Entre alguns textos e uns filmes para maiores de 18 anos, fiz uma breve reflexão sobre amor e paixão.
Já entendemos que relacionamentos fracassados devem terminar em prol da felicidade e de uma vida emocional saudável. Mas passamos do ponto com a questão da paciência e não compreendemos muito bem a relação entre cada fase da vida. As vezes acho que nos fadamos a cumprir as experiências com rigor de pessimista e piadas de mau gosto que ultrapassam os tempos.


A paixão para mim é querer estar perto o tempo inteiro, é atravessar rodovias em estado de embriaguez, é sair tarde só para passar uma parte da noite ao lado de um corpo quente. É esquecer dos problemas, é ligar o rádio e cantar aquelas músicas bregas, ver o sol nascendo e perceber que quase não dormiu, mas tudo bem.
Estar apaixonado é querer conquistar o tempo todo, é uma luta que queremos ganhar porque temos medo de perder. É não ter papas na língua em dizer o que está sentindo.

A palavra “paixão” vem do termo grego Pathos, cujo conceito está relacionado a sofrimento, a algo que nos invade, domina nossos pensamentos e nos faz sair do nosso controle. Quando estamos apaixonados não pensamos em mais nada. Mas viver dela é como cair num buraco que nos leva até onde a luz não é vista. Viver de paixão é abdicar dos próprios sonhos e às vezes empacar a vida do outro. Quando não se torna amor, a paixão morre e vira cinzas junto com a gente, Tristão e Isolda que o digam.


O amor…bom, eu estou sendo despretensiosa ao falar…mas o amor é a vida real. O que acontece é que há uma fusão da vida real tão brusca quando o status muda para relacionamento sério que a paixão é vislumbrada somente fora dali. Como um campeonato vencido. Agora o foco está no próximo. É natural do ser humano. E o foco toma conta porque a vida real a dois é rotina, é abdicar, é compreender, é concessão. Existe um necessário a ser alterado para alguém caber ali ou em qualquer outro lugar. E também é paixão! Também é fazer loucuras, é usar da parceria para fazer mais coisas ou coisas melhores. Não precisa mais lutar, a batalha está vencida. Até quando isso se sustenta? Aí depois vem aqueles ‘memes’ de casamento e prisão, namoro e soldado abatido. Pow! Agora são dois soldados, ‘man’!

Para a paixão se transformar em amor, primeiramente, ocorre uma quebra da fantasia criada em relação ao outro, que deixa de ser uma projeção e passa, lentamente, a ser visto como ele é. Neste processo há, naturalmente, uma perda afetiva imaginária, já que o ideal de perfeição primário dá lugar ao que é real. Assim que houver a aceitação desse processo e o surgimento de uma nova forma de identificação, o amor passa a existir.


Muitas, mas muitas vezes, enquanto nos perdemos “relembrando” ou “projetando” paixões, deixamos escapar por entre nossos dedos um grande amor.