Uma volta ao passado de Bento Gonçalves à bordo de um Chevrolet 1961. É desta forma que se resume o novo passeio turístico de Bento Gonçalves, o “Viva a História”, que teve sua viagem inaugural no sábado, 20 de abril.

Ao longo de aproximadamente três horas, os turistas percorrem os principais monumentos e prédios históricos da cidade. Entre uma parada e outra, a guia reconta alguns dos principais capítulos da história de Bento, passando desde a imigração, a época dos tropeiros, até a evolução industrial e os dias atuais.
Segundo Francieli Cândido de Oliveira, uma das idealizadoras do passeio, a ideia foi oferecer, de modo pioneiro, um city tour pelo centro urbano da cidade, valorizando uma área, até então, pouco explorada. “Nos demos conta que a zona rural, com o Vale dos Vinhedos e o Caminhos de Pedra, era bem explorada, mas ainda não tinha nada sendo feito para apresentar a parte central de nossa cidade”, explica.

O “Viva a história” será oferecido nos sábados de manhã, com partida às 9h, na Estação Férrea. no caminho, são visitados pontos como a Pipa Pórtico, Via del Vino, Museu do Imigrante, Monumento ao Imigrante, entre outros.

 

Chevrolet 1961, o xodó de seu Leonel

No “Viva a história”, a história do desenvolvimento de Bento e da evolução do transporte na cidade se fundem de maneira inevitável. Afinal, embora o objetivo do roteiro seja revistar os marcos do município, o grande diferencial, como não poderia ser diferente, é o Chevrolet 1961, veículo utilizado no city tour.
Produzido entre 1957 e 1964, o modelo 6500 foi o primeiro caminhão fabricado pela GM no país. Dois dos raros exemplares estão intimamente ligados à história de Bento e de Leonel Giordani, 84.

Foi com um modelo assim que Giordani, há 53 anos, em uma época onde não haviam empresas de transporte urbano, percorria as ruas da cidade levando seus primeiros passageiros. “Saia do Hospital Galassi e ia até o Vila Nova, depois ampliei, fui até Barracão. Nos fins de semana, levava o pessoal para o futebol e aos bailes. De noite, como eu era mecânico, arrumava o ônibus e, de dia, dirigia”, lembra.
Com o desenvolvimento da frota o 6500 acabou em desuso e foi revendido. Em 2001, no entanto, Giordani resolveu reencontrar seu xodó. Embora isso nunca tenha acontecido de fato, por meio dos classificados, encontrou um ônibus exatamente igual.

Agora, totalmente reformado, mas cuidadosamente original, o velho 6500 volta a transportar novos passageiros: os turistas do “Viva a história”.

Há 22 anos trabalhando como motorista, cabe hoje a Alessandro de Lima, percorrer os velhos caminhos tão conhecidos por Giordani nos anos 1960. O desafio é encarado com carinho e muito cuidado. “Fui escalado para fazer a viagem inaugural e está sendo incrível. É a primeira vez que estou dirigindo algo tão antigo, é para não esquecer”, comenta.