Dados da Secretaria de Segurança Pública apontam redução da maioria das estatísticas criminais no primeiro trimestre de 2019 quando comparados ao mesmo período do ano passado; furtos e roubos apresentam as maiores diminuições

Se, com 52 homicídios, 2018 ficou marcado negativamente como o ano mais violento da história de Bento Gonçalves, o levantamento de estatísticas criminais do primeiro trimestre de 2019, da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Rio Grande do Sul, mostra que a situação tende a ser diferente neste ano. Além da redução de homicídios, que caíram de 14 para sete, durante os primeiros três meses de 2019 no comparativo com o mesmo período do ano passado, Bento Gonçalves também apresentou redução em crimes como furto, roubo, roubo de veículos, furto de veículos e tráfico.

Os furtos, que tiveram uma queda de 302 para 194, ou seja, 108 casos a menos (35%), e os roubos, que apresentaram uma redução de 105 para 60 casos, portanto, 45 a menos (42%), são os tipos de crime que apresentaram maior retração. Em contrapartida, entre os crimes que registraram aumento, destaca-se o estelionato, que saltou de 60 para 67 (11%). Posse de drogas, abigeato e delitos relacionados a armas e munições tiveram pequenos aumentos. Assim como no ano anterior, não foi registrado nenhum latrocínio na cidade, durante o período analisado.

Segundo o secretário municipal de Segurança, José Paulo Iahnke Marinho, os dados positivos apresentados em 2019 são resultados dos esforços conjuntos iniciados ainda em 2018, justamente para conter a onda de violência de um ano que ele considera ter sido atípico, sobretudo, pela alta taxa de homicídios. “A questão dos homicídios nos fez potencializar a presença policial na rua, indo até Porto Alegre, em duas ocasiões, para solicitar ao secretário de Segurança e ao Comando da Brigada Militar que fosse efetuada uma força-tarefa em Bento. Em um primeiro momento, contamos com o batalhão de choque que realizou patrulhas, prisões, ações de combate ao tráfico, operações em parceria com o Departamento Municipal de Trânsito, Polícia Civil, entre outros. E, no fim do ano, a Força Gaúcha também esteve aqui, trabalhando com nós”, conta.

Se mantermos nesse patamar, vamos fechar o ano com números menores do que o ano passado

Marinho destaca ainda que, para evitar números como os de 2018, no começo deste ano, o Batalhão de Choque voltou a Bento Gonçalves, para trabalhar de modo integrado também com outros municípios da Serra Gaúcha, como Farroupilha e Caxias do Sul. Ademais desse trabalho integrado, o secretário acredita que fatores como a inauguração do novo presídio, com maior capacidade carcerária, a formação de 29 agentes da primeira turma da Guarda Civil e de 28 novos policias da Brigada Militar, devem fazer com que os números positivos do primeiro trimestre se mantenham, ou mesmo continuem a reduzir. “A presença policial na rua inibe a ação de delinquentes. A pessoa que sabe que está sendo vigiada, evita praticar delitos. Na contramão, onde não tem um trabalho preventivo efetivo os crimes tendem a aumentar”, opina.

Drogas seguem como maior problema

Principal motivo por trás da alta taxa de homicídios de 2018, bem como da presença da Força Gaúcha e do Batalhão de Choque em Bento Gonçalves, o tráfico, segundo Marinho, “crime ligado a 95% das mortes na cidade”, segue como a maior preocupação da secretária municipal de Segurança, bem como da Brigada Militar (BM).

Capitão Diego Caetano de Souza

Embora os dados da SSP-RS apontem uma queda de 43 para 21 casos de prisão por tráfico de entorpecentes em Bento Gonçalves (51%), o comandante da 1ª Companhia do 3º BPAT, capitão Diego Caetano de Souza, acredita que os números não são prova de que o problema esteja de fato melhorando. “Não acredito que o tráfico tenha caído. A redução se dá porque as facções já conseguiram se garantir em seus terrenos de atuação. Houve uma disputa de facções por espaço, o que gerou tanta morte. Acho que quem comanda agora está reforçado, e enquanto não há mais conflitos, esses crimes estabilizaram, mas segue sendo o maior problema da cidade”, pontua.

Segundo Souza, a queda nos outros índices também vem atrelada ao combate ao tráfico. “O número de homicídios esta relacionado à disputa por pontos, e os delitos como roubo a veículo e estabelecimentos comerciais, via de regra, são feitos por usuário querendo ter dinheiro para comprar entorpecentes. Tudo se relaciona às drogas”, sublinha.