Quando começaram a entregar, a preço de bagaço de cana, empresas estatais rentáveis, mas mal administradas por políticos “amigos do rei”, protestei veementemente nas minhas colunas. O cheiro que exalava dessas privatizações era fétido, podre, visivelmente escandaloso. Mas, como os “jênios” políticos que estão sempre a serviço dos “donos do Brasil” encarregaram-se de sucatear as empresas estatais e os governos estaduais deixaram as rodovias ficarem em estado lamentável, foi fácil, muito fácil para a imprensa “vender” a ideia para o povão que “vender” essas empresas seria lucrativo para todos. Então, fhc, brito e companhia, passaram a “estudar” qual a melhor forma de entregar as estatais. Li os editais! Alguns flagrantemente contrários aos interesses da população e praticamente todos atendendo aos “interésses” de políticos e dos “donos do Brasil”.

E a brincadeira começou
Com as “cabeças feitas” da maioria da população pela imprensa amiga e pelos discursos de políticos comprometidos com o “esquema”, a “festa” começou. Setores da imprensa (muitos constrangidos, como a falecida Hebe Camargo, que falou claro, alto e bom som para quem quisesse ouvir que “me mandaram ler isso, eu não concordo, mas tenho que ler”, e leu sobre “as maravilhas” das privatizações) tornaram diárias suas inserções favoráveis à privataria. Bovinamente, sem sequer entender o que estava sendo feito, muitos aplaudiram até dizendo que “dar de graça as empresas estatais seria um bom negócio”. E foi, meeeessmoooo! Só que para os que “compraram” tais empresas. Acompanhei a tudo, lendo, principalmente, as notícias de meios de comunicação do exterior. Minha indignação aumentava a cada privataria. Parecia que estavam brincando.

A privataria tucana
Pois o jornalista Amauri Ribeiro Jr que a tudo conferiu, escreveu muito sobre o assunto, atacando o que estavam fazendo. Foi processado e se valeu da “exceção da verdade” (com a devida vênia dos senhores advogados, peço correção se não é isso mesmo) e buscou nos autos de processos judiciais o que precisava para escrever o livro “A PRIVATARIA TUCANA”. A quem não leu, sugiro que o faça. O livro é fartamente documentado, pelo que as denúncias que ele apresentou contra pessoas ligadas à privataria e os que ameaçaram processá-lo judicialmente, jamais o fizeram. Até gravações de conversas entre ministros surgiram e foram declaradas “ilegais”, sem levar em conta o conteúdo altamente comprometedor delas. Foi um espetáculo dantesco que corroeu o patrimônio do povo brasileiro que, como sempre, foi manipulado, conduzido. Muita gente se encheu de alegria com a privataria, certamente.

E agora, o complemento
Com a derrota do PSDB – que era apoiado incondicionalmente pelo PP, PMDB e outros – para o PT de Lula, o processo de entrega de estatais foi estancado. Não conseguiram, por falta da eleição deles, “doarem” a Petrobrás (que já estava sendo roubada há décadas e a petezada aprendeu rápido como fazer), o Banco do Brasil, os Correios e a Caixa Federal. Pois agora, com a tomada do poder novamente pelos mesmos, o processo deverá seguir. As empresas de telefonia, PRIVATIZADAS, conseguiram entregar o pior serviço pelo mais caro preço do mundo. Receberam apenas as faturas para cobrar do povo, ficando as dívidas – inclusive trabalhistas – para o povão omisso e com a “cabeça feita” pagar. Não demorou muito. Agora estão promovendo a entrega, de GRAÇA, de um patrimônio de mais de cem bilhões a essas empresas. E o povão, de cabeça feita pelos aliados deles, assistirá a tudo bovinamente, mais uma vez e pagará a conta que lhe for apresentada. Simples assim! Mas, por favor, a coluna está à disposição para contraponto, desde que fundamentado.