noções sobre astronomia são pinceladas desde o fundamental até o ensino médio, inclusive com oficinas no laboratório com direito a observação do céu noturno. “A escola tem telescópio próprio e acabamos instigando os alunos a participar das observações. Começamos as oficinas com um tema, mas no fim acabamos só respondendo perguntas, pois a astronomia é um tema que instiga muito a curiosidade deles”, pontua.
Já quanto à conquista de Ana Clara, a professora é categórica ao reforçar o empenho e os conhecimentos de sua pupila. “É uma daquelas alunas que independente do que decida fazer da vida sabemos que irá conseguir. Ela é destaque na área de exatas e ciências e sei que a astronomia despertou o interesse dela. Com seu grau de dedicação não tenho dúvida, que se esse for o sonho dela, ela vai chegar lá”, finaliza.
Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica
Em sua 22ª edição, a OBA é uma das olimpíadas escolares mais tradicionais do país. Aberto à participação de escolas públicas ou privadas, urbanas ou rurais, de todo o território nacional, o evento ocorre anualmente, em fase única, dentro de cada escola participante. As provas são então enviadas ao Rio de Janeiro, onde são corrigidas pela comissão organizadora.
Os alunos com as melhores médias são agraciados com medalhas de bronze, prata e ouro, de acordo com sua nota e com sua categoria: a Categoria 1 avalia o conhecimento dos alunos do 1º ao 3º ano; a Categoria 2, os alunos do 4º e do 5º anos; a Categoria 3, os do 6º ao 9º ano; e a Categoria 4 se destina ao ensino médio. Ao todo, mais de 11 milhões de estudantes já participaram da Olimpíada, desde a sua primeira edição. Em 2019, foram mais de 872 mil alunos divididos entre os quatro níveis.